http://cearamirimvale.blogspot.com.br/2014_05_11_archive.html |
NOVA SÉRIE DO REINO
DE CLIO!
Nos últimos tempos o
Reino de Clio vem, com suas séries, tentando sempre manter um foco na prestação
de homenagens a mulheres que tiveram participação importante na História do
Brasil.
E são muitas as
mulheres que, em meio a um ambiente sempre machista, conseguiram a duras penas
gravar seus nomes no eterno processo de construção da nossa sociedade.
Essa quantidade
impossibilita que todas sejam homenageadas, de modo que vamos nos focando
naquelas que atingiram maior notoriedade.
Hoje iniciamos uma
nova mini-série, desta feita dedicada à Princesa Isabel. O texto é uma mescla
entre pesquisa feita para um seminário da UFS, realizado junto com os amigos
Carla Oliveira, Rafael Rocha e Gérson Alves e novo material.
Especificamente
falando, utilizamos material produzido pela Profª. Carla Oliveira no qual
introduzimos mais conteúdo, o que resultou na obra que segue, portanto uma
co-autoria.
Como sempre, nosso
intento é contar uma boa História e esperamos que seja tão bom ler, quanto foi
pesquisar e escrever.
Todas as informações
desta série são oriundas da obra” Princesa Isabel do Brasil: Gênero e Poder no
século XIX”[1] de Roderick J. Barman, a não ser
quando expressamente informado.
Vamos, pois, à
Princesa Isabel, porque o Ministério do Reino de Clio é cheio de mulheres!
D. Isabel foi a
terceira mulher a ocupar uma posição que poderíamos qualificar como chefe de
estado do Brasil, única delas brasileira (a primeira foi a rainha portuguesa
Maria I, a segunda a austríaca D. Leopoldina) e foi também nossa primeira
senadora.
Com a morte
prematura dos dois irmãos, ela tornou-se, aos 04 anos de idade, a primeira na
linha de sucessão do trono, prestando juramento aos 14 anos de idade, de acordo
com a Constituição.
Roderick J. Barman
revela que os historiadores não se ocupam muito da figura de D. Isabel. Quando
geralmente o fazem é por dois motivos: por sancionar a Lei do Ventre Livre em
1871, e por assegurar o fim da escravidão, sancionando a Lei Áurea de 1888.
Porém, a princesa
Isabel foi a herdeira do trono do Brasil durante quase quarenta anos, de 1851 a 1889, e nesse período
a participação dela não foi tão limitada como se está acostumado a crer. É
sobre a vida dela que o autor irá escrever.
Fazendo uma análise
do contexto histórico em que viveu D. Isabel, o autor coloca que ainda no
século XIX, assim como nos anteriores, as mulheres eram educadas para exercerem
as típicas funções de filhas, esposas e mães, mas nenhuma delas em diferentes
países eram preparadas para a função de governante do Estado. Logo, com a
Princesa Isabel não foi diferente.
À mulher era negado
o direito de formação política. E para dar um exemplo, Barman menciona as
únicas mulheres que são citadas na História do Brasil: Imperatriz Leopoldina,
Maria Quitéria e Joana Angélica.
A política, frequentemente definida em termos de poder,
ou seja, de “quem tem o que, quando e como”, ocupava-se do acesso e do controle
dos recursos materiais e humanos. Era vista como parte da esfera pública, na
qual as mulheres não tinham lugar. (p. 20)
CONTINUA
PRINCESA ISABEL DO BRASIL – Parte II
A Princesa Isabel nasceu em 29 de julho
de 1846, segunda filha do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz Teresa
Cristina.
Ao nascer, o bebê foi levado pelo pai a
um grupo de homens do governo reunidos para atestar as declarações de
nascimento da criança, que, sendo menina, mostrou ser uma grande frustração
para todos os presentes.
http://www.conexaojornalismo.com.br/video/o-maior-casamento-brasileiro-da-historia,-por-elcio-braga-video-84-41117 |
No que se refere a educação das princesas, é sabido que em
maio de 1854 iniciaram seus estudos com um preceptor republicano convicto,
Francisco Crispiniano Valderato, que as tratava de doninhas[1] no lugar de
Altezas, como mandava o protocolo.
