A BATALHA DE VERDUN - 1916
Verdun-sur-Meuse
é uma cidade do nordeste da França com mais de mil anos de História
tendo enfrentado e repelido nada menos que um cerco de Átila, o Huno, no
século V.
Na
época da Grande Guerra, Verdun estava dentro de uma linha fortificada,
composta por dezoito fortes subterrâneos, a exemplo dos fortes Douaumont
e Vaux, e mais doze instalações menores.
A
capacidade de resistência dos fortes era diferenciada, pois enquanto
alguns deles foram reforçados para resistir à artilharia pesada, outros
não receberam a mesma atenção.
Para
piorar, o comandante francês, General Joffre, não confiava mais na
resis-tência de seus fortes, considerando que a artilharia alemã
conseguira destruir construções semelhantes na Bélgica.
Assim,
as guarnições de armamentos destas insta-lações foram reduzidos ao
mínimo e algumas delas, como Douaumont e Vaux, estavam até selecionadas
para demolição!
Do
lado alemão, o novo comandante, Erich von Falkenhayn, com base em
informes de seus serviços de inteligência, calculava que a perda de
homens obrigaria a França a sair da guerra em 1916.
Nos cálculos alemães, “...a
França teria 400 mil soldados a menos [...] em 1916 do que em 1914, e
teria de enfrentar uma crise de quantidade de tropas em setembro de 1916
se suas perdas no próximo ano continuassem no ritmo de 1914 e 1915.”1.
Assim,
e considerando que as linhas de abastecimento francesas eram bem mais
precárias do que as alemãs, Falkenhayn escolheu Verdun para um ataque
que fosse desgastando ainda mais o efetivo de tropas francesas atraídas
para defender uma cidade de alto poder simbólico.
Falkenhayn esperava apressar a saída francesa da guerra por falta de tropas. Mas ele estava muito enganado...
O
plano de batalha previa um devastador ataque de artilharia pesada,
seguido do avanço da infantaria sobre as defesas francesas que,
acreditava-se, estariam destroçadas.
Em 21/02/1916 o ataque começou e foi, de fato, devastador. Os alemães utilizaram “...mais
de 800 canhões pesados, quase 400 canhões leves e 200 morteiros
martelando um setor da frente de apenas 16 km de largura, antes do
avanço inicial de dez divisões de infantaria.”2.
As
trincheiras francesas, seus postos de metralhadoras e linhas de
comunicação estavam pulverizados e os alemães avançaram com
lança-chamas, espingardas e granadas.
Apesar
disso, os soldados franceses sobreviventes resistiram bravamente e o
avanço alemão era de apenas 5 quilômetros em 22/02, tomando Bois des
Caures. Na sequência tomaram Haumont e foram repelidos em Bois de
l'Herbebois.
No
dia 24/02 se iniciou o assalto alemão ao Forte Douaumont, que foi
tomado no dia seguinte. Esse movimento, contudo, colocou os alemães na
mira da artilharia francesa.
Esse
avanço, portanto, se deu ao custo de pesadas baixas pois, se os
franceses perderam 24 mil homens, sendo, porém, 15 mil prisioneiros, “...dentro dos primeiros dez dias, os alemães perderam 26 mil.”3.
Ao
contrário do esperado, a linha de abastecimento dos franceses não foi
interrompida e o General Joffre introduziu um rodízio de tropas na linha
de frente, substituindo os soldados extenuados por outros, descansados.
O abastecimento, feito pela Voie Sacrée (Via Sacra), movimentava “...diariamente 3000 caminhões com uma carga de 4000 toneladas de apetrechos e 20000 homens.”4.
No
início de junho o Forte Vaux foi tomado e, depois, os alemães quase
conseguiram romper a linha de defesa francesa. Esse movimento terminou
junto ao Forte Souville.
O
caminho para Verdun passava pela tomada de Souville, já bastante
castigado pela artilharia, mas ainda defendido pelos franceses. Os
ataques com gás fosgênio não produziram o resultado esperado, pois os
soldados tinham máscaras.
O
ataque devastador dos canhões permitiu o avanço alemão, contudo a
resposta da artilharia francesa dizimou grande parte dos soldados
invasores que foram obrigados a recuar.
Este foi o dia 12/07/1916 e os alemães haviam atingido o ponto mais próximo que conseguiriam chegar de seu objetivo.
A
partir dali, ataques de russos e britânicos em outros locais impediram o
exército alemão de ficar focado apenas nos franceses. As perdas eram
equivalentes e a França não parecia à beira do colapso como Falkenhayn
previra.
O comandante alemão “...se
resignou em suspender o ataque, pois se esperava uma ofensiva francesa
no Somme: reduziu, pois, os efetivos que havia alinhado frente a Verdun.”5. Em 02/09, com o comando geral passando para os generais “...Hindenburg e Ludendorff, os ataques alemães terminaram.”6.
No
mês seguinte foi a vez do contra-ataque francês. Utilizando a tática de
enviar soldados pouco atrás de onde caiam as bombas da própria
artilharia, os franceses avançavam antes que os alemães pudessem reagir.
Para
retomar o Forte Douaumont foram disparados mais de 600 mil tiros de
canhão de diversos calibres, inclusive alguns pesando 900 kg. A
fortificação foi retomada em 24/10. Em 02/11 foi a vez do Forte Vaux. Em
Dezembro os alemães haviam sido empurrados de volta ao ponto da
partida. Verdun estava salva. Destruída, mas salva.
A
posição alemã, depois de quase um ano de batalha, mostra a estupidez da
guerra. Para não conseguir avançar um mísero quilômetro, os combates “...geraram
377 mil baixas francesas contra 337 mil alemãs. Oficialmente, os
franceses reconheceram 162 mil mortes e os alemães, 82 mil, sendo
provável que esta última cifra seja subestimada.”7.
1SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 270.
4PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 19. Tradução livre.
5RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora Montserrat, 1990. pg. 20. Tradução Livre.
6SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 273.
A "NUREMBERG" DO JAPÃO
Em um
dia como este 19 de janeiro, no ano de 1946, o General Douglas Mac Arthur,
comandante das Forças Armadas dos Estados Unidos no Extremo Oriente, proclamou
a Carta do Tribunal Internacional Militar para o Extremo Oriente, documento que
estabelecia as bases legais para o julgamento de crimes cometidos pelos líderes
do Império do Japão durante a II Guerra Mundial.
Esses
crimes foram divididos em três categorias: "Classe A" (crimes
contra a paz), "Classe B" (crimes de guerra) e "Classe C"
(crimes contra a humanidade)” referindo-se, a primeira, a ação para iniciar
a manter o conflito e as duas últimas referindo-se a atrocidades cometidas
durante os conflitos.
