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sábado, 16 de fevereiro de 2019

CHURCHILL - Parte 3



CHURCHILL – Parte III [1] [2]
Dividido entre a paixão política e suas atribuições no exército, Churchill procurava conciliar ambos os lados. Quando foi juntar-se às tropas deslocadas para sufocar uma rebelião tribal no noroeste da Índia, manobrou para tornar-se também correspondente de guerra para dois jornais. Seu intuito era ir se tornando conhecido e popular. (pg. 86-87) Durante o conflito Winston viu-se diversas vezes envolvido em combate real. Em cartas à mãe, a quem ele escrevia compulsivamente, falava sobre suas experiências em combate:
Eles matam e mutilam todos os que capturam, e nós não hesitamos em acabar com os inimigos feridos. Desde que estou aqui, tenho visto coisas que não são muito bonitas, mas, como pode imaginar, nunca sujo minhas mãos com trabalho sujo, embora reconheça a necessidade de algumas coisas. (pg. 82)
Nesta época, e depois, o interesse de sua mãe parece ter aumentado, pois ela passou a atuar fortemente junto à alta sociedade londrina para fazer seu filho conhecido. Divulgava seus artigos, procurava um bom editor para o livro que ele escrevera sobre os combates, enfim, estava empenhada em concretizar os planos de Churchill para uma futura vida pública. (pg. 95-96)




[1]    GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.

[2]    Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).
Em 1898 ela arranjou uma reunião política em Bradford na qual Churchill discursou por quase uma hora e seus dotes de grande orador cativaram a audiência, como ele escreveu:
Fui ouvido com grande atenção durante 55 minutos”, [...] “ao fim dos quais houve gritos altos e generalizados de ‘Continue’. Cinco ou seis vezes aplaudiram-me por cerca de dois minutos sem interrupção”. Quando acabou, “muitas pessoas subiram para as cadeiras e houve realmente um grande entusiasmo” (pg. 102)
A discordância entre mãe e filho girava, nesta época, nos gastos excessivos da mãe, que Churchill criticava a ponto de recorrer a uma espécie de interdição parcial que protegia sua herança de um eventual segundo casamento da mãe. A despeito disso, Winston começava a ter bons resultados financeiros com sua produção literária. (pg. 97-100)
Foi bem remunerado, por exemplo, por suas cartas ao jornal Morning Post, que ele negociou enviar do Egito, para onde foi enviado após usar toda influência possível, inclusive oriundas do círculo mais próximo ao próprio Primeiro Ministro Salisbury.[3] O comandante das tropas no Egito, Lorde Kitchener,[4] não queria aceitar a presença de Churchill de forma nenhuma, mas acabou cedendo às inúmeras pressões após a morte de dois oficiais. (pg. 104)




[3]    Robert Arthur Talbot Gascoyne-Cecil, 3º Marquês de Salisbury (Hatfield, 3 de fevereiro de 1830 – Ibid., 22 de agosto de 1903), conhecido como Lord Robert Cecil até 1865 e como Visconde Cranborne entre 1865 e 1868, foi um político britânico, por três vezes Primeiro-ministro do Reino Unido, totalizando 13 anos como chefe de governo. Foi o primeiro primeiro-ministro do século XX no Reino Unido.

   https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Gascoyne-Cecil,_3.%C2%BA_Marqu%C3%AAs_de_Salisbury

[4]    O Marechal-de-campo Horatio Herbert Kitchener, 1º Conde Kitchener, (24 de junho de 1850 — 5 de junho de 1916) foi um militar graduado do Exército Britânico e administrador colonial que ganhou notoriedade por suas campanhas imperiais, incluindo ordens dadas de "terra arrasada" contra os bôeres e estabelecimento de campos de concentração na África do Sul durante a Segunda Guerra dos Bôeres. Ele mais tarde se envolveu no comando de operações militares no começo da Primeira Grande Guerra, na posição de Secretário de Estado para assuntos de guerra.
      https://pt.wikipedia.org/wiki/Horatio_Herbert_Kitchener
Primeiro Ministro Salisbury - Lorde Kitchener
Nesta campanha no Egito, parte da chamada Guerra Madista,[5] onde serviu muito bem como observador das tropas dos rebeldes dervixes, Churchill viu a morte muito de perto durante a Batalha de Omdurman,[6] quando a cavalaria ficou sob fogo cruzado e, embora  “Dos 310 oficiais e soldados que haviam participado da carga, um oficial e vinte soldados haviam morrido, e quatro oficiais e 55 soldados tinham ficado feridos.”, Winston não sofreu sequer um arranhão. (pg. 110)




[5]    A Guerra Madista foi uma Guerra Colonial travada no final do Século XIX. O confronto foi inicialmente travado entre sudaneses Madistas e egípcios e mais tarde com as forças britânicas. Também foi chamado o Guerra Anglo-Sudanesa ou Revolta do Sudão Madista. Os britânicos chamam a sua participação no conflito do Campanha do Sudão.
      
https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Madista

[6]    Na Batalha de Omdurman (02/09/1898), um exército comandado pelo general britânico Sir Herbert Kitchener derrotou o exército de Abdullah al-Taashi, sucessor do autodenominado Mahdi, Muhammad Ahmad. Kitchener estava buscando vingança pela morte de 1885 do general Gordon. Foi uma demonstração da superioridade de um exército altamente disciplinado equipado com rifles modernos, metralhadoras e artilharia sobre uma força duas vezes maior, armada com armas mais antigas, e marcou o sucesso dos esforços britânicos para reconquistar o Sudão.
      https://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Omdurman
Acima e abaixo, a Batalha de Omdurman

Apesar de tantas vezes passar incólume por situações como essa, Churchill não era religioso e, embora compreendesse a necessidade da religião para o homem comum, via a religião, especialmente a católica, como um narcótico:
Posso imaginar uma pobre paróquia, com operários que vivem suas vidas em feias fábricas caiadas, labutando dia após dia entre cenários e ambientes destituídos de qualquer elemento de beleza. Consigo simpatizar com eles e com sua ânsia por alguma coisa não infectada pela miséria geral, alguma coisa que gratifique seu amor pela mística, alguma coisa um pouco mais próxima do belo, e acho insensível roubar de suas vidas essa aspiração nobilitante, mesmo que ela encontre expressão no incenso queimado, no uso de batinas e em outras práticas supersticiosas.
As pessoas que pensam muito no outro mundo raramente prosperam neste mundo; os homens devem fazer uso da mente sem matar suas dúvidas por meio de prazeres sensuais; a fé supersticiosa das nações raramente promove sua indústria. O catolicismo — todas as religiões, se preferir, mas o catolicismo em particular — é um delicioso narcótico: pode atenuar nossas dores e afugentar nossas preocupações, mas reprime nosso crescimento e esgota nossa força. E uma vez que a melhoria da raça britânica é meu objetivo político nessa vida, não posso permitir demasiada indulgência, se a puder impedir sem atacar outro grande princípio, a liberdade. (<pg.116-117)
Após ser liberado da Índia e uma nova passagem pelo Egito, Churchill retornou à Inglaterra onde iniciou sua carreira política.

CONTINUA

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