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sexta-feira, 6 de setembro de 2019

CHURCHILL - Parte 11


CHURCHILL – Parte XI [1] [2]
No decorrer de janeiro/1915, embora Churchill ainda defendesse priorizar seu plano de ação no Mar do Norte, já começava a ver com bons olhos uma ação em Galipoli. Entretanto foi o Primeiro Ministro Asquith quem decidiu que as prioridades seriam uma ação no Mar Adriático, para pressionar a Itália, bem como o ataque a Galipoli, estipulando, inclusive, a data: fevereiro. (pg. 322)
O bombardeio começou em 19/02/1915 e visava destruir as defesas costeiras do estreito para poder adentrar a frota sob menor resistência. A primeira tentativa de entrada ocorreu em 18/03.
Dois navios foram enviados, mas encontraram resistência da fortaleza de Kum Kale. Após mais bombardeios preparatórios, os turcos recuaram das defesas na entrada do canal.
Em 25/02 os navios aliados penetraram o estreito seguindo os navios caça-minas. A medida em que avançavam, atacavam as defesas turcas e enviavam equipes de demolição para destruir as fortificações. Mas os turcos mudaram de estratégia.
Se as fortificações eram fáceis alvos estáticos, eles passaram a utilizar artilharia móvel, puxada por cavalos. Esses canhões disparavam nos navios e logo se deslocavam, tornando quase impossível aos inimigos acertá-los da água.




[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).
Sob fogo constante o trabalho dos navios caça-minas ficou bastante prejudicado e a situação piorou quando os navios de guerra começaram a bater nas minas não desarmadas e “...um dos pré-couraçados franceses bateu em uma mina e afundou em menos de dois minutos, matando praticamente toda a tripulação.[3].
Com vários outros navios danificados pela artilharia turca, a frota invasora foi obrigada a se retirar.
Em 18/03 nova incursão foi realizada. A frota entrou com 12 navios formados em três linhas de quatro embarcações, mais uma linha com quatro navios de apoio e uma quinta linha, com duas naus de reserva, seguindo os caça-minas.
Mas os turcos haviam implantado, secretamente, uma linha de minas paralela à costa, bem perto do curso dos navios invasores. Desconhecendo o perigo, estes adentraram o estreito e avançaram.
Porém, quando foram manobrar perto da linha minada, o inferno começou. Os navios começaram a bater nas minas e explodir. O primeiro afundou matando toda tripulação. Outros ficaram seriamente danificados e um deles ficou à deriva, tendo que ser abandonado. E os turcos ainda nem tinham usado todo seu potencial defensivo, localizado na parte mais estreita do canal, em Çanakkale.
Logo ficou claro que o estreito não seria tomado apenas pela marinha e que “Para limpar os Dardanelos seria necessário empregar forças terrestres que ocupariam as praias: a Península de Galipoli à esquerda e a costa da Turquia asiática à direita.[4].




[3]   SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 177.

[4]   PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 34. Tradução livre.
No dia 22/03 os ingleses tomaram a decisão de realizar o desembarque de uma grande quantidade de tropas terrestres e os locais escolhidos foram as praias do Cabo Helles, de Gaba Tepe e da Baia de Suvla. Mas os turcos previram os locais de desembarque e posicionaram tropas para defender a península a partir de posições mais elevadas em trincheiras e com artilharia.
Em 25/04/1915 os desembarques começaram e, nos próximos nove dias, os invasores sofreram uma média de mil mortes por dia. Em agosto, quando a retirada começou, as mortes já atingiam a marca de quarenta mil.
Foi um massacre, pois os turcos “...lhes fizeram frente com um mortífero fogo de artilharia e metralhadoras a partir de posições ocultas em terreno alto.[5].
A Batalha de Galipoli terminou oficialmente em 09/01/1916 e, dos cerca de 480 mil homens que participaram dos combates em mar e terra, nada menos que 220 mil foram feridos ou mortos.
Churchill não foi o responsável direto pelo planejamento e nem pela operação de Galipoli, mas levou a culpa que se espalhou a despeito da documentação com provas em contrário das acusações que recebia. (pg. 335-336)
Quando falou na Câmara dos Comuns sobre a operação, o Primeiro Ministro Asquith, apesar de munido destes documentos, não “defendeu Churchill da principal acusação que faziam a ele, de passar por cima de seus conselheiros navais.” e quando um novo Gabinete foi formado, Winston não foi incluído. Pediu para ser nomeado para outro posto mas não obteve sucesso. Também não foi demitido até que pediu demissão em caráter irrevogável. (pg. 355-356)
Não sabemos se serviu de consolo, mas Bonar Law,[6] que não era aliado comum de Churchill, declarou:
Ele tem os defeitos de suas qualidades, e, como suas qualidades são grandes, a sombra que lançam é também grande, mas afirmo deliberadamente, na minha opinião, que em poder intelectual e em força vital ele é um dos homens mais notáveis de nossa nação. (<pg. 357)
Vendo que sua atuação política como simples parlamentar durante a guerra seria inútil, e reconhecendo que precisaria se afastar para recuperar sua influência, Churchill foi juntar-se ao Regimento dos Hussardos nos campos de batalha, de onde escreveu:
Não parti porque desejava desligar-me da situação ou porque temia o peso desse golpe, mas porque estava e estou certo de que minha utilidade está exaurida por enquanto e de que apenas posso recuperá-la por meio de um definitivo e talvez prolongado afastamento. Se eu tivesse previsto a mais breve possibilidade de ser capaz de influenciar os acontecimentos, eu teria ficado. (pg. 358)
CONTINUA




[5]  PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 34. Tradução livre.. pg. 35.

[6]   Andrew Bonar Law (Kingston, 16 de setembro de 1858 — 30 de outubro de 1923) foi um político britânico, foi primeiro-ministro do Reino Unido pelo Partido Conservador. Foi, até hoje, o único primeiro-ministro britânico nascido fora da Grã-Bretanha. […] Abalado pela morte da esposa, não se deixa abater em sua vida pública e torna-se, em 1911, líder dos Conservadores, com a renúncia de Arthur Balfour. Durante a Primeira Guerra Mundial, causou grande embaraço a Bonar Law o fato de sua empresa ter vendido ferro para a Alemanha até 1914, para seu programa de armamamento.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Andrew_Bonar_Law

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