A BATALHA DE
VERDUN - 1916
Verdun-sur-Meuse
é uma cidade do nordeste da França com mais de mil anos de História tendo
enfrentado e repelido nada menos que um cerco de Átila, o Huno, no século V.
Na época da
Grande Guerra, Verdun estava dentro de uma linha fortificada, composta por
dezoito fortes subterrâneos, a exemplo dos fortes Douaumont e Vaux, e mais doze
instalações menores.
A capacidade de
resistência dos fortes era diferenciada, pois enquanto alguns deles foram
reforçados para resistir à artilharia pesada, outros não receberam a mesma
atenção.
Para piorar, o
comandante francês, General Joffre, não confiava mais na resistência de seus
fortes, considerando que a artilharia alemã conseguira destruir construções
semelhantes na Bélgica.
Assim, as
guarnições de armamentos destas instalações foram reduzidos ao mínimo e algumas
delas, como Douaumont e Vaux, estavam até selecionadas para demolição!
Do lado alemão, o
novo comandante, Erich von Falkenhayn, com base em informes de seus serviços de
inteligência, calculava que a perda de homens obrigaria a França a sair da
guerra em 1916.
Nos cálculos
alemães, “...a França teria 400 mil soldados a menos [...] em 1916 do que em
1914, e teria de enfrentar uma crise de quantidade de tropas em setembro de
1916 se suas perdas no próximo ano continuassem no ritmo de 1914 e 1915.”1.
Assim, e
considerando que as linhas de abastecimento francesas eram bem mais precárias
do que as alemãs, Falkenhayn escolheu Verdun para um ataque que fosse
desgastando ainda mais o efetivo de tropas francesas atraídas para defender uma
cidade de alto poder simbólico.
Falkenhayn
esperava apressar a saída francesa da guerra por falta de tropas. Mas ele
estava muito enganado...
O plano de
batalha previa um devastador ataque de artilharia pesada, seguido do avanço da
infantaria sobre as defesas francesas que, acreditava-se, estariam destroçadas.
Em 21/02/1916 o
ataque começou e foi, de fato, devastador. Os alemães utilizaram “...mais de
800 canhões pesados, quase 400 canhões leves e 200 morteiros martelando um
setor da frente de apenas 16
km de largura, antes do avanço inicial de dez divisões
de infantaria.”2.
As trincheiras
francesas, seus postos de metralhadoras e linhas de comunicação estavam
pulverizados e os alemães avançaram com lança-chamas, espingardas e granadas.
Apesar disso, os
soldados franceses sobreviventes resistiram bravamente e o avanço alemão era de
apenas 5 quilômetros
em 22/02, tomando Bois des Caures. Na sequência tomaram Haumont e foram
repelidos em Bois de l'Herbebois.
No dia 24/02 se
iniciou o assalto alemão ao Forte Douaumont, que foi tomado no dia seguinte.
Esse movimento, contudo, colocou os alemães na mira da artilharia francesa.
Esse avanço,
portanto, se deu ao custo de pesadas baixas pois, se os franceses perderam 24
mil homens, sendo, porém, 15 mil prisioneiros, “...dentro dos primeiros dez
dias, os alemães perderam 26 mil.”3.
Ao contrário do
esperado, a linha de abastecimento dos franceses não foi interrompida e o
General Joffre introduziu um rodízio de tropas na linha de frente, substituindo
os soldados extenuados por outros, descansados.
O abastecimento,
feito pela Voie Sacrée (Via Sacra), movimentava “...diariamente 3000
caminhões com uma carga de 4000 toneladas de apetrechos e 20000 homens.”4.
No início de
junto o Forte Vaux foi tomado e, depois, os alemães quase conseguiram romper a
linha de defesa francesa. Esse movimento terminou junto ao Forte Souville.
O caminho para
Verdun passava pela tomada de Souville, já bastante castigado pela artilharia,
mas ainda defendido pelos franceses. Os ataques com gás fosgênio não produziram
o resultado esperado, pois os soldados tinham máscaras.
O ataque
devastador dos canhões permitiu o avanço alemão, contudo a resposta da
artilharia francesa dizimou grande parte dos soldados invasores que foram
obrigados a recuar.
Este foi o dia
12/07/1916 e os alemães haviam atingido o ponto mais próximo que conseguiriam
chegar de seu objetivo.
A partir dali,
ataques de russos e britânicos em outros locais impediram o exército alemão de
ficar focado apenas nos franceses. As perdas eram equivalentes e a França não
parecia à beira do colapso como Falkenhayn previra.
O comandante
alemão “...se resignou em suspender o ataque, pois se esperava uma ofensiva
francesa no Somme: reduziu, pois, os efetivos que havia alinhado frente a
Verdun.”5.
Em 02/09, com o comando geral passando para os generais “...Hindenburg e
Ludendorff, os ataques alemães terminaram.”6.
No mês seguinte
foi a vez contra-ataque francês. Utilizando a tática de enviar soldados pouco
atrás de onde caiam as bombas da própria artilharia, os franceses avançavam
antes que os alemães pudessem reagir.
Para retomar o
Forte Douaumont foram disparados mais de 600 mil tiros de canhão de diversos
calibres, inclusive alguns pesando 900 kg. A fortificação foi retomada em 24/10.
Em 02/11 foi a vez do Forte Vaux. Em Dezembro os alemães haviam sido empurrados
de volta ao ponto da partida. Verdun estava salva. Destruída, mas salva.
A posição alemã,
depois de quase um ano de batalha, mostra a estupidez da guerra. Para não
conseguir avançar um mísero quilômetro, os combates “...geraram 377 mil
baixas francesas contra 337 mil alemãs. Oficialmente, os franceses reconheceram
162 mil mortes e os alemães, 82 mil, sendo provável que esta última cifra seja
subestimada.”7.
Compre nosso
livro CAMINHOS DO IMPERADOR - D. Pedro II em Sergipe clicando aqui.
Para ler outras
mini-séries do Reino de Clio, clique aqui.
Para acompanhar
nossa série sobre o Egito Antigo, clique aqui.
Para conhecer
nossa seção de História Geral, clique aqui.
Para conhecer
nossa seção de História do Brasil, clique aqui.
Para fazer
visitas virtuais a alguns dos mais importantes museus do país, clique aqui.
Para conhecer a
Revista Reino de Clio, clique aqui.
Conheça e curta
nossa página no Facebook, clicando aqui.
1SONDHAUS, Lawrence. A
Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora
Contexto, 2011. pg. 270.
5RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra
Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha,
Editora Montserrat, 1990. pg. 20. Tradução Livre.
6SONDHAUS, Lawrence. A
Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora
Contexto, 2011. pg. 273.
Nenhum comentário:
Postar um comentário