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O ÊXODO E A HISTÓRIA - II
O Êxodo ocorreu? Muitos negam.
Outros acreditam piamente no relato bíblico. Não nos encaixamos em
nenhuma das duas vertentes. Também não acreditamos na subversão da
Natureza.
Para nós, aqueles eventos ocorreram
milimetricamente dentro das Leis Naturais, que são Leis de Deus. E
todos possuem uma explicação totalmente lógica. Pois a Verdade não
se afasta da lógica.
Isso não significa uma acusação
de falsidade ao texto, pois dois fatores devem ser considerados logo
de início: (1) o pensamento do homem da antiguidade atribuia os
acontecimentos naturais às suas divindades; (2) o Livro do Êxodo
foi compilado (e ampliado) somente vários séculos depois do
acontecimento, durante ou depois do cativeiro na Babilônia.
Apesar disso, admite-se que um grupo
de antigos semitas (que só foram chamados hebreus muito tempo
depois) teria se estabelecido no Egito sob dominação dos Hicsos,
durante a XV Dinastia.
O Faraó dessa época seria Apopi I
2,
sendo ele, portanto, quem nomeou José como seu ministro. Os Hicsos,
que de fato conquistaram o Egito, foram expulsos, mas os descentendes
de Israel teriam permanecido.
A Bíblia informa que os supostos
escravos israelitas teriam construído as “cidades-celeiros
de Pitom e Ramessés.” (Êxodo 1: 11), o que posiciona o
fim de sua permanência no Egito, de fato, à época dos Faraós Seti
I e Ramsés II.
E sabe-se que a cidade de Ramessés,
ou Pi Ramessés, ou ainda Per-Ramessés, realmente existiu, tendo
sido capital do Egito durante o reinado de Ramsés II.
São constatações interessantes,
que fornecem uma localização espaço-temporal para os confrontos de
Moisés com o Faraó, o que é muito bom.
Contudo, para cumprir nossa tarefa
auto-imposta de desmistificar o acontecimento, é preciso enfrentar
as contradições existentes no relato bíblico. Quais são elas?
A tradição coloca os israelitas
como escravos, embora a Bíblia3
não use a palavra “escravidão”: “Assim
que lhes fizeram amargar a vida com dura servidão,
em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo; com todo o seu
serviço, em que os obrigavam com dureza.” (Êxodo
1:14)
Quando se fala em escravidão as
pessoas comumente pensam na prática lastimável que existiu no
Brasil. Mas aquele tipo de exploração não existia no Egito Antigo.
Lá as pessoas não eram consideradas objetos sem vontade, situação
que só surgiu na Grécia séculos depois.
A servidão sim, existia. Mas ela
era aplicada a quase todos os trabalhadores egípcios, em especial os
camponeses que, depois da época da colheita, até o plantio
seguinte, trabalhavam para o Faraó nas grandes obras que erguiam
desde os templos, túmulos e palácios, até os projetos de
irrigação.
Para os egípcios, que acreditavam
na necessidade de agradar os deuses e auxiliar o Faraó em sua tarefa
de manter a Ma'at (ordem cósmica - Natureza em equilíbrio), esse
trabalho talvez fosse aceitável.
Se e quando os israelitas foram
incluídos nessa prática, obviamente não se agradaram, considerando
que sua crença era bem diferente e sua cultura era pastoril e não
agrícola nem servil.
Continua...
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2Apopi
(Ipepi na língua egípcia antiga) foi um faraó pertencente à
linhagem dos hicsos que governou o Baixo Egito durante a dinastia XV
e o final do segundo período intermediário. Apopi I governou o
norte do Egito por 40 anos. Embora Apopi I tenha governado o Alto
Egito, este faraó era dominante em quase todo o Egito. Apopi I como
era de origem hicsa mantinha relações pacíficas com os nativos do
Egito. Outro fato importante acontecido no reinado de Apopi I foi a
vinda de José (filho de Jacob) para o Egito como escravo. Apopi I
teve dois filhos: Príncipe Apopi e Princesa Herit. Após sua morte
os hicsos foram expulsos do Egito.
CONTEÚDO
aberto. In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Apopi_I - 04/09/15
3Bíblia
versão Almeida, Corrigida e Revisada Fiel. Em todas as versões de
Língua Portuguesa que pesquisamos não é usado o termo
“escravidão”, com exceção da Nova Versão Internacional.
Todas as versões tradicionais pesquisadas, inclusive a versão do
Rei James, usam a palavra “servidão” ou “servir”.
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