Apesar
de ser um tribunal que visava os líderes japoneses, o Imperador Hiroito não foi
acusado, bem como nenhum outro membro da família imperial, como parte da
estratégia estadunidense de pacificar o Japão deixando ao país um símbolo em
torno do qual pudesse se reunir.
O
tribunal também não serviu para julgar funcionários e militares subalternos, o
que ocorreu em outros tribunais, realizados em outras cidades e países, a
exemplo da China, que instituiu 13 tribunais que produziram “504 condenações
e 149 execuções”.
O
julgamento foi presidido por onze juízes, um de cada país aliado na Guerra do
Pacífico: “Estados Unidos da América, República da China, União Soviética,
Reino Unido, Países Baixos, Governo Provisório da República Francesa,
Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Índia Britânica e Filipinas”.
A
abertura dos trabalhos ocorreu em 03/05/1946 com o discurso do Procurador-Geral
Joseph Keenan. Quando chegou sua vez, a defesa dos 28 acusados rejeitou o nome
de William Web como Presidente do Julgamento, no que foi atendida, e tentou
anular o julgamento argumentando ser impossível não matar em guerras bem como
individualizar culpas em crimes internacionais, o que foi rejeitado.
Nas
sessões seguintes a acusação prosseguiu listando os acordos e tratados
internacionais violados e a sequência de eventos que se iniciou com a invasão
da China após o incidente da Manchúria em 1928, bem como as inúmeras violações,
chacinas, pilhagens, torturas, etc.
A
defesa questionou o direito do vencedor julgar o vencido, rejeitou a tese de
conluio e defendeu algumas ações como defesa dos interesses e da própria
existência do país.
Dos
25 acusados que chegaram ao final do julgamento (dois morreram antes e um
enlouqueceu), apenas o General Hideki Tojo reconheceu a própria culpa nas
acusações. Os demais alegaram-se não culpados, tendo agido sob ordens.
O
veredito condenou à morte por enforcamento sete dos acusados, inclusive Tojo.
Outros dezesseis foram condenados à prisão perpétua. Os demais receberam penas
de 20 e 7 anos respectivamente.
Fontes
e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribunal_Militar_Internacional_para_o_Extremo_Oriente
https://en.wikipedia.org/wiki/International_Military_Tribunal_for_the_Far_East
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hideki_T%C5%8Dj%C5%8D
BATALHA DE GUADALCANAL
Em
um dia 08/02 como este, em 1943, terminava a Batalha de Guadalcanal da
II Guerra Mundial, entre os aliados (EUA e Grã Bretanha) e as forças do
Império do Japão.
Quando
a batalha começou, em 07/08/1942, o Império Japonês já tinha atingido
sua expansão máxima e perdido a Batalha de Midway, na qual sua
capacidade de ação militar no Pacífico foram bem reduzida.
A
despeito disso, os japoneses enviaram tropas que tomaram as ilhas de
Guadalcanal, onde iniciaram a construção de um aeroporto em Lunga Point,
Tulagi, onde construíram uma base naval, e a Ilha Flórida, nas Ilhas
Salomão.
O
local era estratégico, pois uma vez terminado o aeroporto, o Japão
poderia lançar ataques de longo alcance, prejudicando as rotas de
suprimento e comunicação entre EUA, Austrália e Nova Zelândia.
Assim,
com esse objetivo defensivo em mente, e também a ideia de usar as ilhas
como bases de contra-ataques contra o domínio japonês na região, os
aliados planejaram invadir as ilhas e expulsar os nipônicos.
A
invasão aliada foi feita com o uso de soldados recém saídos do
treinamento, utilizando equipamento antiquado, rações e munições
reduzidas, considerando a prioridade que o Presidente Roosevelt dava à
guerra na Europa.
Foram mobilizados 60 mil homens, "...seis
cruzadores pesados, dois cruzadores leves, quinze contratorpedeiros,
dezessete navios de transporte, seis de carga e cinco limpadores de
minas.".
Devido
ao mau tempo, entre os dias 06 e 07/08/1942 essa frota conseguiu se
aproximar sem ser detectada e o ataque começou com bombardeios navais
contra as praias e instalações japonesas espalhadas pelas ilhas.
O comando da frota coube ao "vice-almirante americano Frank Fletcher (que comandava a partir do porta-aviões USS Saratoga)"
enquanto o comando das forças anfíbias ficou com o Almirante Richmond
K. Turner. As tropas de desembarque, em sua maioria fuzileiros navais,
agiam sob comando do Major-General Alexander Vandegrift.
Nas
ilhas Tulagi, Gavutu e Tanambogo os invasores encontraram uma dura
resistência, mas até 09/08 já haviam terminado a conquista. Em
Guadalcanal a resistência foi pequena e já em 08/08 o aeroporto de Lunga
Point estava sob posse dos aliados.
O
contra-ataque japonês veio pelo ar, através de aviões que partiam da
base de Rabaul (Nova Bretanha) e conseguiram danificar dois navios
aliados e derrubar vários aviões dos porta-aviões americanos.
Apesar
das perdas de aviões aliados serem inferiores às dos japoneses, os
comandantes Fletcher e Turner retiraram suas embarcações da área antes
de completar o desembarque de suprimentos, deixando os soldados aliados à
mercê da força aérea japonesa, situação piorada pelo resultado da
Batalha da Ilha Savo, na qual a Marinha Imperial do Japão causou sérios
danos à frota de suprimentos aliados.
A
despeito disso, da malária e diarréia, os fuzileiros se instalaram em
Guadalcanal e começaram a trabalhar para recuperar o campo de pouso,
agora chamado de Henderson, que lhes traria uma rota de suprimentos. Os
japoneses se retiraram para além do Rio Maranikau.
As
tentativas de retomar a ilha feitas pelos japoneses, a exemplo da
Batalha do Rio Tenaru e a Batalha nas Ilhas Salomão Orientais,
fracassaram, o que não impediu nenhum dos lados de seguir reforçando
suas tropas com homens e material pois se os aliados dominavam os mares e
ares durante o dia, utilizando o Campo Henderson, os japoneses
dominavam à noite com o "Expresso de Tóquio", transportes navais que
chegavam à ilha e voltavam na mesma noite.
Esse
fortalecimento levou os japoneses, sob comando do General Kawaguchi, a
planejar uma ofensiva dividida em três grupos no que ficou conhecida
como Batalha de Edson´s Ridge. Porém, informados da movimentação
japonesa, os aliados repeliram todos os ataques e ainda tomaram o
quartel general japonês, roubando suprimentos e destruindo todo o
equipamento que não poderia ser transportado. Com essa derrota o Japão
se viu obrigado a interromper sua expansão para apoiar a retomada de
Guadalcanal.
