Estátua de Leopoldina à frente da Quinta da Boa Vista |
Em
20/11/1826 a Imperatriz recusou-se a comparecer ao beija-mão de
despedida do Imperador, que estava de partida para o Sul. Este,
revoltado, teria tentado forçá-la e comparecer. Alguns acreditam no uso
da força física, mas não há registros disso. O fato é que o estado de
saúde da Imperatriz, que já era delicado, agravou-se.
Entre
01 e 02/12/1826 Leopoldina sofreu um aborto e seu estado de saúde só
decaiu. Para piorar, Domitila de Castro, que tinha acesso ao quarto,
impunha sua presença ao lado do leito onde a Imperatriz agonizava e fez
isso de tal forma que precisou ser expulsa por amigos fiéis da soberana.
Em
11/12/1826 Leopoldina faleceu em seu quarto, na Quinta da Boa Vista. A
notícia consternou o país e abalou de maneira irremediável o prestígio
do Imperador.
Laurentino Gomes (1822) afirma que "O povo saiu às ruas em prantos. Escravos se
lamentavam aos gritos [...] A casa da marquesa de Santos, apontada como
culpada pelo sofrimento da imperatriz, foi apedrejada."
Se
me permitem um comentário pessoal, mesmo tentando não fazer um
julgamento do homem Pedro, que ademais não nos cabe, é muito difícil
fazer a leitura da obra que acabamos de resumir sem sentir o sangue
ferver por uma grande ferida em nosso senso de hombridade, de honra, em
nosso sentido cavalheiresco.
O
que foi feito contra a Imperatriz Leopoldina, por aquele que mais
deveria protegê-la e respeitá-la, não se faz com mulher nenhuma, ainda
mais com uma do comportamento moral irretocável da soberana.
A
morte, apesar de tudo, veio por fim a uma vida de sofrimentos. Seu
legado, porém, permanece. À guisa de prece, e resgatando outra soberana
subestimada da História, em gratidão à Imperatriz Leopoldina por tamanha
herança e sacrifício, lembramos das Palavras de Jesus:
“A
rainha do Sul se levantará no Juízo com esta geração e a condenará,
pois ela veio dos confins da terra para conhecer os sábios ensinamentos
de Salomão. E eis que aqui está quem é maior do que Salomão.” (Mateus 12:42)
Leopoldina foi muito maior que Pedro...
FIM
1Marsilio Cassotti. A biografia íntima de Leopoldina: a imperatriz que conseguiu a independência do Brasil. São Paulo: Planeta, 2015
2Carlota
Joaquina espalhara um boato de que o marido sofria de doença mental e
tentara tomar o poder com apoio de alguns fidalgos portugueses.
3À
época ser despido não significava ficar completamente nu. D. Pedro deve
ter ficado de camisa e ceroulas, enquanto Leopoldina deve ter ficado de
camisolão.
4GOMES,
Laurentino. 1822: como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês
louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil, um país que
tinha tudo para dar errado. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010.
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