Em
Harrow, iniciou o treinamento militar de Churchill e seu interesse pelas
disciplinas envolvidas nesse aprendizado cresceu bastante, principalmente em
História. (pg.30) Portanto, quando chegou o momento de decidir ir ou não para
universidade, o pai de Churchill fez questão de lhe enviar para o exército, mas
não tendo em vista qualquer grande capacitação militar, como revela o próprio
rapaz:
Durante anos, pensei que meu pai,
com sua experiência e seu instinto, tinha discernido em mim qualidades de gênio
militar, mas me disseram mais tarde que ele tinha apenas chegado à conclusão de
que eu não era inteligente o bastante para a advocacia. (pg. 33)
Como
suas notas em Matemática foram insuficientes, não pôde ir “para Woolwick, a
academia para cadetes [...] nas academias reais de artilharia ou engenharia. Em
vez disso, teria de se preparar para Sandhurst , [...] para futuros oficiais de
infantaria e cavalaria.” (pg. 33)
Mas,
apesar de ter se dedicado intensamente aos estudos preparatórios, ele foi
reprovado em sua primeira tentativa de entrar em na Real Academia
Militar de Sundhurst. (pg. 44) E após estudos ainda mais intensos, foi
reprovado novamente (pg. 45)
Nos
meses seguintes a esta segunda derrota, Churchill sofreu um grave acidente (uma
queda de cerca de 10
metros de altura na qual quebrou a perna), do qual se
recuperou, e passou a frequentar eventos sociais, sessões parlamentares e a
conhecer políticos influentes. (pg. 47-49)
Em
sua terceira tentativa ele finalmente conseguiu ser aprovado em Sundhurst. Não
obteve pontos suficientes para entrar na infantaria, mas ficou na 4ª colocação
para a cavalaria. (pg. 49) Contudo, por, influência de seu pai, Churchill
recebeu licença especial para compor a infantaria. (pg. 51) Naquele momento,
tudo o que Winston queria era entrar em Sundhurst e se era na infantaria, tudo
bem. Algum tempo depois ele iria preferir a cavalaria, desejo interrompido pelo
pai, provavelmente por conta do custo alto de se ter e manter um cavalo.
No
meio militar Churchill finalmente se decidiu pelo empenho e a disciplina, em
especial depois que as cartas de seu pai, mentalmente afetado pela Sífilis,
passaram a desancá-lo de maneira brutal. (pg. 50) Suas notas passaram a ser
condizentes com esse esforço.
Em 24
de janeiro de 1895 Randolph Churchill morreu aos 45 anos com a mente e o corpo
devastados pela Sífilis. Sem saber a doença que matara seu pai, o jovem Winston
passou a acreditar que os homens de sua família estavam fadados a morrer muito
cedo. (pg. 61-62)
A
despeito disso, um mês após a morte do pai, Churchill entrou para a cavalaria
tendo seu cavalo sido pago por sua tia, a Duquesa Lily. (pg. 63) Naquele mesmo
ano, em 03 de julho, faleceu a ama de criação de Churchill, Srª. Elizabeth Ann
Everest, possivelmente a pessoa a quem ele mais amava depois da família.
Envolvendo-se
diretamente na tentativa de cuidar dela, Winston alternou idas e vindas entre
seu regimento e a casa da velha ama, providenciou médico e enfermeira mas tudo em vão. Após a morte, o
rapaz cuidou dos preparativos para o funeral, comprou a coroa de flores que
adornou o caixão, bem como a lápide que identificava o túmulo. “nunca mais
voltarei a ter nenhum amigo como ela”, escreveu Churchill à sua
desatenciosa mãe sobre a Srª. Everest. (pg. 65)
Com o
tempo, a imobilidade da vida militar em tempo de paz começou a entediar
Churchill que passou a se interessar pela política e iniciou estudos
autodidatas neste sentido. Essa rotina foi interrompida quando viajou a Cuba
para acompanhar a repressão espanhola a uma insurreição dos habitantes da ilha.
(pg. 67-68)
Nesta
viagem, Churchill visitou pela primeira vez os EUA, onde anotou a seguinte
impressão:
Imagine o povo americano como uma
grande juventude vigorosa, que calca aos seus pés todas as nossas
suscetibilidades e comete todos os horrores possíveis de mau comportamento,
para quem nem a idade nem a tradição inspiram qualquer reverência, mas que
cumprem seus afazeres com uma ingenuidade bondosa que pode fazer inveja às
nações mais antigas da terra. (pg. 70)
Uma
vez em Cuba, Churchill foi recebido no Estado-Maior do General Valdez e foi
parar praticamente na linha de frente dos combates. Em artigos escritos para o
jornal inglês Daily Graphic Winston reconhece que não havia uma simples
rebelião em Cuba, mas uma verdadeira guerra e que as melhores forças estavam ao
lado dos cubanos, contra os dominadores espanhóis. (pg. 71-72)
Guerra em Cuba |
Sempre
em busca de estar em locais de conflito, onde poderia adquirir a experiência e
o reconhecimento que não teria permanecendo no quartel da Inglaterra, Churchill
tentou, sem sucesso, viajar para a África do Sul e o Egito. Foi deslocado,
junto com seu regimento, para a Índia,
onde uma tediosa rotina o engoliu por um bom tempo.
Essa monotonia só
era interrompida pelos artigos caluniosos da revista Truth, que ainda
repercutia as acusações pelas quais Churchill fora indenizado e os passeios com
Pamela Plowden, filha de um funcionário britânico sediado em Hydebarad. A amizade
de ambos durou a vida inteira. (pg. 77-78)
Churchill na Índia - Em pé, faixa branca no peito. |
Pamela Plowden |
Naqueles
primeiros anos de interesse pela política Churchill se auto denominava liberal
e defendia:
...o alargamento do direito de
voto a todos os homens adultos, educação universal, igualdade entre todas as
religiões e um imposto de renda progressivo. [...] a não intervenção na Europa,
[...] Defender as colônias com “uma Marinha poderosa” e criar um sistema de
defesa imperial. A leste de Suez, contudo, “não pode haver governos
democráticos. A Índia deve ser governada segundo os velhos princípios”. (pg.
82)
Contudo,
ao mesmo tempo em que defendia “...uma educação igual para todos, sem que
qualquer grupo seja beneficiado.” e com professores não religiosos, mas “instrutores
seculares nomeados pelo governo.”, Churchill era contra o movimento
sufragista pois “Uma vez que se conceda o voto a um grande número de
mulheres, que constituem a maior parte da sociedade […], todo o poder passará
para as mãos delas”. (pg. 84)
CONTINUA
[1] GILBERT,
Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete
de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2] Em
relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos,
por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código
simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página
indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A
referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois
anteriores (<<pg.200-202).
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