A
partir dai uma série de pequenos combates em terra, mar e ar foram
reduzindo a capacidade japonesa de impedir ou dificultar muito a chegada
de reforços e suprimentos aos aliados. Em 12/12 os japoneses decidiram
abandonar Guadalcanal e concentrar esforços em outras áreas.
A
evacuação começou no início de fevereiro e foi completada dia 08/02. No
dia 09/02/1943 os aliados tinham a posse total de Guadalcanal. Ao todo,
os aliados tiveram até 60 mil homens na ilha, 7100 mortos, 7789
feridos, 4 capturados, além da perda de 29 navios e 615 aviões.
Os
japoneses, que chegaram a ter 36.200 homens na ilha, perderam 31 mil
deles mortos e 1000 capturados, além da perda de 38 navios e de 638 a
880 aviões abatidos.
A
perda de Guadalcanal foi catastrófica para o esforço de guerra do
Império do Japão e significou a virada do jogo para os aliados que
instalaram importantes campos de pouso e portos a partir dos quais
partiram a maioria das operações que expulsaram os japoneses de seus
territórios conquistados no Pacífico.
Fontes e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Guadalcanal
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilhas_Salom%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lunga_Point
A BATALHA DO SOMME
A luta na região do Rio Somme foi mais uma carnificina da Grande Guerra, com a diferença de ser planejada pelos ingleses, contra os alemães.
Ela foi a contra-partida britânica ao acordo da Conferência de Chantilly (dez/1915), na qual foram acordados ataques simultâneos dos aliados (russos, britânicos, franceses e italianos), visando pressionar seus inimigos por todos os lados.
No caso específico desta batalha, a Inglaterra se aproveitava da situação em Verdun-sur-Meuse, na qual os alemães depositavam o grosso de suas tropas e materiais, deixando menos protegidos outros setores da frente, como o Somme.
Por outro lado, e pelo mesmo motivo, essa ofensiva contaria com poucas tropas francesas. A Força Expedicionária Britânica, porém, fora muito ampliada por conta do alistamento militar obrigatório, que rendera mais dois exércitos bem equipados, embora mal treinados.
Os britânicos também tinham grande superioridade em artilharia que “...incluía cerca de 3 mil canhões, metade dos quais era britânica, metade,francesa.”[1]. Essa superioridade também se verificava no ar, onde a aviação aliada superava a alemã. A despeito de toda essa vantagem material, os comandantes aliados divergiam quanto à estratégia de ataque e um dos motivos era a desconfiança quanto ao preparo de seus homens para a batalha.
Por fim, optaram pelo básico bombardeio da artilharia e o avanço da infantaria para abrir uma brecha que seria invadida pela cavalaria.(?!)
O ataque foi iniciado em 24/06 com o bombardeio da artilharia, gás cloro e a explosão de túneis escavados sob as trincheiras alemãs. Os aliados lançaram “...12 mil toneladas de projéteis de artilharia – cerca de 1,7 milhão de disparos.”[2]. Apesar das grandes baixas sofridas, os alemães conseguiram uma rápida recuperação, considerando que o bombardeio “...não conseguiu destruir seus esconderijos subterrâneos mais profundos nem suas plataformas de metralhadoras fortificadas, e deixou grande parte de seu arame intacta.”[3]. Para complicar, as explosões dos túneis secretos escavados sob as trincheiras alemãs mais dificultou do que ajudou o avanço, pois os buracos abertos eram praticamente “intransponíveis”.
Os soldados avançavam em meio às crateras, lamaçal e arame farpado da Terra de Ninguém, onde eram massacrados pelo fogo das metralhadoras, granadas, bombas e fuzis dos alemães, que recuaram poucos quilômetros de sua posição original.
O resultado foi que, a exemplo de tantos outros avanços, este resultou em banho de sangue. As baixas foram tão terríveis que traumatizaram a população inglesa pois “Cidades como Manchester, Birmingham, Liverpool, Sheffields, Leeds, Bradford e outras, tiveram de reconhecer a realidade da guerra total. Bairros inteiros […] perderam seus homens.”[4]. Em meados de julho uma nova tentativa foi feita com a infantaria reunindo-se à noite e avançando sem apoio da artilharia. Conseguiram avançar cerca de 6km, mas não dispunham de reservas para completar o trabalho de modo que “...a batalha seguiu a pauta familiar de uma carnificina de desgaste.”[5]. Outros ataques, em setores diferentes, visando evitar a concentração de reforços alemães, tiveram custo alto em vidas, a exemplo das tropas australianas próximas à cidade de Artois, onde sofreram nada menos que “5.500 vítimas” em um único dia.
Com o fim da Batalha de Verdun se aproximando, os alemães reforçaram a frente do Somme, complicando ainda mais os planos aliados. Apesar disso, em 15/09 um novo ataque teve início, desta vez usando tanques pela primeira vez na guerra.
A Inglaterra enviou 49 tanques Mark I, que pesavam 28 toneladas e “corriam” a 5 km/h! Mas, destes 49 tanques, “...apenas 32 chegaram à frente de batalha, dos quais apenas 9 conseguiram cruzar a terra de ninguém para enfrentar o inimigo.”[6]. Apesar desse fiasco, e graças ao tremendo impacto psicológico que os monstros de ferro causaram nos soldados que nunca tinham visto nada semelhante, os alemães recuaram. Mas só um pouco
Porém, neste mesmo mês de setembro/1916, a força-aérea alemã voltou a ter o domínio dos ares. Entrava em cena o Esquadrão de Caça Jasta II, no qual servia Manfred Albrecht Freiherr von Richthofen, o Barão Vermelho.
A supremacia aérea, que significava a coleta de informações precisas sobre a localização de alvos e o movimento de tropas, foi fundamental para que os alemães equilibrassem o jogo em terra.
A Batalha do Somme começou depois e terminou antes do final oficial da Batalha de Verdun. Apesar disso conseguiu matar mais soldados. Números oficiais apontam “...624 mil baixas Aliadas (420 mil britânicas [...], 204 mil francesas), incluindo 146 mil mortos ou desaparecidos, contra 429 mil perdas alemãs, incluindo 164 mil mortos ou desaparecidos.”[7]. As duas batalhas, Verdun e Somme, mostraram que a estratégia de desgastar o adversário trazia, na verdade, perdas para os dois lados e que “...a superioridade dos efetivos e a abundância de material podiam assegurar êxitos parciais, mas estes êxitos […] não bastavam para implicar a ruptura da frente.”[8].
[1] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 275.[4] PIMLOTT, John. A Primeira Guerra Mundial. Bogotá, Colômbia: Editora Norma. pg. 22. Tradução livre. [6] SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História Completa. Trad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 280. [8] RENOUVIN, Pierra. La Primera Guerra Mundial. Em língua espanhola. Trad. Jordi García Jacas. Barcelona-Espanha, Editora Montserrat, 1990. pg. 20. Tradução Livre.