D. Isabel tinha, em sua personalidade, a tendência a ver a
vida de forma alegre, como também faltava-lhe introspecção.
Por tradição da Coroa Portuguesa,
ao completar 7 anos, o herdeiro do trono era entregue aos cuidados de um
aio[2], que ficava responsável por sua criação e educação.
[1] O nome
Doninha pode-se referir a vários pequenos mamíferos carnívoros das famílias dos
mustelídeos e dos mefitídeos.
Disp.: https://pt.wikipedia.org/wiki/Doninha
[2] A
palavra "aio" vem de uma palavra grega que quer dizer, literalmente,
"uma pessoa que conduz uma criança".
Disp.: http://www.dicionarioinformal.com.br/aio/
http://escola.britannica.com.br/assembly/191459/Retrato-de-dom-Pedro-II-dona-Teresa-Cristina-e-as |
D. Pedro II era extremamente zeloso e
rigoroso quando o assunto era a educação de suas filhas. Sendo um homem culto,
amante das ciências e das artes, preparou ele mesmo um programa para
desenvolver o conhecimento das meninas.
Porém é necessário dizer que o Imperador
não incluiu no programa nenhum tipo de educação que preparasse D. Isabel para o
papel de futura governante do país, como foi visto anteriormente. É possível
pensar que ele esperasse vir a ter um filho homem para quem pudesse deixar o
trono.
PRINCESA ISABEL DO
BRASIL – Parte III
A Isabel foi negada
toda espécie de conhecimento político, como era típico da sociedade da época. É
preciso dizer também que a princesa era um tanto descuidada com a educação
formal, ela não tinha muito interesse, sendo muito resistente no tocante a essa
questão.
Era muito comum aos
homens do século XIX, acreditar que as mulheres eram altamente incapazes de
administrar sozinhas suas próprias vidas. Essas mudanças
fisiológicas geralmente eram acompanhadas por alguns transtornos psicológicos,
como depressões e agressividades.
Para a sociedade da
época era o casamento que dignificava a mulher.
Os casamentos eram acordos, transação de
bens arranjadas pelos pais. Não cabiam às filhas escolherem seus cônjuges,
precisavam apenas aceitar de bom grado e com muita resignação o que lhes era
imposto:
No século XIX, o
casamento era o destino da maioria das mulheres ocidentais nascidas nas classes
média e alta. A missão de vida da mulher consistia em prestar apoio, conforto e
lealdade ao marido e em gerar e criar seus filhos. (p. 78)
Com a Princesa
Isabel não foi diferente. Coube ao
Imperador a escolha do genro. E ele procurou um jovem influente de família
real. Não poderia aceitar menos que isso para casar suas filhas.
Foram
indicados para desposarem as princesas os senhores August de Saxe-Coburg e o
Conde d’Eu. Os trâmites dos casamentos foram tão burocráticos quanto à época se
exigiam e as princesas não tomaram conhecimento dessas negociações.
O BEM COMPORTADO NAMORO!
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Alberto_Henschel_-_A_Familia_Imperial.jpg
|
É
notória a paixão da princesa Isabel por seu pretendido, porém é notório também
que ele não sentiu a mesma empolgação e não compartilhou os mesmos sentimentos.
Poder-se-ia dizer que ele se casou por conta do interesse próprio.
Provavelmente
ignorando isso, a princesa ficou feliz e ansiosa pela nova vida que a esperava:
a de esposa e, conseqüentemente, a de mãe. O matrimônio foi celebrado no dia 15
de outubro de 1864.
Nada na educação da princesa lhe
ensinara a igualar o matrimônio ao amor romântico. [...] Pode ser que o casal
tenha se apaixonado durante a lua-de-mel em Petrópolis, mas nem por isso D.
Isabel escapou ao seu papel de obediente subordinação. (p. 95 – 96)
PRINCESA ISABEL DO
BRASIL – Parte IV
No início foi difícil para Isabel conciliar o papel de
esposa e filha. Foi somente após o casamento de sua irmã Leopoldina que ela
finalmente conciliou os dois papéis.
