O NY Times anuncia 866 resgates e (±)1.250 mortes7 |
Em um dia 15 de abril como este, no ano de 1912, o HMS Titanic encontrava-se com o iceberg que o levou às profundezas do Atlântico Norte em sua viagem inaugural.
Muito já foi escrito sobre essa tragédia que parece ser um daqueles temas inesgotáveis da História tal o fascínio que exerce sobre tantas gerações.
Talvez a causa disso esteja nos detalhes novos que vão sendo descobertos e que são julgados pelos leigos segundo os próprios critérios contemporâneos, bem como pelos estudiosos, que fazem a análise contextualizada.
Causa espécie o conhecimento, já bastante difundido, de que o número de botes salva-vidas no Titanic não era suficiente para todos os passageiros3 (o que era aceito na época) e que as pessoas da primeira classe tiveram preferência de embarque4 (o que também era aceito) mas, no caos do momento, muitos destes ficaram de fora.
Contudo, mesmo essa aceitação tácita não justifica que botes tenham sido lançados ao mar com um número de pessoas bem inferior à capacidade máxima, só para não incomodar algumas madames mais exigentes quanto ao próprio conforto. Essa é uma informação que mantém aceso o interesse pelo assunto, seja verdadeira ou não.
Uma informação que goza de menos conhecimento público é a de que o Dr. Donald Olson, físico da Universidade do Texas, e uma equipe de astrônomos, afirmou que a proximidade da Lua com a Terra no início de 1912, a maior em 1400 anos5, teria deslocado, ao influenciar as marés, a massa de icebergs para a rota do Titanic.
Outra informação pouco difundida é a de que o Historiador Britânico Tim Maltin afirma que uma miragem6 pode ter confundido os observadores da torre de vigia que só avistaram o iceberg tarde demais. Além disso, a noite espetacularmente estrelada de 14/04/1912, teria confundido os observadores do Californian, (o navio mais próximo), em relação aos foguetes e códigos de luz enviados pela embarcação agonizante, impedindo assim, que o socorro fosse feito.
Fotografia de um iceberg na vizinhança do local do naufrágio do Titanic, tirada em 15 de abril de 1912 pelo camareiro chefe do Prinz Adalbert que disse que o iceberg possuia tinta vermelha igual àquela encontrada no casco do Titanic.8 |
Enfim, parece que tudo convergiu inevitavelmente para aquele final e isso abre espaço para avaliações no campo da metafísica, sobre carma e destino, que nós não descartamos, embora, enquanto ciência, a História não tenha condições de validar essas afirmações que ainda estão fora do que pode ser comprovado com meios terrenos.
A respeito dos que sobreviveram, um grupo de 700 pessoas, temos Histórias bem impactantes também.9 como a dos irmãos Edmond e Michel Navratil, de 3 e 2 anos respectivamente, cujo pai os havia trazido na viagem sem o conhecimento ou consentimento da mãe de quem havia se separado.
Antes de morrer o pai colocou os irmãos num bote e pediu-lhes que dissessem à mãe que a amava. A mãe os encontrou somente em 16 de maio de 1912 após ver sua foto em um jornal.
Michel viveu na França e morreu aos 92 anos de idade. Edmond chegou a se alistar no Exército Francês durante a II Guerra, mas teve que sair por problemas de saúde, morrendo aos 43 anos.
Os gêmeos Edmond e Michel Navratil |
Margareth Brown, que teria inspirado a personagem Molly, rica amiga de Rose e Jack no filme de James Cameron, era relativamente famosa e havia concorrido a uma eleição estadunidense antes de as mulheres terem direito a voto. Ela estava voltando aos EUA por conta da doença de seu neto e liderou o Comitê de Sobrevivência do Titanic que arrecadou milhares de dólares para ajudar os sobreviventes necessitados. Morreu aos 65 anos em New York.
Margareth Brown |
Temos também a História de Violett Constance Jessop, comissária de bordo e depois enfermeira que trabalhou nos navios Olympic, Titanic e Britannic, todos os três naufragados com ela a bordo, que sobreviveu em todos os casos. Violett só morreu aos 83 anos, em terra firme.
Violett Constance Jessop |
A maioria dos mortos cujos corpos foram resgatados está enterrada em quatro cemitérios:
No Fairview Lawn Cemetery estão 121 vítimas, no Cemitério Católico Monte das Oliveiras estão 19 sepultamentos e o Cemitério Barão de Hirsch concentra 10 vítimas, todos na cidade de Halifax, Canadá.10
Fairview Lawn Cemetery - Entrada |
As lápides dos mortos no Titanic |
No Fairview Lawn Cemetery está a lápide da criança desconhecida, com a inscrição "Erguido à memória de uma criança desconhecida cujos restos foram recuperados após o desastre do "Titanic" - 15 de abril de 1912". Posteriormente, em 2007, a criança foi identificada como sendo Sidney Leslie Goodwin, que tinha 19 meses quando morreu junto com toda sua família.
Os Goodwin estavam de mudança para os EUA onde o pai, Joseph Frederick Goodwin, pretendia trabalhar em uma estação de energia recém-inaugurada a convite de seu irmão Thomas. Joseph comprou passagens para o SS New York de Southampton, mas uma greve nas minas de carvão atrasou a viagem e a família foi transferida para o Titanic...
