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sexta-feira, 17 de julho de 2015

OS TEMPLOS NO ANTIGO EGITO

A Religião no Egito Antigo estava presente em todos os aspectos da vida das pessoas. De fato, nas crenças egípcias não havia separação entre vida cotidiana e religião pois “...a população encarava os fatos da natureza – como a cheia do Nilo, a seca, ou um ataque de animais, por exemplo – como algo místico.[1]
Os deuses eram os donos da terra, haviam-na governado em passado remoto e cabia a eles a decisão sobre muita coisa que ocorria no dia a dia das pessoas.
Reconstituição do Templo de Ramsés II em Luxor
Contudo, não se pode afirmar uma homogeneidade nessas práticas religiosas e nem sua imutabilidade no passar dos séculos. Se a crença começou politeísta, ao longo dos milênios ela modificou-se e uma divindade passou a figurar sobre as demais, como responsável pela criação de tudo.
De qualquer forma, embora as casas tivessem seus próprios altares, os Templos eram os espaços de interação mais direta entre as divindades e os homens, pois eram as moradas dos deuses, local onde os intermediários diretos, o Faraó e os sacerdotes, faziam os “contatos” com os seres superiores.
Na prática, os Templos eram os locais de poder da casta sacerdotal, um poder que só encontrava paralelo no Faraó, que lhe sobrepujava mas não muito, havendo períodos em que foi maior do que o do soberano.
Os Templos eram, igualmente, espaços de glorificação de seus construtores. Os maiores Faraós do Egito construíram os próprios edifícios, associando sua figura aos deuses. Alguns deles também os ergueram em honra de suas esposas. Essa associação reforçava-lhes a autoridade, transformando-os, a si mesmos, em deuses.
Geralmente os templos seguiam um padrão construtivo que consistia de obeliscos ou estátuas gigantes na entrada, os pilones (grandes paredes e forma de trapézio, ladeando a entrada), um amplo pátio cercado de colunas, possuindo ou não um altar.
Até estes pátios as pessoas comuns podiam entrar e era neles que a estátua da divindade seria exposta nas festividades e onde podiam ser oferecidos sacrifícios. Depois do pátio viria uma sala mais escura, cheia de colunas, chamada de hipostila, que precedia outras salas e o santuário, acessível apenas aos altos iniciados.
Reconstituição de um templo egípcio, com suas estátuas e colorido.
 
Os templos mais importantes podiam, até mesmo, possuir lagos artificiais, eram centros de ensino e várias construções gravitavam em seu redor, como mini cidades dedicadas ao seu funcionamento.
O culto aos deuses era uma atribuição do faraó, mas como este não podia estar presente diariamente em todos os templos, a função era exercida por sacerdotes em nome do rei que, assim, garantia o favor das divindades, mantendo a ordem, a Ma'at.
Procissão do Touro Sagrado de Apis

O culto em si era um cerimonial secreto, do qual apenas poucos e altos sacerdotes iniciados tomavam parte no templo. Ao amanhecer o sacerdote se purificava, “Pegava o incensório, acendia-o e avançava em direção ao santuário, purificando...”. [2]
No recinto mais sagrado, ele, então, quebrava o selo que lacrava o receptáculo da imagem ajoelhando-se e espargindo “...unguentos sobre a estátua, envolve-a com incenso e recita hinos de adoração.[3]
O sacerdote revivia a divindade através da apresentação de um olho de Hórus e uma estátua de Maat. Só então a estátua é retirada do receptáculo para... tomar banho, ser vestida, perfumada e alimentada como uma pessoa comum! A comida era queimada e, então, depois de mais uma purificação, a divindade voltada a seu receptáculo que era novamente lacrado. Fim do culto.
Com algumas variações, este era o início do dia nos templos egípcios e eram essas práticas, para nós tão pitorescas, que mantinham, segundo acreditavam as pessoas da época, as coisas funcionando e em equilíbrio.
Não é de estranhar que, com tal responsabilidade, os templos tenham se tornado centros importantes de poder na sociedade egípcia. Vamos, portanto, conhecer algumas destas maravilhosas construções. Não perca a próxima publicação!

Continua...



[1]     FEIJÓ, Martin Cezar. Antigo Egito – O novo império. O Cotidiano da História. 15ª Edição. São Paulo, SP: Ática. pg. 32
[2]     MONTET, Pierre. O Egito no Tempo de Ramsés. Coleção “A Vida Cotidiana”. Trad. Célia Euvaldo. São Paulo, Cia das Letras-Círculo do Livro, 1989. pg. 289
[3]     Ibidem

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