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segunda-feira, 20 de março de 2017

IMPERATRIZ LEOPOLDINA - Parte VII

IMPERATRIZ LEOPOLDINA – MATRIARCA DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL – Parte VII1
A lendária infidelidade do marido Pedro começou a operar no dia seguinte ao casamento, quando levou a esposa à casa que abrigava seu guarda-roupa, na qual ele podia ver Noémi Thierry, filha de um artista francês por quem estava apaixonado desde que seu casamento era arranjado sem seu conhecimento.
Sem saber de nada disso, Leopoldina escreveu que emocionara-se com a recepção que recebera e que, os que a cercavam eram, todos, “...anjos de bondade, especialmente meu querido Pedro...” (Cassotti - pg.112)
Nos primeiros meses de casamento as cartas de Leopoldina permitem imaginar que foi feliz. Escrevia sobre as qualidades do marido, propunha-se a instruí-lo e o acompanhava sempre em passeios.
As cartas de Leopoldina.
Outros relatos, porém, dão conta de que o marido não era tão atencioso assim, que precisava ser repreendido pela mãe para que desse mais atenção à esposa. A própria Leopoldina chegou a escrever reclamando de dias difíceis e mau humor pois o marido “... não me deixava dormir, até que eu lhe disse, sinceramente, que estava abatida.” (Cassotti - pg.112)
Testemunhar um ataque epilético brando de D. Pedro também abalou a princesa e a solidão da vida no Rio de Janeiro começou a afetá-la, chegando a escrever que sentia falta de ir ao teatro e de interagir socialmente com pessoas diferentes, faltas que ela procurou preencher com aulas de “canto, português e latim” nas manhãs, e passeios à tarde.
Os primeiros conflitos entre o casal surgiram por questões financeiras. Os rendimentos da princesa acabavam sempre indo parar nas mãos do marido, impedindo-a de cumprir compromissos assumidos.
Outros problemas foram causados por desentendimentos entre as servidoras austríacas da princesa e os portugueses. A maioria delas se tornou aliada de Carlota Joaquina e acabou substituída por criadas portuguesas.
Em 1818 as cartas de Leopoldina começam a revelar que ela já percebia as falhas de caráter do esposo, escrevendo que “... com toda a franqueza ele diz tudo que pensa, isso às vezes com certa brutalidade. Acostumado a executar sempre sua vontade, todos devem se adequar a ele. Até eu sou obrigada a aceitar algumas respostas ácidas.” (Cassotti - pg.125)
A má fama de sua sogra ela agora podia testemunhar pessoalmente: “seu comportamento é vergonhoso, e, infelizmente, já se vêem as tristes consequências em suas filhas menores...” (Cassotti - pg.126)
Neste época tornaram-se frequentes os passeios de Leopoldina que buscava, no isolamento da natureza deslumbrante, ficar afastada o quanto possível das pessoas e situações que a cercavam.
Continua...
1Marsilio Cassotti. A biografia íntima de Leopoldina: a imperatriz que conseguiu a independência do Brasil. São Paulo: Planeta, 2015

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