COMO O CRISTIANISMO
TRIUNFOU EM ROMA – X
O conflito entre os
dois Augustos teve início em 314 d.C. com a Batalha de Cibalis, que
terminou com a vitória de Constantino.
Para Lissner1
o segundo confronto, ocorrido na Trácia (Batalha de Márdia),
terminou indefinido mas serviu para que os Augustos assinassem um
termo de paz que dividiu o Império Romano em dois estados
completamente separados e independentes pois “Nenhum deles tinha
o direito de imiscuir-se no outro.” (pg.494)
As atitudes dos dois
soberanos quando de volta a seus domínios foi totalmente oposta.
Veyne2,
defendendo a tese de que Constantino já era cristão convertido
nesta época, detalha os pontos que, acredita ele, foram a política
do governante já a partir de 312 d.C.(pg.9):
- Todas as suas medidas desde então visaram preparar um futuro cristão para Roma;
- Ele seria cristão mas permaneceu pagão, não perseguindo os cultos e seus seguidores;
- Apoiaria fortemente a Igreja, mas não imporia sua fé;
- Proibiria cultos à sua pessoa e dispensaria da realização de ritos pagãos os funcionários públicos cristãos;
- Não se empenharia na conversão dos pagãos, deixando esta tarefa à Igreja;
- Pensaria em abolir os sacrifícios de animais aos deuses, mas não chegaria a fazê-lo;
- Assumiria a função “... auto-proclamada de uma espécie de presidente da Igreja; atribuirá a si mesmo negócios eclesiásticos e usará de rigor não com os pagãos, mas com os maus cristãos, separatistas ou hereges.”(pg.10)
Se no Ocidente a paz
reinava por meio das ações de um Imperador politicamente hábil e
religioso tolerante, no Oriente Licínio se entregou a uma feroz
perseguição contra os cristãos: “As igrejas foram destruídas,
os dignatários condenados à morte e os fiéis lançados na
prisão.”(LISSNER, pg.494).
Mas, por conta do
acordo firmado em Milão, o Ocidente não podia interferir no que se
passava no Oriente. A situação mudou quando, em 324 d.C., os
bárbaros invadiram o império, atravessando o Rio Danúbio e não
foram contidos por Licínio, a quem cabia a tarefa.
Constantino então
rompeu o acordo e cruzou as fronteiras dos domínios de seu colega do
Oriente para combater os invasores. Este foi o estopim do novo
conflito Ocidente x Oriente.
Para Licínio,
entretanto, conforme destaca Lissner, esse foi o confronto entre duas
fés: “Essa batalha demonstrará qual de nós possui a boa
crença […] Se nossos deuses alcançarem a vitória, levaremos a
guerra contra todos os infiéis (os cristãos).”(LISSNER
pg.495)
A batalha decisiva
estava prestes a começar!
Continua...
1 LISSNER, Ivar. Os Césares – Apogeu e Loucura: Tradução de Oscar Mendes. Belo
Horizonte: Itatiaia, 1964.
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