É por Histórias como esta, que pululam em todo tipo de desastre, que não descartamos o componente metafísico que a ciência não consegue alcançar.
O bebê Sidney Leslie Goodwin e a Lápide de Joseph Dawson |
Também no Fairview Lawn Cemetery está a lápide de J. Dawson, que muitas pessoas pensam se tratar do Jack Dawson, personagem vivido por Leonardo Di Caprio no filme de James Cameron. Mas J. Dawson é, na verdade, Joseph Dawson, “um irlandês que trabalhava na sala de caldeira do Titanic como um aparador de carvão.”
Lamentamos muito a perda de vidas no desastre do Titanic. Lamentamos ainda mais o pensamento da época que considerava existir uma escala de importância classificando prioridades econômicas no salvamento de vidas humanas.
1 Adaptado a partir de texto contido na obra História, Humanidade e Carma, da Editora Ordem da Cruz da Verdade.
2 https://pt.wikipedia.org/wiki/RMS_Titanic
3 A investigação feita pela Associação Comercial Britânica chegou a conclusões revoltantes. Os escaleres do Titanic tinham lotação para 1.178 pessoas, ou seja um têrço da capacidade do navio. Seus 16 escaleres e quatro botes de borracha tinham salvo apenas 711 náufragos, e 400 pessoas perderam a vida inutilmente. Sobre o Californian também pesava terrível condenação. Vira os foguetes do Titanic mas não tinha recebido os avisos telegráficos, porque o radiotelegrafista adormecera.
Hanson W. Baldwin. O Titanic Não Afunda – Acesso em 18/04/14
Disp: http://thetitanic.no.comunidades.net/index.php?pagina=1115665014
4 A diferença nas acomodações evidenciavam as delimitações e diferenças entre as três classes que ocupavam o transatlântico. Distinções que explicam os números de vítimas salvas no desastre. Dos números de passageiros resgatados: 203 de 325 da primeira classe foram salvos(62%), 118 de 285 da segunda (41%) e 178 de 706 da terceira classe (apenas 25%) com apenas um terço das crianças resgatadas.
Yasmim Alves. Dossiê Titanic - 100 anos do Desastre. Lugar de Memória – Acesso em 18/04/14
Disp: http://blugardememoria.blogspot.com.br/2012/04/dossie-titanic-100-anos-do-desastre.html
5 O que afundou o Titanic? Teria sido uma maldição, uma fraude ou simplesmente estava escrito nas estrelas.
Disp.: http://molhoingles.com/titanic-100-anos-5-teorias-da-conspiracao/Aces: 18/04/14
6 O historiador começou por investigar numerosos registros da temperatura da água e do ar da zona do naufrágio, recolhidos em 1912, por navios que navegavam nas proximidades do Titanic, tendo descoberto alterações bruscas de temperatura, quer da água quer do ar. Estas alterações consubstanciam a chamada Corrente do Labrador, numa corrente de água gelada vinda da Gronelândia. O arrefecimento do ar quente junto da água criam condições perfeitas para uma miragem, tal como as observáveis no deserto. Desta forma, o choque térmico pode criar um efeito óptico que eleva o horizonte acima da linha real, dificultando a visão clara de uma linha do horizonte que se confunde entre o mar e o céu, como chegou a revelar o comandante do Californian que desta forma sempre procurou se defender por não ter feito rumo ao Titanic. Essa noite estrelada, clara, de miragem e de falso horizonte fez com que os vigias do Titanic não tivessm visto a tempo o enorme icebergue que o Titanic acabaria por colidir por estibordo, em inglês, starboard, o lado das estrelas... O historiador britânico Tim Maltin afasta o erro humano e conclui que foi a Mãe Natureza a única responsável pela tragédia do Titanic.
Miragens na origem da tragédia do Titanic. Revista Cruzeiros. – Acesso em 18/04/14
Disp: http://blogue.cruzeirosonline.com/2012/04/miragens-na-origem-da-tragedia-do_14.html
7 T he New York Times front page for April 16, 1912 headlines the grim news about the Titanic disaster.
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:The_New_York_Times_front_page_for_April_16,_1912_headlines_the_grim_news_about_the_Titanic_disaster..jpg#filehistory
8 How Large Was The Iceberg That Sank The Titanic. Navigation Center, United States Coast Guard.
Disp: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/5d/Titanic_iceberg.jpg . Acesso: 18/04/14
9 https://incrivel.club/inspiracao-historias/o-que-aconteceu-com-os-sobreviventes-do-naufragio-do-titanic-455310/
10 https://pt.wikipedia.org/wiki/Cemit%C3%A9rio_de_Fairview
MANDELA LIVRE!
Na
metade final dos anos 80 a África do Sul era pressionada por todos os
lados e em todo o mundo pelo fim do Apartheid e a libertação de Nelson
Mandela.
No
front interno do combate ao regime racista a luta se intensificou. Em
1985 foi iniciada uma campanha para prejudicar a governabilidade do
país.
O CNA aumentou o número de atentados e os confrontos se espalharam pelos subúrbios.
