A ROMA DO GLADIADOR – FICÇÃO E HISTÓRIA - IV
MARCUS AURÉLIUS – GOVERNANTE FILÓSOFO
A nosso ver Marcus Aurelius foi um exemplar
quase perfeito do governante filósofo que Platão idealiza em “A República”!
O
Imperador
No filme "Gladiador" Ridley
Scott apresenta um imperador já bastante envelhecido, parecendo ter bem mais
que os 59 anos de idade que tinha em 180 d.C., talvez para acentuar um ar
filosófico e meditativo, tão bem interpretados pelo falecido Richard Harris.
O filme
retrata um Imperador cansado das batalhas, exausto pela distância de casa,
preocupado com questões existenciais, morais, e com a imagem que projetaria
para a posteridade. Vemos seu auto-reconhecimento como pai ausente e a
reprovação ao comportamento de seu filho Cômodus.
É
histórico que Marcus Aurélius escreveu suas famosas “Meditações” durante os
anos de duração das Guerras Germânicas, e representando estas passagens temos a
cena em que Maximus
vai à sua presença e o encontra escrevendo. Leia a obra de Marcus Aurelius clicando aqui.
Menções
são feitas a Lucius Vero, falecido em 169 d.C. e que foi co-imperador junto com
Aurelius. Pouco se sabe sobre ele, apenas que foi pessoa de pouco brilho, se
comparado ao colega, e falecido vítima de uma peste, durante uma campanha
militar. O filme corretamente o menciona como marido de Lucila, casamento de
conveniência política, e pai do segundo herdeiro na linha de sucessão do trono.
Conheça o Edital de Publicação clicando aqui.
A História sai de cena quando vemos o Imperador combinando, com seu general vitorioso, uma transferência de poder temporária após sua morte, e posterior entrega do governo ao Senado, tornando Roma novamente uma República.
Semelhante
situação só pode ser encarada como uma tentativa dos roteiristas em tornar mais
palatável aos gostos atuais pela democracia, a história de um homem que, apesar
de destacar-se largamente de quase todos os demais imperadores, exerceu o poder
com todos os pressupostos e que usava os títulos de César e Augusto.
Sem
contar que, historicamente, Marcos Aurelius nomeou Cômodus como seu sucessor e
co-imperador ainda em 177 d.C., portanto, 3 anos antes do período retratado no
filme.
A Morte de Marcus Aurélius
Nada
como uma conspiração para compor a base de uma boa aventura. A história também
não está em cena quando o imperador é assassinado pelo próprio filho.
Mas esta
cena serve para mostrar como as sucessões dos imperadores eram momentos
delicados. No filme vemos que Cômodus busca imediatamente o apoio do exército
ao pedir a fidelidade de Maximus, coisa que já havia insinuado na festa da
vitória sobre os germanos.
Ele já
havia conseguido a fidelidade de Quintus, o segundo em comando, então, sem
Maximus, (que a partir de sua recusa deverá ser eliminado por constituir-se
perigoso obstáculo), nomeia Quintus chefe da temida guarda pretoriana, o corpo
de segurança do imperador, sobre cuja força baseará seu poder.
E é, de
fato, historicamente sabido que muitos imperadores deveram suas vidas e
governos à fidelidade da guarda pretoriana, assim como tantos outros foram
traídos e assassinados por ela.
Na
verdade Marcus Aurelius também foi vítima da peste, provavelmente o sarampo, à
época chamado Peste de Antonine, que grassou entre 165 e 180d.C., falecendo na
cidade de Vindobona, atual Viena, Áustria, mencionada no filme por um dos
gladiadores, dentro do Coliseu.
Continua...
Para navegar mais por este blog, clique aqui.
Para ler outros textos na seção "A Semana", clique aqui.
Para ler outros textos na seção "A Semana", clique aqui.
Para ir ao nosso site, clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário