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segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

VISÕES DA INCONFIDÊNCIA - 4



O TECER DE PENÉLOPE – A VISÃO DE JOÃO PINTO FURTADO - Cont...
Dentro das características colocadas por Furtado1 vamos mostrar as que mais se destacam em alguns inconfidentes. Inácio José de Alvarenga Peixoto, poeta sensível, bacharel ilustrado e homem de hábitos refinados, possuía vários escravos e não deixava de instigar alguns homens com os quais ele negociava, pois, segundo o autor, “sistematicamente empregava várias desculpas na hora de arrolar os pagamentos”. (p. 40)
Francisco Antônio de Oliveira Lopes, estava na contramão dos inconfidentes, pois apesar de possuir grande riqueza, não tinha o perfil erudito, “era semi-analfabeto e não possuía um único livro”. (p.41)
O Tenente-Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade só tinha em mente os próprios interesses pessoais, com expectativa de alcançar status ainda maior na possível nova ordem. 
Inácio Correa Pamplona era chefe de jagunços que combatiam índios e caçavam negros fugitivos cortando pares de orelhas para demonstrar êxito na empreitada.
Joaquim Silvério dos Reis, traidor, que passou para história como referência de corrupção moral e de costumes, conseguiu um prodigioso enriquecimento ao chegar à América Portuguesa, utilizando a denúncia do levante como uma estratégia de obtenção de lucro. (p. 42)
Tomás Antônio Gonzaga tinha ligações diretas com Luís da Cunha Meneses, o fanfarrão Minésio, que tanto criticava, em suas Cartas Chilenas.
Para Tiradentes, Furtado separou um compartimento especial: recebeu queixas do padre Domingos Vital Barbosa Lage, por usar violência, tirania e arbitrariedade contra um clérigo a mando de Luís da Cunha Meneses.
Tinha também como projeto abandonar a carreira militar, (que oferecia baixo soldo) para se tornar empregador de obras e dono de moinhos, que ofereciam expectativas de lucros, mostrando que os inconfidentes, e seus interesses, estavam ligados à sua própria ascensão no plano econômico.
Em outro sub-tópico, intitulado “Diálogo com a Historiografia”, Furtado confronta as proposições de quatro historiadores, de diferentes épocas, com o objetivo de mostrar como a questão relacionada com a Inconfidência Mineira é colocada de maneira insuficiente e superficial, e “como esses textos delimitaram (limitaram) um campo de discussão do qual a maior parte dos historiadores que se seguiram foram tributários”. (p. 49)
Procura mostrar como em diferentes períodos a historiografia se apropriou de questões sobre a Inconfidência Mineira. Analisa o problema da crítica documental e as interpretações presentes em algumas dessas obras historiográficas, tomando como ponto de partida um diálogo crítico. Os teóricos relacionados são: Joaquim Norberto de Souza e Silva (1820-91); Lúcio José dos Santos (1875-1944); Kenneth Maxwell (1941); e Márcio Jardim (1952).
Inicialmente Furtado analisa o processo de obscurecimento em torno dos aspectos importantes da Inconfidência Mineira. 
Com Joaquim Norberto e Lúcio Santos inaugura-se o tema, preservando um tipo de construção narrativa baseado nos procedimentos instituídos do processo judicial: estabelecem os antecedentes (o contexto do crime); a prioridades das idéias (o principal culpado); a conspiração (planos e ações imediatas); a natureza da transformação (a natureza do crime); os agentes (os cúmplices); a traição (a denúncia e o indiciamento); e a repressão (a prisão, o inquérito, e a condenação). 
Para Furtado esses autores se tornaram tributários, e não dão conta da diversidade de interesses e concepções possivelmente presentes no movimento.
Para confrontar esses autores, Furtado levanta a questão acerca do destino dado ao Visconde de Barbacena, governador de Minas Gerais na época do levante. 
Segundo Furtado, Joaquim Norberto defende a hipótese que Barbacena é simplesmente expulso de Minas Gerais. 
Lúcio dos Santos mostra que Barbacena seria morto se oferecesse alguma resistência. Márcio Jardim, baseado em depoimentos de os Autos da devassa Inconfidência Mineira, conclui que provavelmente “a decisão penderia para sua morte”. (p, 51)
Kenneth Maxwell também menciona em seus textos os planos de execução como o fim mais provável.
Furtado coloca que discussões acerca da natureza e o sentido do levante não ocorreram entre os debates historiográficos. 
A denominação de reformistas ou regenerados, revolucionários e liberais, afirma que não é possível decidir essa “natureza-sentido” sem um novo exame da Inconfidência Mineira de 1788-9. Propõe uma leitura “extremamente seletiva, e bem orientada para ação, acerca das transformações que passava o mundo”. (p. 54)
Continua...
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1FURTADO, João P. O manto de Penélope; História, mito e memória da Inconfidência Mineira de 1788-9. (1ª ed.) São Paulo: Cia das Letras, 2002

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