Mais de 700 mortes foram registradas.
http://buzzsouthafrica.com/ugly-and-less-known-facts-you-wont-believe-about-nelson-mandela/
|
Naquele
ano, após uma cirurgia na próstata, Mandela foi isolado de seus
companheiros e passou a negociar sozinho com o governo um fim para os
conflitos, o que causou desconfiança entre seus próprios seguidores.
As
propostas do governo de que receberia a liberdade em troca de
reconhecimento ao regime foram recusadas por Mandela que, com isso,
colocou o Presidente Pieter Willem Botha em xeque.
Em
1988 Mandela sofreu de tuberculose e foi transferido para a Prisão de
Victor Verster, onde não ficava em uma sela, mas em um bangalô com
piscina e cozinheiro exclusivo.
O regime temia que ele morresse de doença e que não houvesse mais ninguém com quem pudesse negociar e evitar a guerra civil.
As
negociações avançaram e, em 05/07/1989, o Presidente Pieter Botha se
encontrou com Nelson Mandela para preparar sua libertação.
Mas
foi o seu sucessor na liderança do Partido Nacional, Frederick de
Klerk quem, no dia 02/02/1990 anunciou no Parlamento as primeiras
medidas para pôr fim ao sistema de Apartheid.
De Klerk e Mandela em Davos - 1992
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Frederik_de_Klerk_with_Nelson_Mandela
_-_World_Economic_Forum_Annual_Meeting_Davos_1992.jpg
|
Nove dias depois, em 11/02/1990, Nelson Mandela foi libertado da prisão e recepcionado por uma multidão do lado de fora.
Esse texto é parte de uma série que pode ser lida clicando aqui.
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COMEÇA O CONCÍLIO DE CLERMONT - CONVOCAÇÃO DA 1ª CRUZADA
A
tragédia humana que foram as Cruzadas começou a se desenvolver no
Concílio de Placência, Itália. Realizado entre os dias 01 e 05 de março
de 1095, ele foi convocado pelo Papa Urbano II após o conflito entre
Roma e o Imperador Henrique IV, do Sacro Império Romano-Germânico.
Durante a reunião foi apresentado o pedido de socorro do Imperador
Bizantino Aleixo I Comneno, que lutava contra os turcos.
Descrito por Amin Maalouf como “...quinquagenário
de baixa estatura, olhos cintilantes de malícia, de barba bem cuidada,
modos elegantes, sempre paramentado de ouro e ricas roupagens azuis...”[1], Aleixo I pretendia o envio de mercenários, mas o que Roma lhe enviou superou negativamente suas expectativas.
Diante
do pedido de socorro bizantino, o Papa Urbano II vislumbrou a chance
de, a partir de uma causa comum, reunir toda a cristandade em torno de
seu comando único![2]
O
Papa, então, convocou outro concílio, marcado para novembro daquele
mesmo ano na cidade de Clermont, atual Clermont-Ferrand, França.
Na ocasião Urbano II prometeu o perdão dos pecados para quem fosse à Terra Santa combater os pagãos.[3]
Foi
estrondosamente aclamado por ricos e pobres e, a partir dali, ele
próprio e o clero passaram a pregar a Guerra “Santa” pela Europa.
[1] MAALOUF, Amin. As Cruzadas vistas pelos Árabes. 4ª ed. SP: Brasiliense. 1994. pg. 18
[2] FRANCO Jr., Hilário. As Cruzadas. 6ª edição. SP: Brasiliense. 1989. pg. 26
[3] (FRANCO: 1989) pg. 27
NAPOLEÃO ENTRA EM MOSCOU1
Em um dia como este 14 de setembro, no ano de 1812, Napoleão Bonaparte e seu exército entravam na cidade de Moscou, como resultado da invasão da Rússia, iniciada em 24/06/1812.
Na França essa invasão denominada Campanha Russa, na Rússia é conhecida como Guerra Patriótica de 1812. O próprio Napoleão, porém, a denominou de Segunda Guerra Polaca.
A campanha tinha dois objetivos básicos: forçar a Rússia a permanecer no Bloqueio Continental, decretado por Napoleão para coibir o comércio com a Inglaterra, e impedir a invasão da Polônia pelos russos e a preparação começou ainda em 1810, com a arregimentação de tropas que envolviam, além dos franceses, também homens da “Prússia, Áustria, Baviera, Saxônia, Itália, Nápoles, Polônia, Espanha e Croácia.”
Ao todo o Grand Armée para invasão da Rússia foi composto por 610 mil soldados, 1420 canhões, 70 mil tropas de reserva e mais todos os comboios, cavalos, outros animais e aquelas pessoas que sempre seguiam a retaguarda dos exércitos.
Por seu lado o Csar Alexandre I também vinha montando um grande exército, que chegaria a 900 mil combatentes, mas que ainda não estavam reunidos, pois viriam de diversas partes do império russo. Quando a invasão começou, de surpresa, essa grande força não pode ser usada na defesa do território.
O Grand Armée iniciou a guerra cruzando o Rio Neman em 24/06/1812 e menos de dois meses depois já tomava Smolensk.
Os três exércitos russos de defesa, apenas um deles com mais de 100 mil homens, recuavam em todas as frentes, mas conseguiram deter o avanço rumo a São Petesburgo.
