No
decorrer de janeiro/1915, embora Churchill ainda defendesse priorizar seu plano
de ação no Mar do Norte, já começava a ver com bons olhos uma ação em Galipoli. Entretanto
foi o Primeiro Ministro Asquith quem decidiu que as prioridades seriam uma ação
no Mar Adriático, para pressionar a Itália, bem como o ataque a Galipoli,
estipulando, inclusive, a data: fevereiro. (pg. 322)
O
bombardeio começou em 19/02/1915 e visava destruir as defesas costeiras do
estreito para poder adentrar a frota sob menor resistência. A primeira
tentativa de entrada ocorreu em 18/03.
Dois
navios foram enviados, mas encontraram resistência da fortaleza de Kum Kale.
Após mais bombardeios preparatórios, os turcos recuaram das defesas na entrada
do canal.
Em
25/02 os navios aliados penetraram o estreito seguindo os navios caça-minas. A
medida em que avançavam, atacavam as defesas turcas e enviavam equipes de
demolição para destruir as fortificações. Mas os turcos mudaram de estratégia.
Se as
fortificações eram fáceis alvos estáticos, eles passaram a utilizar artilharia
móvel, puxada por cavalos. Esses canhões disparavam nos navios e logo se
deslocavam, tornando quase impossível aos inimigos acertá-los da água.
[1] GILBERT,
Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete
de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2] Em relação às
referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma
questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com
o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos
parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se
refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores (<<pg.200-202).
Sob
fogo constante o trabalho dos navios caça-minas ficou bastante prejudicado e a
situação piorou quando os navios de guerra começaram a bater nas minas não
desarmadas e “...um dos pré-couraçados franceses bateu em uma mina e afundou
em menos de dois minutos, matando praticamente toda a tripulação.”[3].
Com
vários outros navios danificados pela artilharia turca, a frota invasora foi
obrigada a se retirar.
Em
18/03 nova incursão foi realizada. A frota entrou com 12 navios formados em
três linhas de quatro embarcações, mais uma linha com quatro navios de apoio e
uma quinta linha, com duas naus de reserva, seguindo os caça-minas.
Mas
os turcos haviam implantado, secretamente, uma linha de minas paralela à costa,
bem perto do curso dos navios invasores. Desconhecendo o perigo, estes
adentraram o estreito e avançaram.
Porém,
quando foram manobrar perto da linha minada, o inferno começou. Os navios
começaram a bater nas minas e explodir. O primeiro afundou matando toda
tripulação. Outros ficaram seriamente danificados e um deles ficou à deriva,
tendo que ser abandonado. E os turcos ainda nem tinham usado todo seu potencial
defensivo, localizado na parte mais estreita do canal, em Çanakkale.
Logo
ficou claro que o estreito não seria tomado apenas pela marinha e que “Para
limpar os Dardanelos seria necessário empregar forças terrestres que ocupariam
as praias: a Península de Galipoli à esquerda e a costa da Turquia asiática à
direita.”[4].
No
dia 22/03 os ingleses tomaram a decisão de realizar o desembarque de uma grande
quantidade de tropas terrestres e os locais escolhidos foram as praias do Cabo
Helles, de Gaba Tepe e da Baia de Suvla. Mas os turcos previram os locais de
desembarque e posicionaram tropas para defender a península a partir de
posições mais elevadas em trincheiras e com artilharia.
Em
25/04/1915 os desembarques começaram e, nos próximos nove dias, os invasores
sofreram uma média de mil mortes por dia. Em agosto, quando a retirada começou,
as mortes já atingiam a marca de quarenta mil.
Foi
um massacre, pois os turcos “...lhes fizeram frente com um mortífero fogo de
artilharia e metralhadoras a partir de posições ocultas em terreno alto.”[5].
A
Batalha de Galipoli terminou oficialmente em 09/01/1916 e, dos cerca de 480 mil
homens que participaram dos combates em mar e terra, nada menos que 220 mil
foram feridos ou mortos.
Churchill
não foi o responsável direto pelo planejamento e nem pela operação de Galipoli,
mas levou a culpa que se espalhou a despeito da documentação com provas em
contrário das acusações que recebia. (pg. 335-336)
Quando
falou na Câmara dos Comuns sobre a operação, o Primeiro Ministro Asquith,
apesar de munido destes documentos, não “defendeu Churchill da principal
acusação que faziam a ele, de passar por cima de seus conselheiros navais.”
e quando um novo Gabinete foi formado, Winston não foi incluído. Pediu para ser
nomeado para outro posto mas não obteve sucesso. Também não foi demitido até
que pediu demissão em caráter irrevogável. (pg. 355-356)
Não
sabemos se serviu de consolo, mas Bonar Law,[6] que não era
aliado comum de Churchill, declarou:
Ele tem os defeitos de suas
qualidades, e, como suas qualidades são grandes, a sombra que lançam é também
grande, mas afirmo deliberadamente, na minha opinião, que em poder intelectual
e em força vital ele é um dos homens mais notáveis de nossa nação. (<pg.
357)
Vendo
que sua atuação política como simples parlamentar durante a guerra seria
inútil, e reconhecendo que precisaria se afastar para recuperar sua influência,
Churchill foi juntar-se ao Regimento dos Hussardos nos campos de batalha, de
onde escreveu:
Não parti porque desejava
desligar-me da situação ou porque temia o peso desse golpe, mas porque estava e
estou certo de que minha utilidade está exaurida por enquanto e de que apenas
posso recuperá-la por meio de um definitivo e talvez prolongado afastamento. Se
eu tivesse previsto a mais breve possibilidade de ser capaz de influenciar os
acontecimentos, eu teria ficado. (pg. 358)
CONTINUA
[5] PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 34. Tradução livre.. pg. 35.
[6] Andrew Bonar Law (Kingston, 16 de setembro de
1858 — 30 de outubro de 1923) foi um político britânico, foi primeiro-ministro
do Reino Unido pelo Partido Conservador. Foi, até hoje, o único
primeiro-ministro britânico nascido fora da Grã-Bretanha. […] Abalado pela
morte da esposa, não se deixa abater em sua vida pública e torna-se, em 1911,
líder dos Conservadores, com a renúncia de Arthur Balfour. Durante a Primeira
Guerra Mundial, causou grande embaraço a Bonar Law o fato de sua empresa ter
vendido ferro para a Alemanha até 1914, para seu programa de armamamento.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Andrew_Bonar_Law
Nenhum comentário:
Postar um comentário