Todo o universo da princesa mudou drasticamente,
incluindo aí o seu relacionamento com o pai. Foi, segundo Barman, apenas depois
do casamento de D. Isabel que D. Pedro II procurou iniciar a filha no mundo do
conhecimento masculino, ou seja, na esfera política.
Isabel passou por um novo dilema pessoal, à medida em que
se intensificou o conflito entre Uruguai, Brasil e Paraguai.
Para o autor, esse fato despertou o interesse da Princesa
por assuntos públicos, principalmente porque ela foi afetada com a partida do
Imperador para o campo de batalha.
http://circulomonarquicodebrasilia.zip.net/arch2004-07-25_2004-07-31.html |
A Princesa e o esposo Gastão d’Orleans empreenderam uma
longa viagem à Europa, com o objetivo de fazerem visitas familiares e
participarem de eventos sociais.
Pouco antes de retornarem ao Brasil, os conflitos gerados
na fronteira sul do país tomaram proporções de uma grande guerra. Por tais
motivos, a presença dos genros junto às forças armadas tornou-se necessária.
Quando o Conde d'Eu retornou do Sul, o casal se instalou
no Paço Isabel, sua nova residência, e lá permaneceram por 24 anos.
[1] BARMAN,
Roderick J. Princesa Isabel do Brasil: Gênero e Poder no século XIX.
Tradução de Luis Antônio Oliveira Araújo. São Paulo: UNESP, 2005.
|
PRINCESA ISABEL DO
BRASIL – Parte V
A primeira vez que D. Isabel assumiu a regência foi em
1871, mesmo ano da morte de sua irmã Leopoldina, vítima de tifo.
Por conta da morte da filha, o casal imperial viajou à Europa
e D. Isabel assumiu o trono, contando, à época, com 24 anos. Neste seu período
de regência foi assinada a Lei do Ventre Livre.
A Lei do Ventre Livre
http://www.historia.uff.br/curias/modules/tinyd0/index.php?id=14
|
Somente em 15/10/1875 nasceu o primeiro filho da
herdeira, o príncipe D. Pedro de Alcântara. O segundo, D. Luis, nasceu em
26/01/1878, ano em que o casal passou a residir na França. O retorno se deu em
1881, quando em 09/08 nasceu o terceiro e último filho, D. Antônio Gastão.
http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/81/artigo343770-1.asp |
A Princesa Isabel também protegia fugitivos em Petrópolis. Temos
sobre isso o testemunho insuspeito do grande abolicionista André Rebouças, que
tudo registrava em sua caderneta implacável. Só assim podemos saber hoje, com
dados precisos, que no dia 4 de maio de 1888, “almoçaram no Palácio Imperial 14
africanos fugidos das Fazendas circunvizinhas de Petrópolis”. [1]
PRINCESA ISABEL DO
BRASIL – Parte VI
O terceiro período regencial de D. Isabel iniciou-se com
mais uma viagem do Imperador à Europa em 30/06/1887.
Colhida em meio a acirradas disputas entre abolicionistas
e escravocratas, a princesa conseguiu pretexto para demitir o ministério e o
chefe de governo conservador, Barão de Cotegipe, nomeando em seu lugar o
liberal João Alfredo.
Barão de Cotegipe e João Alfredo |
Os ventos sopravam definitivamente na direção da
libertação dos escravos e, já na abertura da 3ª sessão da 20ª Legislatura da
Assembléia Geral, a Princesa Regente declarara que:
A extinção do elemento servil, pelo influxo do sentimento nacional e das
liberalidades particulares, em honra do Brasil, adiantou-se pacificamente de
tal modo que é hoje aspiração aclamada por todas as classes […]. confio que não
hesitareis em apagar do direito pátrio a única exceção que nele figura em
antagonismo com o espírito cristão e liberal das nossas instituições. [1]
A Batalha da Abolição estava começando!
PRINCESA ISABEL DO
BRASIL – Parte VIII
O dia 13 de Maio de 1888 foi o Domingo no qual terminaram
as votações sobre o projeto da abolição, mas ele percorrera os trâmites
parlamentares da época, embora em tempo recorde.
