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quarta-feira, 20 de março de 2019

CHURCHILL - Parte 5



CHURCHILL – Parte V [1] [2]
De volta a Inglaterra, Churchill lançou-se candidato em Oldham pelo Partido Conservador. Neste período foi recebido por altas autoridades e discursou em várias cidades, tudo graças à fama adquirida na África do Sul. Suas experiências militares o faziam defender, já naquela época, uma reforma do exército, pois identificava uma fraqueza britânica perante as demais nações europeias que estavam se armando. (pg. 150)
A eleição ocorreu em 01/10 e, surpreendentemente, Churchill foi eleito ficando em segundo lugar. Seu adversário liberal foi o mais votado com 12.947 votos enquanto Winston recebeu 12.931 votos. Apesar desta vitória apertada ele tornara-se muito requisitado por colegas de partido para discursar em outros distritos:
De repente, tornei-me um dos dois ou três oradores mais populares nessas eleições”, disse ele a Cockran , “e estou agora numa luta que você conhece: grandes audiências (5 mil ou 6 mil pessoas), duas ou até três vezes por dia, bandas, multidões e entusiasmo de toda a espécie. (<pg. 152)
E logo esses discursos se tornaram uma lucrativa turnê de conferências que rodou toda Grã Bretanha (sempre com casa cheia), os EUA e o Canadá, embora nestes países com bem menos público. (pg. 153-155)
Em 14/02/1901, poucos dias após a morte da Rainha Vitória, Churchill iniciou seu mandato na Câmara dos Comuns e em 28/02 fez seu primeiro discurso que foi bastante concorrido para um estreante: “O jornal Daily Express o considerou “arrebatador”. O Daily Telegraph escreveu que “perfeitamente à vontade, com gestos vivos que pontuavam suas cintilantes frases, rapidamente captou o tom e os ouvidos de uma Câmara completamente cheia”. (pg. 156)
Não há qualquer dúvida de nossa parte que, apesar de seus meros 26 anos, Churchill já era a grande sensação  da política inglesa e suas posições independentes irritavam os membros do próprio partido, o Conservador, enquanto deliciava os Liberais.
Um exemplo disso é que Winston foi contra a proposta conservadora de aumento de gastos com o exército, afirmando que tal gasto não faria com que aquela força ficasse a altura dos demais exércitos europeus.
Para ele, a reforma deveria ser feita sem envolver maiores gastos e que investimentos deveriam ser feitos na Marinha, já que qualquer ameaça à sede do Império sempre chegaria, primeiro, pelo mar. (naquela época o avião ainda não existia). (<<pg. 159-160)
Já naquela época Churchill demonstrava estar muito à frente na compreensão do que a guerra moderna representaria em termos de esforços e sacrifícios:
Uma guerra europeia só poderá ser uma luta cruel e dilacerante, e que, para saborearmos os amargos frutos da vitória, exigirá, talvez durante vários anos, toda a coragem da nação, a suspensão completa das indústrias de paz e a concentração de toda a energia vital da comunidade num único objetivo. (<pg. 160)
Neste período de irritação conservadora por seus discursos, Churchill começou a manter muitos contatos com políticos do Partido Liberal. Ele fazia parte de um grupo de jovens deputados, autodenominados Hooligans, que começavam a pensar em mudanças. (pg. 161-162)






[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).
Churchill se opôs muitas vezes às decisões de seu próprio partido e, cada vez mais distanciado da orientação conservadora, começou a criar ligações de ideias e amizades com políticos liberais e conservadores que viam com bons olhos a formação de um partido de centro, que se ocupasse de melhorar a qualidade dos gastos do governo, levando mais benefícios ao povo. (pg. 168-170)
A questão crucial que determinou o afastamento de Churchill dos conservadores foi sua oposição ferrenha à implantação de tarifas alfandegárias a produtos estrangeiros que chegassem à Grã Bretanha. Churchill perdeu apoio inclusive em Oldham, seu distrito. Mas foi convidado a se candidatar por outros distritos.


Suas últimas divergências dentro do Partido Conservador foram na votação do Projeto de Lei sobre Sindicatos e Disputas Comerciais e do Projeto sobre Estrangeiros que “...destinava-se a reduzir drasticamente a imigração de judeus da Rússia para a Grã-Bretanha.” Winston foi veementemente contra o governo conservador em ambos os casos e, revendo sua posição contrária ao projeto liberal de autonomia da Irlanda para uma aceitação parcial, em 31/05/1904 sentou-se junto à bancada liberal na Câmara dos Comuns. (<pg. 172-184)
Clementine Hozier e Churchill
Após essa mudança radical, quando sofreu a reprovação até mesmo da família, Churchill passou a frequentar os círculos sociais liberais onde encontrou-se, pela primeira vez, com Clementine Hozier, sua futura esposa, então com 19 anos. Já famoso por sua capacidade discursiva, Winston ficou mudo diante dela, incapaz de articular qualquer palavra, segundo a moça:
Winston ficou simplesmente me olhando, [...] Em nenhum momento pronunciou uma só palavra e estava muito atrapalhado — não me convidou para dançar nem para comer com ele.” [...] Tinha ouvido que era presunçoso, inconveniente etc. E, naquela ocasião, ele se limitou a ficar parado e me olhar. (<pg. 187-188)


CONTINUA

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