Do lado francês, as perdas já totalizavam um terço das tropas, não apenas por morte, mas também por doenças, fadiga e deserções. A desvantagem francesa é que não tinha como repor essas perdas.
Para piorar a situação, o Csar convocou o povo russo a defender e Pátria ao mesmo tempo em que decretou a política de terra arrasada, o que privou os franceses de conseguir suprimentos e alimentos no decorrer do caminho.
Do lado russo a desvantagem inicial, representada pelos sucessivos recuos, trazia a condição de não sofrer perdas irreparáveis, pois não ofereciam batalhas decisivas, não tinham problemas com alimentação e suprimentos e podiam sempre receber tropas novas, vindas dos rincões mais distantes da Rússia.
A despeito disso, o avanço francês prosseguia, agora rumo a Moscou, sob comando de Napoleão em pessoa. Menos de 200km da cidade os russos finalmente ofereceram uma batalha de grandes proporções.
O General Kutuzov posicionou 155 mil homens e 640 canhões nas imediações da aldeia de Borodino. Napoleão chegou com 135 mil homens e 587 canhões. O combate durou o dia inteiro.
Ao final daquele dia 07/09/1812 os russos haviam perdido 66 mil soldados e decidiram recuar para além de Moscou, abandonando a cidade para Napoleão, que havia perdido “58 mil mortos, incluindo 48 marechais”.
Só que a política de terra arrasada foi aplicada com ainda mais rigor em Moscou. Além da destruição de todos os recursos que pudessem servir ao invasor, a cidade foi evacuada e “minada”, ou seja, foi preparada para ser incendiada com os franceses dentro.
No dia 14/09/1812 Napoleão adentrou Moscou esperando saquear tudo e reabastecer suas tropas mas, o que viu foi a cidade começar a arder completamente.
Napoleão ainda permaneceu cinco semanas acampado em Moscou, aguardando a rendição dos russos que nunca veio. Então, ciente de que nesse tempo os adversários estavam se rearmando, enquanto ele não tinha como manter seus soldados numa cidade vazia, ele decidiu pelo retorno à França.
A volta foi catastrófica para o Grand Armée, como se sabe, pois então os recuos russos se transformaram em ataques e o General Inverno entrou em ação.
Esse período foi decisivo para o futuro de Napoleão, da França e da Europa inteira.
Fontes e Imagens
1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Campanha_da_R%C3%BAssia_(1812)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Moscou#Czarado_e_Imp%C3%A9rio
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Patriotic_War_of_1812_in_art
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Battle_of_Borodino_in_art
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:French_invasion_of_Russia?uselang=pt
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No ano 70 d.C., as tropas romanas comandadas pelo General Tito, invadiam Jerusalém, iniciando a destruição da cidade, inclusive do Templo de Salomão, reconstruído décadas antes por Herodes, o Grande.
A tomada da cidade colocava, na prática, ponto final à Grande Revolta Judaica, iniciada quatro anos antes, em 66 d.C., quando os judeus se revoltaram contra a ordem de tomada de parte do tesouro do templo, expedida pelo Procurador da Judeia Géssio Floro, representante de Roma.
Os judeus se recusaram a entregar o tesouro e a retaliação romana consistiu na autorização de saque de parte de Jerusalém e na crucificação de alguns judeus eminentes.
Em resposta à repressão, a revolta estourou. Liderados por Eleazar, os revoltosos tomaram o templo e a Torre Antônia anexa, massacrando as tropas romanas mesmo após terem se rendido.
Outras fortalezas foram tomadas, tropas massacradas ou cercadas em Massada, Chipre, Macero e Ascalão.
O Templo de Herodes e a Fortaleza Antônia anexa, no alto à direita.
A primeira força enviada por Roma contra os rebeldes, liderada pelo recém-nomeado Governador da Síria, Caio Céstio Galo, foi dizimada e os sobreviventes se refugiaram na capital da Judeia, Cesareia.
O Imperador Nero enviou, então, Tito Flávio Sabino Vespasiano (Tito pai) à frente de uma força tarefa e substituiu Galo por Caio Licínio Muciano.
Vespasiano marchou para a judeia mas evitou Jerusalém, deixando que os judeus revoltosos, divididos em facções, e que travavam luta fratricida, se enfraquecessem mutuamente. Enquanto isso ele foi retomando o controle do restante da província.
Quando chegou o momento de atacar Jerusalém, a tarefa coube a outro Tito (o filho de Vespasiano, já que este viajara a Roma onde foi aclamado Imperador após a morte de Nero).
Tito filho cercou Jerusalém, posicionando três legiões no lado oeste e enviando uma legião para o Monte das Oliveiras, cortando as rotas de alimentação e fornecimento de água para a cidade.
Tito filho cercou Jerusalém, posicionando três legiões no lado oeste e enviando uma legião para o Monte das Oliveiras, cortando as rotas de alimentação e fornecimento de água para a cidade.