O projeto de lei foi enviado pela Princesa Regente à
Câmara Geral em 08/05/1888, trazido pelo Senador Rodrigo Augusto da Silva, do
Partido Conservador, então membro do Conselho de Ministros, acumulando os
cargos da Agricultura e Relações Exteriores.[1]
Câmara dos Deputados Gerais - Rio de Janeiro |
A apresentação do projeto foi feita pelo Ministro Rodrigo
Augusto assim:
Venho, de ordem de Sua Alteza Imperial, Regente em nome de sua Majestade
o Imperador, apresentar-vos a seguinte proposta: Art. 1.º É declarada extincta
a escravidão no Brazil. Art. 2.º: Revogam-se as disposições em contrário. Palácio
do Rio de Janeiro, 8 de Maio de 1888. [1]
Após debates acalorados, principalmente entre Rodrigo
Augusto e o deputado geral Andrade Figueira, a Lei Áurea passou por duas
votações conforme o regimento.
[1] SENADO FEDERAL. 1823-1888
– A Abolição no Parlamento, 65 anos de lutas – V-II. 2ª Edição. Brasília,
2012. pg. 468
Na primeira votação, no dia 09/05, o projeto foi aprovado
por 83 x 9, uma vitória esmagadora.[1] Na
segunda votação, em 10/05 foi aprovada por aclamação seguindo, então, para o
Senado Imperial.
Senado do Império |
Em 11/05 o projeto chegou ao Senado onde também passou
por debates e duas votações. Na primeira, em 12/05 foi aprovado por todos os
senadores, à exceção do Barão de Cotegipe[1], cujas
palavras no dia anterior, durante as discussões, hoje nos soam como profecia:
As grandes manifestações de entusiasmo, em todos os tempos, nunca foram
permanentes, ou muito duradouras; e os homens práticos sabem, as lições da
história demonstram, que muitas vezes o triunfador de hoje é a vítima de
amanhã. [2]
A despeito dessa colocação agourenta, dois dias depois,
13 de maio de 1888, um dia que deve ser lembrado e celebrado enquanto existir o
Brasil, a Lei Áurea foi definitivamente aprovada em segunda votação, seguindo
para a sanção da Princesa Regente. Começava a ser apagada, naquele momento, a
maior mancha de nossa História.
Saindo de Petrópolis D. Isabel alojou-se no Paço Imperial
para assinar a lei, com uma pena de ouro especialmente confeccionada para a
ocasião e, em presença de uma multidão estimada em 10 mil pessoas, assinou a
Lei Áurea e decretou, indiretamente, o fim do Império.
Pena com a qual foi assinada a Lei Áurea |
À assinatura da lei se seguiu uma apoteose coletiva que
elevou o país a um estado de celebração com poucos precedentes.
Mas, o Barão de
Cotegipe, sempre ele, no momento de cumprimentar D. Isabel pela aprovação da
lei, teria proferido saudação lúgubre: "A senhora acabou de redimir uma
raça e perder o trono!"[1]
"A senhora acabou de redimir uma raça e perder o
trono!"[1]
Esta frase lúgubre do Barão de Cotegipe infelizmente se
provou quase profética, pois a maioria esmagadora dos fazendeiros escravocratas
passou a apoiar a causa republicana.
Com a perda de sua base de apoio, o governo de D. Pedro
II resistiu apenas pouco mais de um ano até o golpe que o destituiu, expulsou a
família imperial do país e instaurou a nova forma de governo.
Exilada, Isabel terminou seus dias na Normandia, jamais
tendo retornado ao Brasil com vida. O banimento da família imperial foi
revogado em 1920 pelo Presidente Epitácio Pessoa, motivado por um processo
iniciado por advogados e jornalistas de Santos.
Cripta da Família Imperial - Petrópolis/RJ - no centro D. Pedro II e Tereza Christina - à esquerda D. Isabel |
Contudo, os restos mortais de D. Isabel só retornaram ao
país em 6 de julho de 1953, para serem sepultados no Mausoléu Imperial da
Catedral de Petrópolis.
PRINCESA
ISABEL DO BRASIL – Parte X
São
injustas as críticas contra a Princesa Isabel que afirmam que ela foi levada de
roldão pelos fatos já estabelecidos e só assinou a Lei Áurea quando já havia
poucos escravos. Em 1887 ainda havia mais de 700 mil deles no país.
