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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

AVE CESAR! – A CONQUISTA DA GÁLIA I

AVE CESAR! – A CONQUISTA DA GÁLIA I

Iniciamos mais uma série de artigos! Nesta sequência vamos tratar da conquista da Gália por Júlio César entre os anos de 58 e 50 a.C. e a base para nossa pesquisa são as obras "Comentarii De Bello Galico" de César e “A Guerra das Gálias 58-50 a.C. - Roma Constrói seu Império”, de autoria de Kate Gilliver, publicada pela Editora Osprey.
A Gália que César invadiu e que envolvia a “Aquitânia, Gália Belga e Gália Lugdunense”, englobava os atuais territórios da França, Bélgica, Luxemburgo e a parte da Alemanha a Oeste do Rio Reno.
Nela, e além, viviam diversos povos os quais os romanos chamavam de bárbaros e que tinham diversos graus de organização social indo desde tribos semi nômades até organizações sociais que poderiam ser chamadas de cidades-estado.
Estes povos viviam em constante conflito entre si, atacando-se e formando alianças de momento quando chegavam as épocas guerreiras, ocasiões nas quais formavam expedições militares para atacar outros povos, saqueando e tomando suas terras, ou mesmo deslocamentos em massa com igual objetivo.
Em muitas situações essas guerras levavam povos inteiros a migrar para outras regiões, quando derrotas tinham a expulsão como resultado. E em várias ocasiões essas migrações acabavam invadindo os limites do Império Romano.
Foi o que se verificou em 58 a.C., quando os helvécios, ráuracos, tulingos, latobrigi e bóios partiram da Helvécia (atual Suiça) em direção à Gália Ocidental, acossados pelo povo suevo e seu rei, Ariovisto. 
Eles sairam de suas terras carregando tudo que foi possível, carroças cheias de cereais, rebanhos e animais de carga, homens, mulheres e crianças, todos sob a organização de Orgetorix e em aliança secreta com Castico, dos sequanos, e Domnorix, irmão do líder dos éduos, aliados de Roma. Gilliver acredita que o plano era que os três tomassem o poder em suas tribos criando uma aliança capaz de afastar os romanos, ou os germanos, ou, ainda, dominar e dividir o restante da Gália.
Mas o plano foi descoberto antes da partida e Orgetorix se suicidou. Apesar disso os helvécios queimaram tudo que não podiam carregar, inclusive cidades e aldeias, e partiram para travessia do Rio Ródano.
Rio Rodano - vista da Pont du Mont Blanc, Genebra, saída do Lago Lemano.


Rio Rodano - vista da Pont de Sous-Terre.


Para Roma essa migração preocupava pois poderia significar desestabilização de toda região com ataques aos seus aliados e alianças com seus adversários gerando sublevações. Embaixadores romanos foram enviados pelo Senado no ano 60 (sempre que citarmos o ano, o leitor deve lembrar-se que trata-se de data antes de Cristo – a.C.) para manter a paz.
Internamente Roma vivia suas disputas de poder e os Cônsules que se sucediam ansiavam por um envolvimento militar na Gália visando a riqueza, glória pessoal e o poder político que as conquistas traziam aos comandantes vitoriosos.
Quando Júlio César, Cônsul no ano 59, tomou conhecimento da mobilização dos helvécios, teve o motivo perfeito para iniciar uma campanha em busca de seus objetivos políticos e militares.
O poder romano era dividido entre três aliados: Crasso, Pompeu e César, pois tinham costurado acordos que lhes garantia apoio majoritário no Senado e entre a plebe, o que lhes assegurava votos nas eleições aos principais cargos públicos da República.

César, Crasso e Pompeu.

Esses acordos garantiram a César a nomeação como governador das Gálias Cisalpina e Transalpina e, quando os aliados éduos pediram ajuda a Roma contra o Rei Ariovisto, a campanha começou.
Os helvécios, agora liderados por Divico, não receberam autorização para atravessar terras romanas, mudaram de rota mas foram atacados mesmo assim.

César e Divico encontram-se às margens do Rio Saône.

César reuniu seis legiões e atacou os invasores no rio Saône, massacrando a retaguarda da marcha. A maioria dos helvécios, porém, conseguiu atravessar. Organizando pontões, César conseguiu atravessar suas tropas e partiu em perseguição aos invasores, buscando o melhor momento para entrar em combate.

Rio Saône.

Localização de Bibracte, Cidade-fortaleza celta, capital do éduos.
Contudo, as provisões das forças romanas ficaram retidas pelos atoleiros das margens do Rio Saône, de modo que as tropas romanas tiveram de abandonar a perseguição e dirigir-se a Bibracte, a cidade-fortaleza celta, capital dos éduos, para se abastecer. Foi quando os helvécios atacaram a retaguarda romana.

Gilliver estima as forças romanas em no máximo 30.000 homens, mais forças auxiliares e cavalaria, enquanto os helvécios, ráuracos, tulingos, latobrigi e bóios teriam perto de 65.000 homens.
O primeiro ataque foi rechaçado pelos romanos e os helvécios retiraram-se. Mas quando os romanos os perseguiram, os outros povos atacaram pela direita, cercando as legiões. Quando César ordenou que a retaguarda desse meia-volta para combater, as legiões travaram duas frentes de batalha e venceram.
Os bóios e os tulingos foram massacrados, inclusive mulheres e crianças. Os helvécios foram obrigados a voltar para a Helvécia e reconstruir suas cidades, evitando assim uma ocupação germana da área.
Chegara a vez de cuidar de Ariovisto. 

César encontra Ariovisto.

Sob alegação de que os germanos andavam invadindo terras dos éduos, César marchou para a cidade estratégica de Vesontio (atual Bezançon).

Vista de Vesontio, atual Bezançon. Na parte superior a antiga cidadela fortificada.

Nas imagens acima e abaixo, vistas estratégicas a partir da fortaleza de Bezançon.

Como as forças de Ariovisto eram muito superiores, houve pânico entre as tropas romanas e até mesmo entre muitos oficiais. Em uma reunião tensa com seus oficiais, da qual até mesmo os centuriões participaram, César impôs a disciplina e afirmou, segundo escreveu em Comentarii de Bello Galico, que “...se ninguém o quisesse seguir, havia, nada obstante, marchar só com a décima legião, e essa lhe serviria de coorte pretoriana."
Ordem restaurada Ariovisto foi enfrentado e derrotado, o que obrigou os germanos a recuarem de volta ao Rio Reno com cerca de 80.000 baixas.


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Mulheres e crianças germanas escravizadas pelos romanos.

Em um ano César impusera pesadas derrotas a dois dos maiores rivais de roma, os gauleses e os germanos. Com a chegada do inverno as tropas romanas foram acampadas em Vesontio e César retornou para Itália. Logo chegaria o momento de voltar-se para o Leste da Gália.

Continua...

Imagens:

Julius Caesar gestures to Ariovistus and his followers, all are on horseback. 1808 Lithograph
http://www.britishmuseum.org/research/collection_online/collection_object_details/collection_image_gallery.aspx?assetId=768007&objectId=3183145&partId=1

German Women Captured by Caesar's Forces
http://www.heritage-history.com/www/heritage.php?Dir=wars&FileName=wars_gallic.php

Caesar Landing in Britain.
http://www.heritage-history.com/www/heritage.php?Dir=wars&FileName=wars_gallic.php

The Campaign against Ariovistus
The Battle with Ariovistus
http://www.forumromanum.org/literature/caesar/maps.html


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