EGITO
– ADMINISTRAÇÃO E SOCIEDADE
O
Faraó governava o Egito com poder absoluto e divino, sem ter,
aparentemente, um código legal rígido ao estilo Hamurabi que o
apoiasse, ou limitasse. Era ele quem fazia a intermediação entre os
homens e os deuses e as dádivas da natureza chegavam ou faltavam
conforme fosse sua atuação.
Hoje
isso nos parece absurdo, porém devemos olhar aquele período como as
pessoas da época o viam. Não havia os recursos científicos e os
estudos que temos agora, portanto, quando Menés (ou Narmer), o
primeiro Faraó, construiu uma barragem que livrou a capital das
cheias do Nilo, não é de admirar que o povo visse nele um ser com
poderes divinos, uma vez que foi capaz de vencer o poderoso Nilo!
A
ausência de uma constituição fixa não significa a inexistência
de leis. Os decretos que garantiam a ordem dentro da sociedade
egípcia, que manifestavam a autoridade do Faraó, permitiam a
manutenção da Ma'at (ordem, justiça) aparentemente solucionando conflitos na medida
em que surgiam, aplicando penalidades quando era o caso.
Casos
de menor proporção eram solucionados nos Kenbet, Conselhos de
Anciãos locais. Casos maiores eram encaminhados ao Grande Kenbet,
onde as sentenças eram proferidas pelo Vizir ou pelo próprio Faraó.
O
capítulo das Confissões Negativas, do Livro dos Mortos, permite
observar o que a sociedade egípcia considerava crime, a ponto de
impedir a vida após a morte de uma alma. Trataremos desse tópico na
série específica, mas podemos destacar que o assassinato, roubo,
difamação e o comportamento violento figuravam entre os principais
pecados na consciência moral no Egito.
O
Faraó possuía, ainda, a maior parte das melhores terras e a maioria
dos camponeses, artesãos e eventuais escravos trabalhavam para ele
ou para os templos em torno dos quais a vida egípcia se desenrolava.
Abaixo
do Faraó, na pirâmide social, vinham os sacerdotes, que serviam aos
deuses e assessoravam o soberano em suas funções nos templos,
representando-o devido à impossibilidade de este ir a todos os
eventos religiosos.
A
economia do Egito, como já dissemos, girava em torno dos templos,
que eram o destino da riqueza produzida, já que tinham a
responsabilidade de guardar e distribuir os alimentos e isso era uma
imensa fonte de poder para os sacerdotes e seus funcionários. Em
determinados momentos da História do Egito, eles acumularam poder
político, econômico e militar que rivalizavam com o do Faraó.
Abaixo
destes vinham os funcionários públicos, que serviam ao Faraó ou
aos templos, e formavam a elite dominante do Egito. Apesar do status
social inferior ao dos sacerdotes, era um funcionário público, o
Vizir, o segundo em comando, abaixo apenas do soberano. O personagem
bíblico José é apresentado como uma espécie de Vizir. A serviço
dos templos temos o exemplo do escriba Ani, sobre quem escreveremos
posteriormente.
Os militares mais graduados também tinham posição social de destaque, o mesmo não se podendo dizer dos soldados, recrutados dentre a população ou contratados (mercenários) embora vivessem em situação bem melhor que os camponeses.
Apesar
da unificação do país, os Nomarcas continuaram a existir como
governantes dos 42 nomos existentes, onde governavam como
representantes do Vizir.
Depois
vinham os comerciantes e artesãos, que confeccionavam e vendiam
praticamente todos os produtos consumidos por aqueles que podiam
pagar. Se pudermos cometer um anacronismo, diríamos que estes, junto
com os funcionários públicos de menor escalão, eram a classe
média.
A
força que sustentava todo o país vinha dos camponeses. Eram eles
que cultivavam a terra e, nos períodos da entre-safra, trabalhavam
nas obras públicas. A imensa maioria vivia de forma muito miserável,
em casebres de apenas um compartimento, geralmente sem janelas, onde
humanos e animais dividiam o espaço.
A
base da pirâmide, os escravos, eram fruto das conquistas militares e
poderiam ser empregados em vários tipos de atividades. Mas o status
social dos escravos no Egito antigo era diferente do que nós
conhecemos. Eles não eram tidos como objetos sem vontade, conceito
que surgiu na Grécia e foi aprofundado em Roma.
Continua!
Imagem:
http://pasoazulblog.com/2014/01/22/faraon-y-meiamen-realeza-egipcia/
http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/especial_egito_cativos_sim_escravos_nao.html
http://www.geocities.ws/athens/Marble/4341/egpcio.htm
http://www.cervejasdomundo.com/Na_antiguidade.htm
http://vivianebolosdecorados.blogspot.com.br/2011/03/genesis-do-bolo.html
http://egitorevelado.blogspot.com.br/2011/09/agricultura.html
http://antigoegito.org/agricultura-egipcia/
http://cultura.culturamix.com/historia/economia-no-antigo-egito
https://cpantiguidade.wordpress.com/2010/08/25/o-modo-de-vida-nas-aldeias-camponesas-do-egito-faraonico/
http://historiageneral.com/2011/10/26/los-escribas-en-el-antiguo-egipto/
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