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terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

CHURCHILL - Parte II



CHURCHILL – Parte II [1] [2]
Em Harrow, iniciou o treinamento militar de Churchill e seu interesse pelas disciplinas envolvidas nesse aprendizado cresceu bastante, principalmente em História. (pg.30) Portanto, quando chegou o momento de decidir ir ou não para universidade, o pai de Churchill fez questão de lhe enviar para o exército, mas não tendo em vista qualquer grande capacitação militar, como revela o próprio rapaz:
Durante anos, pensei que meu pai, com sua experiência e seu instinto, tinha discernido em mim qualidades de gênio militar, mas me disseram mais tarde que ele tinha apenas chegado à conclusão de que eu não era inteligente o bastante para a advocacia. (pg. 33)
Como suas notas em Matemática foram insuficientes, não pôde ir “para Woolwick, a academia para cadetes [...] nas academias reais de artilharia ou engenharia. Em vez disso, teria de se preparar para Sandhurst , [...] para futuros oficiais de infantaria e cavalaria.” (pg. 33)
Mas, apesar de ter se dedicado intensamente aos estudos preparatórios, ele foi reprovado em sua primeira tentativa de entrar em na Real Academia Militar de Sundhurst. (pg. 44) E após estudos ainda mais intensos, foi reprovado novamente (pg. 45)
Nos meses seguintes a esta segunda derrota, Churchill sofreu um grave acidente (uma queda de cerca de 10 metros de altura na qual quebrou a perna), do qual se recuperou, e passou a frequentar eventos sociais, sessões parlamentares e a conhecer políticos influentes. (pg. 47-49)
Em sua terceira tentativa ele finalmente conseguiu ser aprovado em Sundhurst. Não obteve pontos suficientes para entrar na infantaria, mas ficou na 4ª colocação para a cavalaria. (pg. 49) Contudo, por, influência de seu pai, Churchill recebeu licença especial para compor a infantaria. (pg. 51) Naquele momento, tudo o que Winston queria era entrar em Sundhurst e se era na infantaria, tudo bem. Algum tempo depois ele iria preferir a cavalaria, desejo interrompido pelo pai, provavelmente por conta do custo alto de se ter e manter um cavalo.
No meio militar Churchill finalmente se decidiu pelo empenho e a disciplina, em especial depois que as cartas de seu pai, mentalmente afetado pela Sífilis, passaram a desancá-lo de maneira brutal. (pg. 50) Suas notas passaram a ser condizentes com esse esforço.
Em 24 de janeiro de 1895 Randolph Churchill morreu aos 45 anos com a mente e o corpo devastados pela Sífilis. Sem saber a doença que matara seu pai, o jovem Winston passou a acreditar que os homens de sua família estavam fadados a morrer muito cedo. (pg. 61-62)
A despeito disso, um mês após a morte do pai, Churchill entrou para a cavalaria tendo seu cavalo sido pago por sua tia, a Duquesa Lily. (pg. 63) Naquele mesmo ano, em 03 de julho, faleceu a ama de criação de Churchill, Srª. Elizabeth Ann Everest, possivelmente a pessoa a quem ele mais amava depois da família.
Envolvendo-se diretamente na tentativa de cuidar dela, Winston alternou idas e vindas entre seu regimento e a casa da velha ama, providenciou médico e enfermeira mas tudo em vão. Após a morte, o rapaz cuidou dos preparativos para o funeral, comprou a coroa de flores que adornou o caixão, bem como a lápide que identificava o túmulo. “nunca mais voltarei a ter nenhum amigo como ela”, escreveu Churchill à sua desatenciosa mãe sobre a Srª. Everest. (pg. 65)
Com o tempo, a imobilidade da vida militar em tempo de paz começou a entediar Churchill que passou a se interessar pela política e iniciou estudos autodidatas neste sentido. Essa rotina foi interrompida quando viajou a Cuba para acompanhar a repressão espanhola a uma insurreição dos habitantes da ilha. (pg. 67-68)
Nesta viagem, Churchill visitou pela primeira vez os EUA, onde anotou a seguinte impressão:
Imagine o povo americano como uma grande juventude vigorosa, que calca aos seus pés todas as nossas suscetibilidades e comete todos os horrores possíveis de mau comportamento, para quem nem a idade nem a tradição inspiram qualquer reverência, mas que cumprem seus afazeres com uma ingenuidade bondosa que pode fazer inveja às nações mais antigas da terra. (pg. 70)
Uma vez em Cuba, Churchill foi recebido no Estado-Maior do General Valdez e foi parar praticamente na linha de frente dos combates. Em artigos escritos para o jornal inglês Daily Graphic Winston reconhece que não havia uma simples rebelião em Cuba, mas uma verdadeira guerra e que as melhores forças estavam ao lado dos cubanos, contra os dominadores espanhóis. (pg. 71-72)
Guerra em Cuba
De volta a Inglaterra Churchill foi acusado de atos homossexuais por um desafeto que fora expulso da academia. Winston levou o caso aos tribunais, a acusação foi retirada e o acusador pagou nada menos que 400 libras de indenização. (pg.73)
Sempre em busca de estar em locais de conflito, onde poderia adquirir a experiência e o reconhecimento que não teria permanecendo no quartel da Inglaterra, Churchill tentou, sem sucesso, viajar para a África do Sul e o Egito. Foi deslocado, junto com seu regimento, para a Índia,   onde uma tediosa rotina o engoliu por um bom tempo. 
Churchill na Índia - Em pé, faixa branca no peito.
Essa monotonia só era interrompida pelos artigos caluniosos da revista Truth, que ainda repercutia as acusações pelas quais Churchill fora indenizado e os passeios com Pamela Plowden, filha de um funcionário britânico sediado em Hydebarad. A amizade de ambos durou a vida inteira. (pg. 77-78)
Pamela Plowden
Ao mesmo tempo, crescia em Churchill, junto com o tédio da inação na Índia, o desejo pela ação política, uma candidatura por um dos municípios nos quais o pai tivera influência. (pg. 79) Sua nomeação ao posto de Major, porém, reascendeu um pouco seu entusiamo pelo exército. (pg. 82)
Naqueles primeiros anos de interesse pela política Churchill se auto denominava liberal e defendia:
...o alargamento do direito de voto a todos os homens adultos, educação universal, igualdade entre todas as religiões e um imposto de renda progressivo. [...] a não intervenção na Europa, [...] Defender as colônias com “uma Marinha poderosa” e criar um sistema de defesa imperial. A leste de Suez, contudo, “não pode haver governos democráticos. A Índia deve ser governada segundo os velhos princípios”. (pg. 82)
Contudo, ao mesmo tempo em que defendia “...uma educação igual para todos, sem que qualquer grupo seja beneficiado.” e com professores não religiosos, mas “instrutores seculares nomeados pelo governo.”, Churchill era contra o movimento sufragista pois “Uma vez que se conceda o voto a um grande número de mulheres, que constituem a maior parte da sociedade […], todo o poder passará para as mãos delas”. (pg. 84)
CONTINUA




[1]   GILBERT, Martin. Churchill : uma vida, volume 1. tradução de Vernáculo Gabinete de tradução. – Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2016.
[2]   Em relação às referências das páginas, que fazemos ao final de alguns parágrafos, por uma questão estética e de não ficar sempre repetindo, criamos um código simples com o símbolo “<”. Sua quantidade antes da referência da página indica a quantos parágrafos anteriores elas se relacionam. Exemplo: A referência a seguir se refere ao parágrafo que ela finaliza e mais os dois anteriores  (<<pg.200-202).

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