Para
nós, do Reino de Clio, poderia ser apenas um único escravo, e o gesto da
assinatura seria digno de louvor. Mas também a criticam por não ter promovido a
inserção dos negros na sociedade.
Como foi
exposto anteriormente, a Princesa tinha um longo histórico abolicionista
chegando a atuar pessoalmente pela causa, abrigando escravos fugitivos.
Seu avô,
D. Pedro I, já tentara encontrar uma forma de abolir a escravidão e sua
concepção a respeito da diferença entre seres humanos é digna dos melhores
humanistas:
...aflijo-me
de ver os meus semelhantes dando, a um homem, tributos próprios à Divindade. Eu
sei que o meu sangue é da mesma cor que o dos negros. [1]
[1] REZZUTTI, Paulo. D. Pedro : a história não contada : o homem por cartas e documentos inéditos. Rio de Janeiro : Leya, 2015.
A avó
paterna de Isabel, a Imperatriz Leopoldina, também se espantara com o
tratamento dado aos escravos quando “...constatara [...] que eram concebidos
perante aquela sociedade não como pessoas, mas como coisas.”[1]
Essa
ojeriza do primeiro casal imperial à escravidão se refletiu no filho, herdeiro
do trono e pai de Isabel, D. Pedro II[2].
Ele já abordava a questão com preocupação em 1864[3],
embora agisse com extrema cautela[4] e
incentivava a libertação de escravos[5],
agindo, por vezes, pessoalmente.
Em
viagem ao Nordeste, em 16/10/1859 na Cidade de Propriá – Sergipe, D. Pedro II
doou 50 mil réis para ajudar a comprar a alforria de uma escrava.[6]
Assim, é
injusto dizer que a Princesa Isabel estava ali por acaso, assinando a Lei
Áurea. Assim como é injusto falar de abandono dos libertos à própria sorte.
No
próximo e último capítulo desta série vamos provar como os detratores da
Princesa são injustos.
CONTINUA
[1] NETO, Renato Drummond T. D. Leopoldina, a mãe do Império brasileiro – Parte II. Disp.:
https://rainhastragicas.com/2012/10/22/d-leopoldina-a-mae-do-imperio-brasileiro-parte-ii/
[2] http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=175#_ftn14
[3] SALLES, R. E o vale era escravo. Vassouras, século XIX. Senhores e escravos no coração do Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 89.
[4] HOLANDA, S. B. Capítulos de História do Império.São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2010. p. 142.
[5] CARVALHO, J. M. A construção da ordem:a elite política imperial. Teatro de sombras:a política imperial. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 319
[6] SANTOS, Luiz Álvares. Viagem Imperial à Província de Sergipe, Salvador: Tipografia do Diário, 1860.
[1] SILVA, Eduardo - As camélias do leblon e a Abolição da Escravatura
PRINCESA ISABEL DO
BRASIL – Final
Carta recém-descoberta, e já autenticada, da Princesa
Isabel para o Barão de Mauá, atesta que havia, no âmbito da família imperial, a
disposição de indenizar os escravos pelos anos de escravidão e assentá-los em
terras nas quais poderiam viver e produzir para si mesmos.
Trechos da carta da Princesa são bem reveladores, inclusive da participação ativa de seu pai no processo, na amizade da princesa com os mais notórios abolicionistas e pistas do motivo pelo qual, após o golpe de 1889, os negros foram abandonados pelos republicanos:
Trechos da carta da Princesa são bem reveladores, inclusive da participação ativa de seu pai no processo, na amizade da princesa com os mais notórios abolicionistas e pistas do motivo pelo qual, após o golpe de 1889, os negros foram abandonados pelos republicanos:
Fui informada por papai que me collocou a par da intenção e do envio dos
fundos de seo Banco em forma de doação como indenização aos ex-escravos
libertos em 13 de maio do anno passado, e o sigilo que o Snr. pidio ao
prezidente do gabinete para não provocar maior reacção violenta dos
escravocratas. [1]
http://www.culturanegra.com.br/#!o-lado-rebelde-da-princesa-isabel/c1f8o
A Princesa, o Barão e o Imperador |
Deos nos proteja si os escravocratas e militares saibam deste nosso
negócio pois seria o fim do actual governo e mesmo do Império e da caza de
Bragança no Brazil. [2]
Nosso amigo Nabuco, além dos snres. Rebouças, Patrocínio e Dantas,
poderam dar auxílio a partir do dia 20 de Novembro quando as Camaras se
reunirem para a posse da nova Legislatura. [...] Com o apoio dos novos deputados
e os amigos fiéis de papai no Senado será possível realizar as mudanças que
sonho para o Brazil![3]
Com os fundos doados teremos oportunidade de collocar estes ex-escravos,
agora livres, em terras suas próprias trabalhando na agricultura e na pecuária
e dellas tirando seos próprios proventos. [4]
Assim, a descoberta de tal carta, que tem a condição de
acrescentar fatores importantíssimos ao processo da abolição, que se pensava já
esgotado, também revela uma princesa ativa junto com alguns dos principais
abolicionistas, planejando um futuro bem diferente daquilo que veio a ser a
realidade pós golpe de 1889.