Flavio Josefo narra o horror que este cerco trouxe aos moradores da capital:
É então um caso miserável, uma visão que até poria lágrimas em nossos olhos, como os homens agüentaram quanto ao seu alimento ... a fome foi demasiado dura para todas as outras paixões... a tal ponto que os filhos arrancavam os próprios bocados que seus pais estavam comendo de suas próprias bocas, e o que mais dava pena, assim também faziam as mães quanto a seus filhinhos... quando viam alguma casa fechada, isto era para eles sinal de que as pessoas que estavam dentro tinham conseguido alguma comida, e então eles arrombavam as portas e corriam para dentro... os velhos, que seguravam bem sua comida eram espancados, e se as mulheres escondiam o que tinham dentro de suas mãos, seu cabelo era arrancado por fazerem isso... (Guerras dos Judeus, livro 5, capítulo 10, seção 3).
Quando as tropas romanas conseguiram destruir partes da muralha de Jerusalém, a cidade foi invadida, a Fortaleza Antônio retomada, o Templo de Salomão destruído e seus tesouros saqueados, segundo Sulpício Severo por ordem de Tito, o que é negado por Flavio Josefo, alegando que não foi possível conter a fúria dos soldados romanos.
Ainda segundo Josefo, “foram levados cativos durante toda esta guerra foi verificado ser noventa e sete mil...”. Tito recebeu o título de Imperator mas recusou a coroa de oliveira, menosprezando assim o valor de seus adversários.
A Fortaleza de Massada.
À direita (rocha mais clara)a rampa construída pelos romanos.
A guerra ainda duraria mais três anos, embora boa parte desse tempo fosse gasto apenas no cerco a Massada, fortaleza de difícil acesso construída por Herodes, o Grande, e ocupada por rebeldes sicários e suas famílias, que terminaram por cometer suicídio coletivo quando a queda da fortaleza era iminente.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_guerra_judaico-romana
https://pt.wikipedia.org/wiki/Destrui%C3%A7%C3%A3o_de_Jerusal%C3%A9m
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cerco_de_Massada
http://www.estudosdabiblia.net/2002322.htm
http://www.arqnet.pt/portal/calendario/agosto.html
Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Francesco_Hayez_017.jpg
https://www.youtube.com/watch?v=u7dPf35D4X0
http://blogs.universal.org/bispomacedo/2016/05/28/a-revolta-judaica/
http://vexilla-regis.blogspot.com.br/2015/11/blood-sacrifice-new-temples-perfect_19.html
PASSEATA DOS CEM MIL
Em 1968, no dia 26 de Junho, acontecia no Rio de Janeiro a Passeata dos 100 Mil contra a Ditadura Militar implantada no Brasil em 1964 com a deposição do Presidente João Goulart quatro anos antes.
A passeata foi o ponto alto das manifestações que já vinham ocorrendo antes e que eram reprimidas pela polícia com violência, dentre elas a invasão ao restaurante universitário Calabouço (em 28/03), onde os estudantes protestavam contra o aumento do preço das refeições, ocasião na qual foi morto o estudante Edson Luís de Lima Souto com tiro no peito, à queima-roupa, disparado por um policial; a repressão após a missa de 04/04 na Igreja da Candelária, quando a cavalaria investiu violentamente contra o público que deixava a igreja; a prisão de 300 estudantes após reunião na UFRJ (19/06) e a morte de 3 pessoas e mais de mil prisões em manifestação em frente ao Jornal do Brasil.
A passeata foi autorizada pela ditadura, mas monitorada por dez mil policiais. O evento começou às 14hs na Cinelândia e terminou por volta de 17hs em frente a ALERJ.
Após a passeata o ditador Médici recebeu uma comissão de estudantes e rejeitou todos os pedidos deles. As manifestações seguiram aumentando assim como a repressão. Em dezembro a ditadura publicou o AI-5, com o que tirava as últimas máscaras e se revelava em toda sua brutalidade.
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A SAGA DOS PEREGRINOS EUROPEUS NA AMÉRICA
Em
21/12/1620 os peregrinos do navio Mayflower desembarcavam na Baia de
Plymouth, atual estado de Massachussetts, onde estabeleceram uma
colônia.
Eles vinham de uma verdadeira epopéia que começara em Southhampton, Inglaterra, de onde partiram em 05/08/1620.
O
grupo, inicialmente composto de 122 pessoas, a maioria delas puritanas
que buscavam escapar das perseguições da Igreja Anglicana, partiu em
dois navios, o Mayflower e o Speedwell.
Réplica do Mayflower em Plymouth |
Mas
esta última embarcação apresentou problemas de tal ordem que precisou
retornar duas vezes à Inglaterra para reparos, sendo definitivamente
descartada.
Nesta
situação, 20 pessoas desistiram da viagem de modo que os 102
passageiros restantes, mais a tripulação de aproximadamente 30
marinheiros tiveram de se espremer no Mayflower para cruzar o Oceâno
Atlântico.
O
Mayflower, comandado pelo Capitão Christopher Jones, partiu
definitivamente em 03/09/1620 e a chegada ao Cabo Cod ocorreu em
11/11/1620.
Seu
destino, pré-estabelecido pela Coroa Britânica, seria o Rio Hudson, na
atual Virgínia, mas o mau tempo impediu o prosseguimento da viagem de
modo que eles decidiram desembarcar na região do Cabo Cod mesmo.