A BATALHA DE MARATONA
Antecedentes
Entre os anos de 500 e 494 a.C., as cidades de Atenas e Erétria apoiaram Mileto, cidade de origem grega da Ásia Menor[1], em sua revolta contra os persas. Essa e outras cidades de origem grega da Ásia Menor “...há muito submetidas à Pérsia, eram igualmente os celeiros tanto das cidades jônicas como das do território central grego.”[2] Mas as relações entre os gregos e persas eram relativamente pacíficas até então. Quando partiu para conquista da Trácia, por exemplo, Dario I contou com apoio de uma grande frota naval grega, que “...navegou da Jônia até a foz do Ister (atual Danúbio).”[3] O confronto aconteceu por causas variadas. Uma delas teria sido o ressentimento dos gregos pelo domínio persa, apesar de que “Os costumes, as crenças e as próprias instituições de cada cidade foram respeitadas. Havia mesmo liberdade intelectual...”[4] Quando a Pérsia conquistou o Estreito de Bósforo, passando a dominar o comércio na região, o fez em prejuízo dos gregos e benefício dos fenícios, o que constituiu uma causa econômica do conflito.[5] A situação se deteriorou completamente quando a Pérsia tentou interferir na política interna de Atenas, apoiando a volta da tirania de Hípias, que fora expulso da cidade. Quando a revolta surgiu em Mileto, Atenas se uniu à Erétria, enviando tropas para atacar Sardes. Foram derrotados pelos persas.[6] Dario I fez concessões aos derrotados, “...o estabelecimento de um cadastro parece ter permitido uma distribuição mais equitativa do imposto e certas cidades foram autorizadas a conservar a constituição democrática que tinham promulgado desde 498.” [7] Mas Dario I, que vira o potencial destrutivo de uma revolta na Ásia Menor, apesar da falta de unidade dos gregos, parece ter percebido que a região estaria sempre em perigo enquanto as cidades da Grécia peninsular se mantivessem livres de sua autoridade.[8] Quatro anos depois da vitória, ele enviou um exército para punir aquelas cidades gregas, iniciando a I Guerra Médica (Os gregos chamavam os persas de Medos, daí Médicas). A PRIMEIRA GUERRA MÉDICA
A quantidade de soldados e navios empregados pelos persas é variável como o número de historiadores a escrever sobre ela, de modo que não há como cravar um número exato de soldados.
Os primeiros alvos da ofensiva persa foram as cidades de Naxos e Erétria, que foram tomadas. Em seguida o exército invasor se dirigiu à Ática (território grego) e desembarcou em Maratona.[9] O local, indicado por Hipias, era importante por conta das vantagens estratégicas que proporcionava: “Uma praia de areia, abrigada dos ventos do Norte e do Oriente, fornecia um abrigo seguro à frota persa; a planície de Maratona oferecia casualmente o campo livre a manobras de cavalaria, contra as quais a infantaria ateniense seria impotente.[10] Uma frota bem protegida, apoiando um exército numeroso, que escolhera o lugar ideal para lutar com seus melhores recursos. Tudo pendia para o lado persa em Maratona. A célebre batalha estava prestes a começar.
A BATALHA DE MARATONA
A Baia de Maratona, vista a partir do lado oposto ao ancoradouro persa. No centro da imagem, ao fundo, o Cabo Cinosura. Google Street View
Sob o comando de Dátis, os persas atracaram seus navios na baia de Maratona, na qual o Cabo Cinosura protegeria os navios dos ventos. O local parece ter sido escolhido também pela proximidade de um lago, hoje seco, que serviria de fonte de água ao exército.[11] Apesar da distância, a notícia do desembarque logo chegou a Atenas onde Milcíades, um dos líderes atenienses, clamou pelo ataque imediato.[12] Um emissário foi enviado a Esparta para solicitar ajuda, mas estes responderam que “não podiam fazê-lo imediatamente, pois não queriam infringir a lei que os proibia de se porem em marcha antes da lua cheia...”[13], de modo que as forças que Milcíades conseguiu reunir partiram sem os reforços pretendidos.
Os atenienses teriam se deslocado pela rota que “...passa através de Palene, contorna o monte Pentélico por sudeste e acede a planície de Maratona também por sudeste.”[14] e, acampados no santuário de Héracles, receberam o reforço de tropas de Plateia. As forças gregas tomaram posição por entre as árvores do santuário de Héracles, impedindo o uso da cavalaria persa.[15]
A Praia Schinias, local onde ancorou a frota persa. No centro da imagem, ao fundo, o Cabo Cinosura. Google Street View
O Monte Agrieliki nas imediações da provável localização do Santuário de Héracles, onde teriam acampado os gregos. Google Street View
Sem poder usar sua força principal e premido pela iminente chegada dos espartanos, Dátis foi obrigado a confiar no maior número de sua infantaria.[16] Então os gregos saíram do bosque e a batalha começou.[17] Há divergências quanto ao posicionamento das tropas para a batalha e as versões são duas. Na primeira os persas teriam se posicionado de costas para o mar, entre dois rios que desaguavam na baia.[18] Na segunda os persas se alinharam com o mar à sua esquerda, e os gregos avançaram com as águas à direita, hipótese defendida por Sekunda, considerando a informação de que muitos persas fugiram para a área de vegetação chamada Grande Marisma, já próxima à praia onde estava ancorada a frota.[19]
As duas hipóteses: à esquerda os gregos atacam em direção ao mar. À direita os gregos atacam com o mar à sua direita.
