Uma
vez na frente de batalha Churchill alternava, como todos, dias nas trincheiras
intercalados por dias na retaguarda. No início se empolgou com as novidades e
chegou a ser nomeado comandante de batalhão. Era comum que fosse recebido com
desconfiança pelos veteranos da frente, mas depois de algum tempo seu carisma e
sua coragem conquistavam a todos.
Enquanto
comandante de batalhão, sua prioridade foi a segurança dos homens, garantir que
não ficassem sob disciplina rígida demais e tivessem momentos de lazer quando
na reserva.
Mas
os acontecimentos em Londres não deixavam de atrair sua atenção e ele queria
retornar ao centro das decisões tanto quanto se via cada vez mais um opositor
da forma como o governo Asquith conduzia a guerra.
Neste
período sua esposa, Clementine, teve papel fundamental em representá-lo junto a
todos os contatos políticos. Mas ela tentava demovê-lo da ideia de retornar
logo pois temia que seu pouco tempo na frente de batalha fosse visto como um
mero oportunismo. (<<<pg. 359-390)
[1] GILBERT,
Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete
de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2] Em relação às
referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma
questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com
o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos
parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se
refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores (<<pg.200-202).
Churchill
chegou à França para combater em 18/11/1915 e retornou definitivamente a
Londres em 07/05/1916. Quando partiu, sobre a despedida de seus comandados, um
deles escreveu: “acredito que cada homem naquela sala sentiu sua partida
como uma verdadeira perda pessoal”. (pg. 393)
Em
seu regresso, como não possuísse qualquer cargo no governo, Churchill só podia
fazer discursos na Câmara dos Comuns e lá ele passou a defender o recrutamento
de irlandeses bem como o fim de operações inúteis, que só serviam para levar
milhares de soldados à morte.
Também
trabalhou em sua defesa tentando publicar todos os documentos referentes ao
planejamento e execução da Batalha de Galipoli, mas o Primeiro Ministro Asquith
impediu a publicação pois eles apontavam sua própria culpa no episódio.
Sem
poder se defender corretamente Winston não podia limpar seu nome e sem limpar
seu nome não tinha condições políticas de ser nomeado para qualquer cargo importante.
(<<pg. 393-396)
No
início de dezembro de 1916 Asquith deixou o governo e em seu lugar assumiu,
dois dias depois, Lloyd George,[1]
amigo de Churchill. Entretanto, essa amizade não rendeu, de início, a nomeação
de Winston para qualquer cargo, embora ele aceitasse qualquer nomeação, desde
que pudesse ajudar no esforço de guerra.
[1] David Lloyd George, 1.º Conde Lloyd-George de
Dwyfor (Chorlton-upon-Medlock, 17/01/1863 — Llanystumdwy, 26/03/1945) foi um
estadista britânico e o último membro do Partido Liberal a ser Primeiro-ministro
do Reino Unido. Ele está enterrado na Abadia de Westminster. Embora nascido em Manchester em 1863, David
Lloyd George falava galês, e foi o único galês a ocupar o cargo de Primeiro
Ministro no governo britânico. Substituiu Asquith como primeiro-ministro de um
novo governo de coalizão em tempo de guerra entre os liberais e os
conservadores. Este foi um movimento que dividiu seu Partido Liberal em duas
facções; os que apoiavam Asquith e os que apoiavam o governo de coalizão.
Apesar desta oposição, Lloyd George guiou o país politicamente pela guerra, e
representou a Inglaterra na Conferência de Paz de Versalhes, não concordando
com o Premier francês Georges Clemenceau e com o Presidente americano Woodrow
Wilson. Lloyd George queria punir a Alemanha politicamente e economicamente
pela devastação da Europa durante a guerra, mas não queria destruir totalmente
o sistema econômico e político alemão do modo que Clemenceau e muitas outras
pessoas da França queriam fazer.
https://pt.wikipedia.org/wiki/David_Lloyd_George
O Ex Asquith e o novo Primeiro Ministro Lloyd George |
O
Partido Liberal estava dividido entre os partidários do ex Primeiro-ministro
Asquith e os apoiadores do novo governo.
O
grupo de Asquith era frontalmente contra a nomeação de Churchill para qualquer
cargo, assim como o Partido Conservador e a imprensa a esse ligada. Assim
Winston foi sendo escanteado com a desculpa de que deveria esperar a publicação
do relatório da Comissão de Dardanelos, que investigava a Batalha de Galipoli,
a qual ele já apresentara um monte de documentos. (<pg. 400-403)
Quando
o relatório da Comissão de Dardanelos finalmente saiu, não respondia a muitas
das acusações que vinham sendo feitas contra Churchill de forma sistemática.
Ele se defendeu perante o parlamento quando do debate sobre o relatório e como
a verdade mostrasse que Asquith fora um entusiasta do ataque, seus
correligionários passaram a apoiar a operação. A situação começava a mudar.
(pg. 403-404)
Livre
das acusações, Churchill passou a advogar, junto às autoridades e no
Parlamento, que nenhuma ofensiva nova fosse posta em prática em 1917,
aguardando a chegada das tropas estadunidenses cujo pais tinha entrado na
guerra.
Ele
queria evitar um novo banho de sangue como a Batalha do Somme, na qual dezenas
de milhares haviam morrido sem qualquer avanço. Ao mesmo tempo começou a
colaborar extra-oficialmente com o Primeiro Ministro Lloyd George que o enviou
para visitar as tropas na linha de frente.
A
oposição à nomeação de Winston para qualquer cargo, contudo, crescia e agora
contava com pessoas muito próximas a Lloyd George. Este, no entanto, contra
tudo e contra todos, nomeou Churchill para Ministro das Munições. E silenciou
os opositores próximos com a ameaça de demitir-se. (<<pg. 405-408)
Nem mesmo
os funcionários do Ministério da Guerra estavam satisfeitos com o novo
ministro, e pareciam dispostos a demonstrar isso quando este fosse apresentado
em seu primeiro dia de trabalho. Mas, como observou um dos presentes, em seu
discurso Churchill:
iniciou suas observações
mencionando que “sabia que estava partindo ‘da estaca zero em questão de
popularidade’. Continuou afoitamente, mencionando sua política para uma
produção ainda mais rápida de munições. À medida que elaborava seus planos, a
atmosfera foi mudando perceptivelmente. Aquilo não era um pedido de desculpas,
e sim um desafio. Aqueles que tinham vindo para insultá-lo ficaram para
aplaudi-lo”. (<pg. 409)
Poucos
dias depois, Churchill já tinha negociado o encerramento de uma greve no setor
de produção de munições e esboçado um projeto de Lei das Munições de Guerra,
que beneficiava e protegia os trabalhadores deste setor, como parte importante
do esforço de guerra.
Embora
fosse criticado pelo acordo que costurou, os trabalhadores que deixaram a greve
logo tinham subido a produção para o nível mais alto do país. (<pg. 410-411)
Sempre
em movimento, Churchill reestruturou internamente seu ministério, criando
equipes de trabalho na qual empresários do ramo da produção bélica também
colaboravam, viajou à França para coordenar a produção, inclusive com os EUA, e
atender melhor as necessidades da frente de combate, ouviu e abraçou as
reivindicações das mulheres que trabalhavam nas fábricas, preparou a instalação
de uma fábrica de munições na França, articulou a implantação de uma fábrica de
tanques perto de Paris e iniciou a compra dos materiais de que precisariam as
tropas americanas ao chegar na Europa. (pg. 410-415)
CONTINUA
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