Antes
disso, considerando que estavam fora da região cedida pela Inglaterra,
os viajantes criaram um pacto social, conhecido como Pacto do Mayflower,
no qual estabeleciam regras de convivência e um governo.
O
primeiro ano, porém, foi muito difícil, considerando que a chegada
ocorreu no inverno e não houve tempo hábil para estabelecer uma
plantação. Muitos colonos morreram de fome e doenças relacionadas à
desnutrição.
Alguns
estadunidenses muito famosos foram ou são descendentes dos peregrinos
que desembarcaram do Mayflower, dentre eles alguns Presidentes como John
Quincy Adams, Ulysses S. Grant (Confederados), Franklin D. Roosevelt e
os Bush, entre outros.
Representação do primeiro assentamento |
Também
alguns artistas como Marilyn Monroe, Orson Welles, Clint Eastwood, Alec
Baldwin, Humphrey Bogart, Christopher Lloyd, Richard Gere, Christopher
Reeve, Ashley Judd, Sally Field, etc.
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Fontes e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mayflower
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pacto_do_Mayflower
http://mayflowerhistory.com/famous-descendants
https://en.wikipedia.org/wiki/Plymouth,_Massachusetts#Colonial_era
https://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_colonial_dos_Estados_Unidos#Os_peregrinos
VINTE DE JULHO
POUSO DO HOMEM NA LUA
No ano de 1969, no dia 20, o homem pisava pela primeira vez no solo da Lua, honra que coube a Neil Armstrong.
Neil
Armstrong, e seus companheiros Edwin 'Buzz' Aldrin e Michael Collins,
compunham a missão Apolo 11, parte integrante do Projeto Apolo, a
tentativa americana de conquista do espaço na disputa contra a URSS, no
contexto da Guerra Fria.
Apesar do número, a Apolo 11 foi a quinta missão tripulada do projeto e a primeira a pousar no solo da Lua.
A nave Colúmbia decolou em 16/07/1969 do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral , Flórida, às 13:32hs.
Seu objetivo era a região lunar conhecida como Mar de Tranquilidade, “uma grande área plana, formada de lava basáltica solidificada, na linha equatorial da face brilhante do satélite”.
A alunisagem ocorreu às 20:17hs de 20/07/1969. Neil Armstrong avisou a base: “Houston, aqui Base da Tranquilidade. A Águia pousou”. Uma das maiores audiências televisivas de toda História acompanhava o momento a partir de quase todos os cantos do mundo.
Somente depois de seis horas e meia após o pouso ocorreu o primeiro contato físico do homem com a Lua.
Neil
Armstrong desceu os degraus do módulo lunar e saltou para o protetor de
patas. Dali ele testou a consistência do solo e o pisou pela primeira
vez, pronunciando a frase imediatamente gravada na História:
“É um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade.”
A URSS colocara o primeiro homem no espaço. Os EUA colocavam o primeiro homem na Lua. E a Guerra Fria seguia seu curso...
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Apollo_11
Imagens:
http://www.reconstruindoopassado.com.br/apollo11.php
http://moonpans.com/prints/wall_size_prints.htm
http://pics-about-space.com/apollo-11-launch?p=1
http://www.bbc.co.uk/programmes/p01cgb3g/p01cg9v8
https://www.linkedin.com/topic/future-now
http://www.bbc.co.uk/programmes/p01cgb3g/p01cg9v8
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INVASÃO DE ROMA
No
ano 455, no dia 12, Genserico, rei dos Vândalos, que já ocupara as
ilhas da Córsega e da Sardenha com sua frota naval, conseguiu conquistar
a cidade de Roma, saqueando-a por duas semanas e sequestrando a esposa e
as filhas do Imperador Valentiniano (já falecido), Licínia Eudóxia,
Eudócia e Placídia, respectivamente.
Os
Vândalos chegaram ao Império Romano fugindo dos ataques dos Hunos.
Acamparam às margens do Rio Reno à espera de que Roma os convidasse a
atravessar, como já fora feito antes com outros povos.
Quando
o convite não veio e o rio congelou, eles atravessaram sobre o gelo,
adentrando a Gália (atual Bélgica e França) e dirigindo-se para a
Península Ibérica, onde se estabeleceram.
O
desentendimento entre os Vândalos e o Império começou porque o Rei
Vândalo Genserico foi arrastado sem saber para dentro de uma das
intrigas romanas.
O
General Romano Flávio Aécio(!) conspirou para tomar o poder
influenciando a princesa regente Placídia contra o Governador da África
Peninsular Bonifácio, que ficava sediado em Cartago.
Este, temeroso, convidou os Vândalos para vir a Cartago auxiliar na defesa contra Roma.
Quando Placídia descobriu o complô de Aécio(!) para tomar o poder, prendeu-o e esclareceu a situação a Bonifácio.
Ele, por sua vez, tentou cancelar o convite aos Vândalos, mas estes já haviam desembarcado.
A
partir de então as forças de Genserico tomaram a província inteira, e
de Cartago partiram para dominar a Córsega, a Sardenha e, depois, a
própria Roma.
Foi
da forma de agir dos vândalos que surgiu o termo vandalismo, para
caracterizar os saques e depredações, embora eles tenham sido menos
destrutivos em Roma do que nas localidades anteriormente invadidas.