Quando o ataque começou os gregos avançaram por cerca de 1200m e correram outros 300m quando os persas dispararam as flechas. No choque inicial houve equilíbrio e os combates corpo a corpo prolongaram-se.[20] Depois as tropas persas do centro conseguiram fazer recuar os gregos. Heródoto afirma que os atenienses ocuparam a ala direita e os plateus a esquerda, mas na parte central “...as fileiras não eram muito compactas, tendo aí o exército o seu ponto fraco;”[21] e foi justamente no centro que os persas levaram vantagem, fazendo recuar as forças gregas. Os persas poderiam ter vencido se as laterais gregas não rompessem suas linhas à esquerda e à direita, fazendo-as fugir em direção aos navios.[22] Na perseguição, os gregos chegaram à praia de Schinias, onde os fugitivos persas da ala esquerda tentavam embarcar em seus navios que recuavam para águas mais profundas.[23]. Segundo Heródoto: A batalha de Maratona foi longa e cheia de peripécias. Os bárbaros conseguiram desbaratar as fileiras do centro do exército ateniense, pondo em fuga os remanescentes; mas as duas alas compostas de Atenienses e Plateus atacaram as forças persas que haviam rompido o centro do exército, impondo-lhes uma derrota irreparável. Vendo-as fugir, lançaram-se em sua perseguição, matando e esquartejando quantos encontraram pela frente, até a beira-mar, onde se apoderaram de alguns dos navios inimigos. [24]
Área próxima ao provável centro dos combates (desconsiderando eventuais avanços ou recuos do mar). Google Street View
A Praia Schinias, local do acampamento persa, para onde os soldados fugiram em busca de seus navios. Google Street View
Não é difícil imaginar que soldados desesperados tentando embarcar a qualquer custo tenham se tornado alvos fáceis para os perseguidores gregos ao mesmo tempo em que prejudicavam a partida dos barcos. Sekunda afirma que os gregos capturaram sete deles.[25]
Área do Grande Marisma, região pantanosa na época da batalha, nas imediações da Praia Schinias, para onde os soldados persas fugiram e de onde poucos sairam. Google Street View
Menos sorte ainda tiveram os fugitivos da ala esquerda persa, refugiados no Grande Marisma pois, quase impossibilitados de chegar aos navios, coisa que poucos lograram fazer, tornaram-se alvos ainda mais fáceis para os gregos.[26]
[18] CONTEÚDO aberto. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: [19] CONTEÚDO aberto. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em:
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ENTRADA DO BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL
No ano de 1942, no dia 22 de agosto, após o torpedeamento de vários navios na costa nordestina, o Brasil declarou guerra contra a Alemanha nazista e a Itália fascista.
O Presidente Getúlio Vargas mantivera o Brasil na posição de neutralidade, pois isso dava ao país condições de tirar vantagem dos dois lados do conflito e o país era cortejado tanto pelos aliados, em especial os EUA, quanto o Eixo.
Foi com essa estratégia que Getúlio conseguiu apoio americano para construção da Siderúrgica de Volta Redonda, que veio a colocar o país finalmente no rumo concreto da industrialização.
Getúlio fez essa situação de neutralidade vantajosa perdurar o quanto foi possível, até que o sistemático afundamento de navios brasileiros fez a opinião pública clamar pela guerra.
Em Março de 1942 bens de alemães, italianos e japoneses foram confiscados e em Maio do mesmo ano foi decretado o Estado de Beligerância. Os ministros de Getúlio que eram favoráveis ao Eixo deixaram o governo.
Também em 1942, um encontro de diplomatas americanos rompeu relações do continente com o Eixo, exceto Chile e Argentina.
Apesar de todos esses movimentos, foi somente com o afundamento dos navios brasileiros na costa de Sergipe que a guerra foi finalmente declarada. Saiba como foram os três primeiros desses ataques em nosso documentário SERGIPE NA MIRA DE HITLER! Clique e assista!
Chegava o momento de o Brasil enviar seus filhos para defender a liberdade e a humanidade em seu momento mais sombrio.
Fontes:
http://reino-de-clio.com.br/Hist-Brasil.html
Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Navios_brasileiros_afundados_na_Segunda_Guerra_Mundial
https://br.pinterest.com/8ima/historical-moments/
BATALHA DE KURSK
Em
um dia 05/07, no ano de 1943, começava a maior batalha de tanques da
História, a Batalha de Kursk, ocorrida após a terrível derrota alemã em
Stalingrado.
De
um lado as temíveis divisões Panzer da Wehrmacht, comandadas por Erich
von Manstein, Kurt Zeitzler, Hermann Hoth e Walther Model. Eles estavam à
frente de 38 divisões, a maioria blindada e dispunham de 780.900 homens
e 2.928 tanques.
Do
lado soviético, os comandantes Georgy Jukov, Nikolai Vatutin,
Konstantin Rokossovsky e Ivan Koniev, que tinham ao dispor 1.910.361
homens e 5.128 tanques.
Tal
disparidade de material bélico entre as duas forças demonstram o quanto
desgastado já estava o Exército Alemão após Stalingrado e como a URSS
podia mobilizar uma avalanche inesgotável de homens e material, uma
produção que a Alemanha Nazista, mesmo com todos os escravos que
possuía, não conseguia igualar.
A
tática de Stalin de desmontar e transferir para o interior longínquo do
país fábricas inteiras, surtiu o efeito desejado de retirá-las do
alcance alemão e manter a produção em alta, diferente das fábricas do
III Reich, que sofriam com os bombardeios aéreos e não tinham para onde
mudar.
A
posição do Japão de não atacar a URSS pelo Leste também prejudicou os
planos de Hitler, pois permitiu que Stalin trouxesse várias divisões que
estavam estacionadas na Sibéria para lutar em Stalingrado, Kursk e em
todas as batalhas seguintes.
Depois
de perder o VI Exército inteiro em Stalingrado, os alemães planejaram
formar uma linha defensiva para barrar o avanço soviético enquanto
recuperavam suas próprias forças.
O
Comandante Erich von Manstein, que cortara o contra ataque soviético em
Kharkov, sugeriu uma ofensiva em direção a Ucrânia, mas Hitler optou
por atacar Kursk, de onde poderia dominar uma linha férrea para Moscou.
Esses
planos, porém, seriam o oposto da célebre tática da Blitzkrieg, que
previa ataque de surpresa, rápido e maciço. A mobilização alemã, porém,
deixou óbvio seu destino de ataque. E, para além da obviedade, a
despeito de ter sido marcado para 04 de maio, só foi ocorrer dois meses
depois.
Do
ponto de vista soviético os planos alemães eram tão óbvios que eles só
se convenceram de que o alvo nazista era mesmo Kursk após receberem
confirmação através de um espião que estava na Suíça. Então passaram a
fortificar a área de forma maciça.
Na
noite de 04 para 05 de julho os alemães iniciaram ataques preliminares e
os soviéticos responderam com suas 20 mil peças de artilharia.
Já
no dia 05 de julho a Força Aérea Soviética iniciou ataque contra as
bases da Luftwaffe para ganhar a supremacia aérea, tática que aprenderam
com os alemães. Essa batalha aérea durou horas e os alemães conseguiram
manter o equilíbrio. Mas essa iniciativa soviética vinha provar que não
haveria surpresas naqueles dias.
O
avanço alemão nos dias subseqüentes só obteve mais sucesso ao Sul, pois
no centro e ao Norte foram barrados pela resistência e as medidas
defensivas soviéticas e as perdas foram grandes de ambos os lados pois
as forças aéreas não apoiavam o suficiente uma vez que os pilotos não
conseguiam enxergar o solo envolto em poeira, fogo e fumaça, os
comandantes não tinham controle em tempo real sobre as tropas e os
confrontos partiam mais de iniciativas isoladas das unidades de combate.
A
despeito disso os alemães acabaram se saindo melhor no quesito baixas,
no entanto o ritmo daquele avanço inicial ficou muito aquém do
planejado.
