A BATALHA DO SOMME
A luta na região do Rio Somme foi mais uma carnificina da
Grande Guerra, com a diferença de ser planejada pelos ingleses, contra os
alemães.
Ela foi a contra-partida britânica ao acordo da
Conferência de Chantilly (dez/1915), na qual foram acordados ataques
simultâneos dos aliados (russos, britânicos, franceses e italianos), visando
pressionar seus inimigos por todos os lados.
No caso específico desta batalha, a Inglaterra se
aproveitava da situação em Verdun-sur-Meuse, na qual os alemães depositavam o
grosso de suas tropas e materiais, deixando menos protegidos outros setores da
frente, como o Somme.
Por outro lado, e pelo mesmo motivo, essa ofensiva
contaria com poucas tropas francesas. A Força Expedicionária Britânica, porém,
fora muito ampliada por conta do alistamento militar obrigatório, que rendera
mais dois exércitos bem equipados, embora mal treinados.
Os britânicos também tinham grande superioridade em
artilharia que “...incluía cerca de 3 mil canhões, metade dos quais era
britânica, metade,francesa.”[1].
Essa superioridade também se verificava no ar, onde a aviação aliada superava a
alemã.
A despeito de toda essa vantagem material, os comandantes
aliados divergiam quanto à estratégia de ataque e um dos motivos era a
desconfiança quanto ao preparo de seus homens para a batalha.
Por fim, optaram pelo básico bombardeio da artilharia e o
avanço da infantaria para abrir uma brecha que seria invadida pela
cavalaria.(?!)
O ataque foi iniciado em 24/06 com o bombardeio da
artilharia, gás cloro e a explosão de túneis escavados sob as trincheiras
alemãs. Os aliados lançaram “...12 mil toneladas de projéteis de artilharia
– cerca de 1,7 milhão de disparos.”[2].
Apesar das grandes baixas sofridas, os alemães
conseguiram uma rápida recuperação, considerando que o bombardeio “...não
conseguiu destruir seus esconderijos subterrâneos mais profundos nem suas
plataformas de metralhadoras fortificadas, e deixou grande parte de seu arame
intacta.”[3].
Para complicar, as explosões dos túneis secretos
escavados sob as trincheiras alemãs mais dificultou do que ajudou o avanço,
pois os buracos abertos eram praticamente “intransponíveis”.
Os soldados avançavam em meio às crateras, lamaçal e
arame farpado da Terra de Ninguém, onde eram massacrados pelo fogo das
metralhadoras, granadas, bombas e fuzis dos alemães, que recuaram poucos
quilômetros de sua posição original.
O resultado foi que, a exemplo de tantos outros avanços,
este resultou em banho de sangue. As baixas foram tão terríveis que
traumatizaram a população inglesa pois “Cidades como Manchester, Birmingham,
Liverpool, Sheffields, Leeds, Bradford e outras, tiveram de reconhecer a
realidade da guerra total. Bairros inteiros […] perderam seus homens.”[4].
Em meados de julho uma nova tentativa foi feita com a
infantaria reunindo-se à noite e avançando sem apoio da artilharia. Conseguiram
avançar cerca de 6km, mas não dispunham de reservas para completar o trabalho
de modo que “...a batalha seguiu a pauta familiar de uma carnificina de
desgaste.”[5].
Outros ataques, em setores diferentes, visando evitar a
concentração de reforços alemães, tiveram custo alto em vidas, a exemplo das
tropas australianas próximas à cidade de Artois, onde sofreram nada menos que “5.500
vítimas” em um único dia.
Com o fim da Batalha de Verdun se aproximando, os alemães
reforçaram a frente do Somme, complicando ainda mais os planos aliados. Apesar
disso, em 15/09 um novo ataque teve início, desta vez usando tanques pela
primeira vez na guerra.
A Inglaterra enviou 49 tanques Mark I, que pesavam 28
toneladas e “corriam” a 5
km/h ! Mas, destes 49 tanques, “...apenas 32 chegaram
à frente de batalha, dos quais apenas 9 conseguiram cruzar a terra de ninguém
para enfrentar o inimigo.”[6].
Apesar desse fiasco, e graças ao tremendo impacto
psicológico que os monstros de ferro causaram nos soldados que nunca tinham
visto nada semelhante, os alemães recuaram. Mas só um pouco
Porém, neste mesmo mês de setembro/1916, a força-aérea
alemã voltou a ter o domínio dos ares. Entrava em cena o Esquadrão de Caça
Jasta II, no qual servia Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen, o Barão
Vermelho.
A supremacia aérea, que significava a coleta de
informações precisas sobre a localização de alvos e o movimento de tropas, foi
fundamental para que os alemães equilibrassem o jogo em terra.
A Batalha do Somme começou depois e terminou antes do
final oficial da Batalha de Verdun. Apesar disso conseguiu matar mais soldados.
Números oficiais apontam “...624 mil baixas Aliadas (420 mil britânicas
[...], 204 mil francesas), incluindo 146 mil mortos ou desaparecidos, contra
429 mil perdas alemãs, incluindo 164 mil mortos ou desaparecidos.”[7].
As duas batalhas, Verdun e Somme, mostraram que a
estratégia de desgastar o adversário trazia, na verdade, perdas para os dois
lados e que “...a superioridade dos efetivos e a abundância de material
podiam assegurar êxitos parciais, mas estes êxitos […] não bastavam para
implicar a ruptura da frente.”[8].
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[1] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 275.
[2] Ibid. pg. 276.
[3] Ibid. pg. 276.
[4] PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial.
Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 22. Tradução livre.
[5] Ibid. pg. 23.
[6] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial –
História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 280.
[7] Ibid. pg. 283.
[8] RENOUVIN, Pierra. La
Primera Guerra Mundial.
Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora
Montserrat, 1990. pg. 20. Tradução Livre.
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