Fontes:
http://www.culturabrasil.org/os_vandalos_atacam.htm
http://brasilescola.uol.com.br/historiag/vandalos-violencia-contra-imperio-romano.htm
https://pt.wikipedia.org/wiki/Saque_de_Roma_(455)
Imagem:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Genseric_sacking_Rome_455.jpg
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74 ANOS DE UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE
Nos
últimos dias 06 e 09 de agosto, em 2015, completaram-se 70 anos do
bombardeio atômico às cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. A nosso
ver, a manipulação da energia nuclear para fins militares e, pior
ainda, o seu uso efetivo, foi um dos piores crimes da História humana.
Os
ataques foram as últimas etapas de uma corrida iniciada anos antes, em
1939, que contrapusera o III Reich e os Estados Unidos na disputa pelo
domínio da energia nuclear.
Mobilizando
uma astronômica quantidade de recursos humanos e materiais, os
americanos ergueram uma super-secreta base de construção em Los Álamos,
no deserto do Novo México, mais as gigantescas fábricas de processamento
de urânio e plutônio em Oak Ridge, Tennessee e Hanford, Washington,
respectivamente.
O Laboratório de Los Álamos - Novo México. |
Sob
o comando militar do General Leslie Richard Groves e do Físico Julius
Robert Oppenheimer, os americanos prepararam duas bombas, a Little Boy,
com carga de urânio, e a Fat Man, carregada com Plutônio e alguns dos
parâmetros para a seleção de alvos potenciais deixa clara a natureza
sinistra do planejamento: área urbana que fosse um importante alvo
estratégico, com tamanho maior que 4,8km de diâmetro.
O Físico Oppenheimer e o General Groves. |
Em
outras palavras, uma cidade de médio ou grande porte, bem povoada, que
seria transformada em um laboratório para testar a arma e, depois, fazer
a máxima propaganda de seus efeitos.
Hiroshima,
com cerca de 350 mil habitantes, que era sede de várias unidades
militares, que possuia um centro de comunicações e um movimentado porto,
foi atacada em 06/08, às 08:15hs, pela bomba Little Boy, transportada
pelo avião bombardeiro B-29 Enola Gay, do 393º Esquadrão de Bombardeio,
sob comando do Coronel Paul Tibbets.
A bomba Little Boy, a equipe do bombardeiro B-29 Enola Gay e a explosão sobre Hiroshima. |
Nagasaki,
que abrigava cerca de 260 mil habitantes no dia do ataque, que também
era uma cidade industrial e portuária, era o alvo secundário do segundo
bombadeio atômico (o principal era Kokura) e foi atacada em 09/08, às
11:00hs, com a bomba Fat Man, lançada pelo avião bombardeiro B-29
Bockscar, do 393º Esquadrão de Bombardeio, sob comando do Major Charles
W. Sweeney.
A bomba Fat Man, a equipe do bombardeiro B-29 Bockscar e a explosão sobre Nagasaki. |
Os
efeitos devastadores causaram a morte instantânea ou consecutiva de 140
mil pessoas em Hiroshima e de 80 mil pessoas em Nagasaki,
aproximadamente.
A obra “O Último Trem de Hiroshima”, de Charles Pellegrino1,
fazendo uso de documentos e relatos coletados entre os sobreviventes,
reconstitui de forma brilhante e terrível, os bombardeios e seus
momentos posteriores.
É uma leitura assustadora, e reveladora do quão fundo o ser humano desceu na capacidade de causar o mal a seus semelhantes.
Pellegrino descreve a vaporização de pessoas antes mesmo que seus cérebros pudessem emitir a sensação de dor:
Sob
o hipocentro, o sangue no cérebro da senhora Aoyama já começava a
vibrar, na iminência de virar vapor. O que ela experimentou foi uma das
mortes mais rápidas de toda a história humana. Antes que algum nervo
começasse a perceber a dor, ela e seus nervos deixaram de existir.
(pg.29)2
Muitas
dessas vítimas desapareceram completamente, deixando como lembrança de
sua presença apenas sombras impressas no chão ou em paredes, como
negativos de uma fotografia.
Para
os que não foram diretamente expostos, o horror de presenciar outros
sendo diretamente atingidos, como a Srª. Teruko Kono, que não enviara
seu filho à escola naquele dia:
Quando
veio o golpe, ela o observava brincar em uma balsa, da janela do
segundo andar de casa, à margem do rio. A casa ficava dentro da zona de
Sadako, a menos de dois quilômetros do hipocentro. A senhora Kono foi
escudada contra o raio de calor, mas o garoto foi completamente exposto.
Ela o viu ser transformado em um relâmpago branco e pálido e emitir uma
coluna de fumaça negra para o alto... (pg.37)
Qualquer
coisa de cores mais escuras, como cabelos e roupas, pareciam atrair de
forma mais forte os efeitos da explosão. Quem vestia roupas brancas
parece ter sido atingido menos intensamente, se é que isso fez alguma
diferença mais significativa.