No
entanto, com a invasão aliada na Sicília em 11 de Julho, Hitler decidiu
deslocar tropas e a situação alemã decaiu. Os ataques diminuíram, o que
permitiu ao Exército Vermelho um tempo de para recuperação.
Em
agosto os soviéticos começaram a avançar e os alemães a recuar. Em
20/08 o recuo alemão se transformou em retirada e no dia 23 de agosto de
1943 terminava a Batalha de Kursk.
Os
soviéticos venceram com perdas muito maiores: 863.000 mortos, feridos,
desaparecidos ou capturados, 6.064 armas pesadas e tanque destruídos ou
seriamente avariados, entre 1.626 e 1.961 aeronaves perdidas e 5.244
canhões perdidos.
Os
alemães perderam com perdas bem menores: 198.000 mortos, feridos ou
desaparecidos, 760 armas pesadas e tanque destruídos e 681 aeronaves
perdidas. A diferença é que os soviéticos tinham uma capacidade de
reposição quase ilimitada, como já foi dito, e os alemães não.
Destacamos
três conseqüências fundamentais da Batalha de Kursk. A primeira é que,
pela primeira vez, o Exército Vermelho reconquistou territórios no verão
e sem ajuda do “General Inverno”.
A
segunda é que a derrota tirou dos alemães a capacidade de tomar a
iniciativa, passando a constantes recuos até Berlim menos de dois anos
depois.
E
a terceira e mais importante: enquanto Hitler, desconfiado da
capacidade militar de seus generais, passou a assumir cada vez mais o
comando direto das tropas. Do lado soviético, porém, Stalin percebeu a
imensa habilidade de seus principais generais, afastando-se do
planejamento militar.
Essas duas decisões opostas revelaram-se históricas e catastróficas para as forças armadas do III Reich.
Nossa
homenagem a todos os guerreiros que lutaram e tombaram nos campos de
Kursk. Que possam ter encontrado a paz que certamente desejaram.
Fontes e Imagens:
https://br.sputniknews.com/portuguese.ruvr.ru/2013_08_22/batalha-de-kursk-um-combate-de-titas-da-segunda-guerra-mundial-2313/
http://brasilescola.uol.com.br/historiag/batalha-kursk.htm
https://seuhistory.com/hoje-na-historia/chega-ao-fim-maior-batalha-de-tanques-da-historia
https://gazetarussa.com.br/arte/2013/07/12/batalha_de_kursk_atraves_dos_olhos_de_quem_presenciou_tudo_20401
http://www.historiailustrada.com.br/2014/08/a-maior-batalha-de-tanques-da-historia.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Kursk
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Battle_of_Kursk?uselang=pt
BATALHA DO RIACHUELO
Em um dia 11/06, no ano de 1865, a Marinha do Brasil
conquistava uma vitória decisiva sobre as forças navais do Paraguai no Rio
Riachuelo, afluente do Rio Paraguai.
Solano Lopes, o ditador paraguaio, que sofrera dias antes outra
derrota decisiva na Batalha do Tuiuti, enviava tropas pela margem do Rio
Paraguai e estas ameaçavam de invasão a região Sul do Brasil.
Para conter essa invasão e isolar o Paraguai do exterior, a
Marinha do Brasil recebeu a missão de cortar o acesso fluvial ao país inimigo,
de modo que a frota brasileira foi dividida em três grupos, um ficando na foz
do Rio da Prata e outros dois sendo enviados para efetuar o bloqueio dos Rios
Paraná e Paraguai.
O avanço paraguaio foi detido quando a cidade de Corrientes foi
bombardeada e tomada por breve período. A presença naval brasileira no rio era
uma ameaça ás tropas terrestres de Solano Lopes, de modo que a frota do Brasil
deveria ser eliminada.
|
A Nau Capitânia, Fragata Amazonas |
No teatro da batalha a frota brasileira contou com nove navios, um
a mais que a frota paraguaia, que dispunha de oito embarcações.
A iniciativa foi do Paraguai, que planejou usar o nevoeiro da
madrugada para aproximar-se da frota brasileira e capturá-la ou destruí-la. Mas
o efeito surpresa se perdeu, pois um dos navios teve problemas e atrasou todo o
avanço paraguaio.
Nos navios brasileiros todos já tinham tomado o café da manhã e se
preparavam para a missa quando a canhoneira Mearim sinalizou a aproximação
inimiga e a quantidade de navios que chegavam.
O comandante da frota brasileira, Almirante Francisco Manuel
Barroso da Silva, logo sinalizou ordem, a partir da Nau Capitânia Amazonas,
para a mobilização urgente.
Logo os navios brasileiros estavam em posição de combate e nova
sinalização veio da Fragata Amazonas: “O Brasil espera que cada um cumpra o
seu dever. Atacar e destruir o inimigo o mais de perto que puder.”
Os navios paraguaios avançaram e a artilharia começou. Duas
embarcações paraguaias, chamadas de Chatas, foram afundadas e outra ficou
danificada, mesma situação do navio Jejui, que se aproximou da margem para
reparos.
Após esse primeiro combate a frota brasileira desceu o rio fez a
volta e retornou para combater, enquanto a frota paraguaia se posicionava perto
da margem, ao lado de uma bateria de 22 canhões posicionados em terra, o que
lhe dava grande vantagem.
Essa artilharia quase afundou a corveta brasileira Belmonte,
primeira da nossa frota a avançar. Na seqüência os navios brasileiros avançaram
pelo mesmo caminho e, mesmo em meio ao intenso bombardeio, conseguiram
atravessar.
A exceção é foi nau Jequitinhonha que encalhou, ficando sob
intenso fogo dos navios inimigos e dos canhões em terra. A nau Parnaíba, que
veio em seu socorro, foi avariada no leme, ficando sem capacidade de manobra.
Aproveitando-se dessa situação, três navios paraguaios cercaram o
Parnaíba, os marinheiros paraguaios invadiram o navio e conseguiram tomar a
bandeira brasileira!
Quando os navios brasileiros se aproximaram em socorro, os navios
paraguaios se afastaram. O Almirante Barroso sinalizou a mensagem "sustentar o
fogo que vitória é nossa” e jogou a Fragata Amazonas sobre o Jejui que se
partiu ao meio e afundou, mesmo destino de uma das chatas paraguaias que
assaltavam o Parnaíba. A bandeira brasileira voltou ao mastro.
Mais dois navios paraguaios foram atacados e postos foram de
combate por essa antiga tática do choque de embarcações. Batalha terminada,
vitória brasileira.
Com mais essa derrota, Solano Lopes ficou impedido de invadir o
Sul do Brasil e isolado de contato externo, uma vez que o bloqueio naval se
estabeleceu firmemente. Seus dias estavam contados.
