LEOPOLDINA1
A LIBERTADORA DO
BRASIL
Quando as movimentações
separatistas começaram, a princesa Leopoldina escreveu ao
seu pai, o Imperador da Áustria, informando que no Brasil “...todos
os dias há novas cenas de revolta; os verdadeiros brasileiros são
cabeças boas e tranquilas; as tropas portuguesas estão animadas
pelo pior espírito, e meu esposo […] não dá exemplo de
firmeza...” (pg. 163)
Essa indecisão de D.
Pedro, que chegou a se entusiasmar com a ordem de retornar a
Portugal, começou a mudar em fins de 1821, mostrando a crescente
influência dos irmãos Andrada, e resultando no Dia do Fico
(09/01/1822).
Dia do Fico (09/01/1822). |
A
partir de então os acontecimentos foram se precipitando com a ordem
de retenção de todas as determinações vindas de Portugal até a
vistoria de D. Pedro (21/01/1822), a não admissão de oficiais
portugueses no beija-mão do aniversário da princesa (22/01) e a
partida do regente para o Sul em março.
Em 13/08/1822, a fim de
viajar para pacificar a província de São Paulo, D. Pedro nomeou
Leopoldina presidente dos negócios do governo. Este curto período
serviu para estreitar a colaboração da princesa com José Bonifácio
de Andrada, com quem compartilhava “...ideias monárquicas e
liberalismo moderado […] ideia do Brasil relativamente
independente...” (pg. 178)
Infelizmente, 15 dias
após deixar o Rio de Janeiro, D. Pedro conheceu a mulher que
destruiria seu casamento e seu governo: Domitila de Castro.
Alheia a mais uma
traição, Leopoldina escrevia constantemente sem receber resposta do
marido. Estava preocupada, em especial com o desembarque de 600
homens chegados em embarcações militares na Bahia.
Sob a ameaça de ataque
que pairava sobre a capital, o Conselho de Estado foi reunido em
02/09/1822 e decidiu, por sugestão de Bonifácio e aprovação
unânime de todos os membros, escrever ao regente rogando-lhe a
proclamação da independência.
Reunião do Conselho de Estado no qual a Independência de fato foi decidida. |
O
documento foi assinado e, junto com ele, seguiram cartas de
Leopoldina e Bonifácio. D. Pedro as recebeu por volta das 16hs do
dia 07 de setembro de 1822, às margens do Riacho Ipiranga.
Segundo Laurentino
Gomes (1822), "...do ponto de vista formal, a Independência
foi feita por Leopoldina e Bonifácio, cabendo ao príncipe apenas o
papel teatral de proclamá-la na colina do Ipiranga."
Ali o príncipe leu
também uma carta de seu pai, o Rei D. João VI, que o conclamava a
obedecer às cortes de Lisboa, e outra do Cônsul-Geral da
Grã-Bretanha, informando que havia a possibilidade de que fosse
destituído em favor do irmão Miguel, “...medida extrema que,
ao que parece, contava com o aval de […] Metternich...” (pg.
182)
A carta de Leopoldina,
que segundo Cassotti, tocou profundamente o orgulho masculino do
marido, terminava com uma daquelas frases capazes de inflamar ainda
hoje qualquer coração minimamente patriota:
O Brasil será em
vossas mãos um grande país. O Brasil vos quer para seu monarca. Com
vosso apoio ou sem vosso apoio, ele fará sua separação. O pomo
está maduro, colheio-o já, senão apodrecerá […] Já dissestes
aqui o que ireis fazer em São Paulo. Fazei, pois. (pg. 183)
Ao vacilante Pedro só
cabia um caminho e ele, sob o peso das Irradiações da Pureza de um
daqueles raros momentos em que se percebe a roda da História girar,
proclamou a nossa Independência, cumprindo, assim, sua missão.
Nascia então, por pressão da princesa Austríaca e de vários
outros, o Brasil!
Apesar
de importar pouco, é sabido que aquele momento histórico não foi
como representado por Pedro Américo no famoso quadro "O Grito
do Ipiranga".
D. Pedro não montava o
belo cavalo branco, mas uma boa mula baia. A viagem, de Santos a São
Paulo, resultaria em roupas amarrotadas e sujas de lama, sem contar
as constantes paradas por conta do desarranjo intestinal do príncipe.
O testemunho presencial
do Padre Belchior, que leu as cartas para D. Pedro, conta que este
tremeu de raiva, tomou-lhe os papéis das mãos, amassou e pisou.
Perguntada sua opinião, Belchior sugeriu a proclamação da
independência como único caminho.
O Padre conta que D.
Pedro parou depois, ainda desmontado no meio da estrada, e declarou,
conforme descreve Laurentino Gomes (1822):
Padre Belchior, eles o
querem, eles terão a sua conta. As cortes me perseguem, chamam-me
com desprezo de rapazinho e de brasileiro. Pois verão agora quanto
vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas
relações. Nada mais quero com o governo português e proclamo o
Brasil, para sempre, separado de Portugal.
Assim, este momento
Histórico da primeira declaração do príncipe não incluiu o
famoso grito “Independência ou Morte!” e nem estavam ao redor
dele os soldados.
A frase célebre só
seria proferida depois, já na presença dos futuros Dragões da
Independência quando, depois de retirar de seu chapéu os símbolos
de Portugal e atirá-los ao chão, D. Pedro gritou “E viva o
Brasil livre e independente!”, acrescentando, só então e logo
após “Será nossa divisa de ora em diante: Independência ou
Morte!”
Continua...
1Marsilio
Cassotti. A
biografia íntima de Leopoldina: a imperatriz que conseguiu a
independência do Brasil. São
Paulo: Planeta, 2015
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