A carta também permite perceber quem teriam sido os
verdadeiros culpados pela marginalização dos negros na sociedade brasileira: o
novo governo republicano estava cheio de escravocratas...
Permite
ainda verificar, com muito orgulho, que eles sabiam dos riscos para
continuidade do Império, mas prosseguiram mesmo assim.
Portanto,
para aqueles que, todo dia 13 de Maio, ficam postando memes negando à
Princesa Isabel a maternidade da Abolição, shame on you!
E nossos aplausos e gratidão à Princesa
Imperial Regente D. Isabel, a Redentora – o Reino de Clio a saúda!
FIM
1BARMAN,
Roderick J. Princesa Isabel do Brasil: Gênero e Poder no século
XIX. Tradução de Luis Antônio Oliveira Araújo. São Paulo:
UNESP, 2005.
2O
nome Doninha pode-se referir a vários pequenos mamíferos
carnívoros das famílias dos mustelídeos e dos mefitídeos.
Disp.:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doninha
3A
palavra "aio" vem de uma palavra grega que quer dizer,
literalmente, "uma pessoa que conduz uma criança".
Disp.:
http://www.dicionarioinformal.com.br/aio/
4SILVA,
Eduardo - As camélias
do leblon e a Abolição da Escravatura
5SENADO
FEDERAL. 1823-1888 –
A Abolição no Parlamento, 65 anos de lutas – V-II. 2ª
Edição. Brasília, 2012. pg. 457
6https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodrigo_Augusto_da_Silva
7SENADO
FEDERAL. 1823-1888 –
A Abolição no Parlamento, 65 anos de lutas – V-II. 2ª
Edição. Brasília, 2012. pg. 468
8https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea
9https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea
10SENADO
FEDERAL. 1823-1888 –
A Abolição no Parlamento, 65 anos de lutas – V-II. 2ª
Edição. Brasília, 2012. pg. 468
11https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Maur%C3%ADcio_Wanderley
12REZZUTTI,
Paulo. D.
Pedro : a história não contada : o homem por cartas e documentos
inéditos. Rio
de Janeiro : Leya, 2015.
13NETO,
Renato Drummond T. D. Leopoldina, a mãe do Império brasileiro –
Parte II. Disp.:
https://rainhastragicas.com/2012/10/22/d-leopoldina-a-mae-do-imperio-brasileiro-parte-ii/
14http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=175#_ftn14
15SALLES,
R. E
o vale era escravo. Vassouras, século XIX. Senhores e escravos no
coração do Império.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 89.
16HOLANDA,
S. B. Capítulos
de História do Império.São
Paulo, SP: Companhia das Letras, 2010. p. 142.
17CARVALHO,
J. M. A
construção da ordem:a elite política imperial. Teatro de
sombras:a política imperial.
3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 319
18SANTOS,
Luiz Álvares. Viagem
Imperial à Província de Sergipe,
Salvador: Tipografia do Diário, 1860.
19O
LADO REBELDE DA PRINCESA ISABEL. Site
Cultura Negra. Acesso em 17/05/2016 Disp:
http://www.culturanegra.com.br/#!o-lado-rebelde-da-princesa-isabel/c1f8o
20Ibid
21Ibid
22Ibid
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