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Fontes e Imagens:
https://www.todamateria.com.br/batalha-naval-do-riachuelo/
http://www.estudopratico.com.br/batalha-do-riachuelo/
http://brasilescola.uol.com.br/historiab/batalha-naval-riachuelo.htm
https://seuhistory.com/hoje-na-historia/travada-batalha-naval-do-riachuelo-umas-da-mais-importantes-da-guerra-do-paraguai
http://www.historiadobrasil.net/brasil_monarquia/batalha_riachuelo.htm
https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Battle_of_Riachuelo?uselang=pt
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_Naval_do_Riachuelo
GUERRA DO PARAGUAI
BATALHA DO TUIUTI
Em um dia 24/05, no ano de 1866, a Guerra do Paraguai tinha sua mais sangrenta batalha, travada em território paraguaio.
De um lado o exército de Solado Lopes, com cerca de vinte mil homens comandados pelo General José Eduvigis Díaz. Do outro, trinta e dois mil soldados brasileiros, argentinos e uruguaios, sob comando maior do General argentino Bartolomé Mitre, do brasileiro Manuel Luís Osório e do uruguaio Venancio Flores.
Solano Lopes vinha de duas derrotas nas batalhas do Passo da Pátria e Batalha de Estero Bellaco travadas já em solo paraguaio. A despeito disso estava muito otimista com a teoria de que uma vitória decisiva expulsaria os aliados do país.
Do outro lado, apesar das vitórias, havia discordância na estratégia de avanço, pois Mitre mantinha o movimento lento e cauteloso, levando em conta o desconhecimento do terreno, enquanto os generais brasileiro e uruguaio pediam uma maior velocidade.
Mas o terreno desconhecido acabou favorecendo os aliados, pois estes acamparam em uma região pantanosa, mais propícia à defesa do que ao ataque.
Este começou por volta de 11hs. As tropas paraguaias foram divididas em três colunas que tentaram cercar as forças aliadas.
O General Mitre não estava no acampamento, de modo que o comando foi assumido pelo General Osório.
No início a vantagem foi toda dos paraguaios e nada menos que três batalhões uruguaios foram dizimados. Mas, quando a cavalaria de Solano Lopes partiu para cima das forças brasileiras, depararam-se com um fosso intranspovível e, sem tempo de recuar, acabaram bem ao alcance das armas brasileiras. O resultado foi devastador para a cavalaria paraguaia.
Passado o impacto inicial, as iniciativas dos comandos menores dos aliados, bem como a estratégia de Osório, equilibraram as ações e logo viraram o jogo. Mas o combate foi sangrento, como revela o alferes Dionísio Cerqueira:
Os batalhões avançavam; a artilharia rugia rápida, a revolver; era um contínuo trovejar. Parecia uma tempestade. Cornetas tocavam a carga; lanças se enristavam, cruzavam-se baionetas, rasgavam-se os corpos sadios dos heróis; espadas brandidas a duas mãos, como os montantes nos pares de Carlos Magno, abriam crânios, cortavam braços, decepavam cabeças.
Seis horas depois de iniciada, a Batalha do Tuiuti terminou com vitória da Tríplica Aliança. Solano Lopes perdeu cerca de seis mil homens, enquanto os aliados perderam cerca de quatro mil.
Ao final do dia os aliados estavam firmemente estabelecidos dentro do território paraguaio e Solano Lopes desprovido da capacidade de ataque, restando-lhe o isolamento em fortalezas e as ações defensivas e de recuo.
Começou no alagadiço Tuiuti a derrocada do ditador Paraguaio.
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Fontes e Imagens:
http://www.bonde.com.br/educacao/passado-a-limpo/voce-sabe-o-que-foi-a-batalha-de-tuiuti--224893.html
http://www.historiadobrasil.net/resumos/batalha_tuiuti.htm
http://www.historiabrasileira.com/guerra-do-paraguai/batalha-de-tuiuti/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_do_Passo_da_P%C3%A1tria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Estero_Bellaco
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Lu%C3%ADs_Os%C3%B3rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_E._D%C3%ADaz
https://pt.wikipedia.org/wiki/Venancio_Flores
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolom%C3%A9_Mitre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Tuiuti
ATAQUE A PEARL HARBOR
Em
um 7/12 como hoje, no ano de 1941, o Império do Japão realizava um
ataque aéreo de surpresa à base naval estadunidense de Pearl Harbor, na
Ilha Oahu, no Hawai.
O
ataque, planejado pelo Almirante Isoroku Yamamoto, e executado pelo
Vice-Almirante Chuichi Nagumo, fora inspirado no ataque britânico à
frota italiana posicionada na África, a Batalha de Tarento, na qual uma
pequena esquadrilha, partindo de porta aviões, obtivera retumbante
sucesso.
|
Almirante Isoroku Yamamoto e Vice-Almirante Chuichi Nagumo |
Por
seu lado, os comandantes estadunidenses consideravam que as águas rasas
de Pearl Harbor protegiam seus navios de ataques de torpedos e que
ataque semelhante ao britânico seria irrealizável ou defensável por
parte da frota naval. Estavam mortalmente enganados!
Com
comunicações falhas, apesar de descobrirem que um ataque era iminente,
os americanos não conseguiram fazer com que as informações chegassem em
tempo hábil ao Hawaii.
O
ataque japonês foi preparado e meticulosamente ensaiado enquanto as
negociações diplomáticas entre os dois países ainda se desenrolavam.
Mas,
finalmente, em 26/11/1941 a frota japonesa, que incluía o porta-aviões
Akagi, Hiryu, Kaga, Shokaku, Soryu e Zuikaku, nos quais se encontravam
441 aviões, partiu das Ilhas Kurilas em total sigilo e silêncio de
rádio.
Na imensidão do oceâno, naquela região, era virtualmente impossível encontrar mesmo tamanha frota se esta quisesse ficar oculta.
Uma
frota de 20 submarinos completava o comboio e as ordens de cinco deles
eram para invadir o porto e torpedear os navios enquanto aos demais
cabia a tarefa de atacar os navios que eventualmente escapassem do porto
para mar aberto.
Quando
o ataque aéreo começou já amanhecera o dia 07/12/1941 em Pearl Harbor
(07:53hs), enquanto já era madrugada (03:23hs) do dia 08/12 no Japão.
A
primeira onda de ataques aéreos utilizou 186 aviões torpedeiros e
bombardeiros de mergulho que se dirigiram aos navios e às bases aéreas
de Hickam e Wheeler. A segunda onda de ataques utilizou 168 aeronaves e
atingiu as bases de Bellow e a Ilha Ford.
|
Primeira explosão (câmera em avião japonês). |
As
baixas japonesas foram de 29 aviões abatidos, 55 pilotos mortos, 5
mini-submarinos afundados, 9 marinheiros mortos e 1 capturado.