Em
sua obra, Pellegrino reconstitui relatos de premonições assustadoras
de crianças que imploraram para não serem enviadas à escola por suas
mães, mas que não foram atendidas. Um dos casos foi o da jovem Etsuko
Kuramoto que, diante da determinação irrevogável de sua mãe, de que iria
para escola de qualquer forma, pediu para usar sua melhor roupa:
Quando
Sumi Kuramoto viu a filha pela última vez, sua sagrada, adorada filha
caminhava em direção à Escola Primária Nacional, rumo ao hipocentro, com
sua "melhor roupa de domingo", e chorava. (pg.38)
Outra
premonição, ainda mais arrepiante, foi a do garoto Hiroshi Mori. Ele
disse à Yoshiko, sua mãe, que Hiroshima seria completamente destruída
naquele dia. Mas ela não foi demovida da ideia de que o filho não
poderia perder a aula e o enviou à escola:
...o
garoto disse à mãe que se cuidasse e pediu que não colocasse comida em
sua mochila, porque ele não precisaria de almoço naquele dia. (pg.38)
Relatos
do momento da explosão dão conta do barulho ensurdecedor para alguns e
quase silencioso para outros. Pessoas sendo erguidas do solo como folhas
ao vento e depois novamente arremessadas ao chão com força esmagadora.
Para
o Sr. Kita, que assistiu a explosão de uma estação meteorológica no
monte fora da cidade, o barulho chegou em dois segundos e a onda de
choque, segundo seus cálculos, viajava a setencentos metros por segundo.
Após conseguir levantar, e usando um binóculo, ele pode ver toda a
devastação que se abatia sobre Hiroshima:
Tudo
no sul e no leste parecia ter-se tornado um deserto de areia amarela.
No norte, e rio acima, o mundo era uma escuridão que mesmo à distância
podia ser sentida, interrompida apenas por raios e turbilhões
incandescentes que às vezes alcançavam a altura de cinco a dez andares.
Havia estranhas correntes de vento ascendentes e descendentes junto à
fumaça; e com os binóculos Kita pôde divisar grandes camadas de granizo
negro ou neve descendo violentamente de cima. (pg.46-7)
Havia
muitos sobreviventes, inclusive pessoas bem abaixo do local do chamado
grau zero, onde ocorrera de fato a explosão. Estavam sob uma cúpula de
concreto, ou ficaram dentro de bolsões de ar sob estruturas desmoronadas
e escaparam no primeiro momento.
O caso do garoto de 13 anos, Yoshitaka, foi surpreendente. A escola inteira desabou ao seu redor, mas ele conseguiu sair “rápido o suficiente para testemunhar a nuvem ainda radiante que crescia no céu, quase diretamente acima de sua cabeça.”(pg. 58). Ele relatou o calor e as cores do arco-íris, o que chegou a considerar uma bela visão.
Os
filhos da Srª Matsuyanagi, que escaparam praticamente ilesos da
explosão e da onda de calor, não escaparam dos raios gama. A morte por
hemorragia generalizada ocorreu poucas horas depois. (pg.60)
Além
dos efeitos nocivos dos raios gama, os sobreviventes que podiam andar
ainda foram submetidos à visão que pode ser classificada como o inferno
na terra:
...a
rua estava cheia de pessoas transformadas em carvão e pilhas de cera
ardente. À primeira vista, a rua parecia simplesmente vazia, mas, quando
ela olhou de novo por entre a fumaça e as chamas, era fácil ver como as
pessoas que estavam caminhando na direção do banco jaziam caídas umas
por cima das outras. Várias pareciam ter caído aos pedaços, como sacos
de folhas queimadas e esparramadas pelo chão. (pg.62)
Depois
dos primeiros efeitos, veio a chuva. Chuva negra com pingos grandes que
machucavam a pele. Os relatos dão conta que os sobreviventes sentiam
uma sede tão incontrolável que, contra todo bom senso, erguiam a cabeça
para o alto e bebiam a chuva negra que, depois, iria lhes tirar a vida.
(pg. 63).
Pellegrino
segue trazendo horror sobre horror à medida que a leitura avança. Os
relatos sobre a explosão em Nagasaki não são menos terríveis.
Não
é uma leitura a ser recomendada como fazemos com um livro de aventuras
ou mesmo de História. Não queremos que nossos amigos sofram. Mas é uma
obra que deve ser lida, para que o repúdio à existência de armas
nucleares cresça, se fortaleça e jamais desapareça.
Aqueles
terríveis momentos parecem bem distantes de nós, no tempo e no espaço,
mas há, espalhados pelo mundo, milhares de silos, plataformas e
submarinos carregados com armas que fariam a Little Boy e a Fat Man
parecerem brinquedos de criança.
As manchas brancas no chão da ponte, à direita, são tudo que restou de um grupo de pessoas que transitavam por ali no momento da explosão. |
Nosso
mais forte repúdio, no aniversário de 70 anos, àquele crime que foi
cometido contra a humanidade, do passado, do presente e do futuro.
Marcello Eduardo.
Ps. Quem quiser ler a obra, pode fazer o download aqui. E quem quiser ler relatos de sobreviventes, recomendamos visitar este site aqui.
1PELLEGRINO, Charles. O Último Trem de Hiroshima : os sobreviventes olham para trás. Rio de Janeiro : Leya, 2010.
2Versão em pdf, disponibilizada pelo site LeLivros
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