Do
lado estadunidense, as perdas foram catastróficas: 2403 mortos, 1178
feridos, 5 couraçados afundados, 3 danificados, 3 cruzadores afundados, 3
contratorpedeiros danificados, 188 aviões destruídos, 155 aviões
danificados.
A
tragédia só não foi maior porque os porta-aviões estadunidenses não se
encontravam em Pearl Harbor e as oficinas e tanques de combustível não
foram seriamente atingidos, assim como os submarinos.
A despeito da tragédia, Churchill exultou, pois sabia que já não seria mais possível aos EUA manter a neutralidade.
Quando
Roosevelt foi ao Congresso e conseguiu a declaração de guerra contra o
Japão, Hitler respondeu declarando guerra aos EUA, o que deu-lhes o
pretexto para atacar na Europa, o alvo então prioritário.
O
dia da infâmia ainda seria respondido duplamente menos de quatro anos
depois, com uma infâmia muito maior, nos ataques nucleares a Hiroshima e
Nagazaki.
Histórias
como essa servem para que a gente possa saber o que aconteceu, como e
por qual motivo. Para aprender e não repetir os mesmos erros.
Neste
final de ano o Reino de Clio deseja que todos reconheçam e defendam o
valor da Democracia, onde todos podem ser ouvidos e considerados e onde a
vontade da maioria não significa que as minorias não tenham vez e voz.
Por um Brasil sempre livre, laico e democrático. Feliz Natal e um 2020 socialmente e democraticamente consciente.
INÍCIO DA I GUERRA MUNDIAL
No ano de 1914, no dia 28 de Julho, o Império Austro-Húngaro declarou guerra a Sérvia após este país recusar um único ponto do ultimato dado por conta do assassinato do herdeiro do trono, príncipe Franz Ferdinand.
A Rússia se posicionou ao lado da Sérvia e mobilizou suas tropas dois dias depois, em 30/07. Imediatamente a Alemanha exigiu que os russos voltassem atrás.
Quando a França se mobilizou, a Alemanha fez o mesmo e, em 01/08, sem uma resposta do Csar, declarou guerra contra a Rússia. Em 02/08 os alemães pediram à Bélgica passagem para suas tropas e, quando esta recusou em 03/08, passou assim mesmo.
Em 04/08 a Inglaterra declarou guerra a Alemanha. Em 06/08 foi a vez da Áustria declarar guerra contra a Rússia e, logo, Montenegro, Turquia, Itália e até o Japão estavam no conflito.
Como em um efeito dominó, um a um os países europeus foram entrando em uma guerra na qual todos se achavam iminentes vencedores.
Começava um dos maiores banhos de sangue da História humana.
Fonte e Imagens:
http://reino-de-clio.com.br/Hist-Geral.html
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O JULGAMENTO DE TÓQUIO
Em um dia como este 19 de
janeiro, no ano de 1946, o General Douglas Mac Arthur, comandante das Forças
Armadas dos Estados Unidos no Extremo Oriente, proclamou a Carta do Tribunal
Internacional Militar para o Extremo Oriente, documento que estabelecia as bases
legais para o julgamento de crimes cometidos pelos líderes do Império do Japão
durante a II Guerra Mundial.
Esses crimes foram divididos
em três categorias: "Classe A" (crimes contra a paz), "Classe
B" (crimes de guerra) e "Classe C" (crimes contra a humanidade)”
referindo-se, a primeira, a ação para iniciar a manter o conflito e as duas
últimas referindo-se a atrocidades cometidas durante os conflitos.
Apesar de ser um tribunal que
visava os líderes japoneses, o Imperador Hiroito não foi acusado, bem como
nenhum outro membro da família imperial, como parte da estratégia estadunidense
de pacificar o Japão deixando ao país um símbolo em torno do qual pudesse se
reunir.
O tribunal também não serviu
para julgar funcionários e militares subalternos, o que ocorreu em outros
tribunais, realizados em outras cidades e países, a exemplo da China, que
instituiu 13 tribunais que produziram “504 condenações e 149 execuções”.
O julgamento foi presidido
por onze juízes, um de cada país aliado na Guerra do Pacífico: “Estados
Unidos da América, República da China, União Soviética, Reino Unido, Países
Baixos, Governo Provisório da República Francesa, Austrália, Nova Zelândia,
Canadá, Índia Britânica e Filipinas”.
A abertura dos trabalhos
ocorreu em 03/05/1946 com o discurso do Procurador-Geral Joseph Keenan. Quando
chegou sua vez, a defesa dos 28 acusados rejeitou o nome de William Web como
Presidente do Julgamento, no que foi atendida, e tentou anular o julgamento
argumentando ser impossível não matar em guerras bem como individualizar culpas
em crimes internacionais, o que foi rejeitado.
Nas sessões seguintes a
acusação prosseguiu listando os acordos e tratados internacionais violados e a
sequência de eventos que se iniciou com a invasão da China após o incidente da
Manchúria em 1928, bem como as inúmeras violações, chacinas, pilhagens,
torturas, etc.
A defesa questionou o direito
do vencedor julgar o vencido, rejeitou a tese de conluio e defendeu algumas
ações como defesa dos interesses e da própria existência do país.
Dos 25 acusados que chegaram
ao final do julgamento (dois morreram antes e um enlouqueceu), apenas o General
Hideki Tojo reconheceu a própria culpa nas acusações. Os demais alegaram-se não
culpados, tendo agido sob ordens.
O veredito condenou à morte por enforcamento
sete dos acusados, inclusive Tojo. Outros dezesseis foram condenados à prisão
perpétua. Os demais receberam penas de 20 e 7 anos respectivamente.
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Fontes e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribunal_Militar_Internacional_para_o_Extremo_Oriente
https://en.wikipedia.org/wiki/International_Military_Tribunal_for_the_Far_East
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hideki_T%C5%8Dj%C5%8D
A BATALHA DE MARATONA
Antecedentes
Entre os anos de 500 e 494 a.C., as cidades de Atenas e Erétria apoiaram Mileto, cidade de origem grega da Ásia Menor[1], em sua revolta contra os persas.
Essa e outras cidades de origem grega da Ásia Menor “...há muito submetidas à Pérsia, eram igualmente os celeiros tanto das cidades jônicas como das do território central grego.”[2]
Mas as relações entre os gregos e persas eram relativamente pacíficas até então. Quando partiu para conquista da Trácia, por exemplo, Dario I contou com apoio de uma grande frota naval grega, que “...navegou da Jônia até a foz do Ister (atual Danúbio).”[3]
O confronto aconteceu por causas variadas. Uma delas teria sido o ressentimento dos gregos pelo domínio persa, apesar de que “Os costumes, as crenças e as próprias instituições de cada cidade foram respeitadas. Havia mesmo liberdade intelectual...”[4]
Quando a Pérsia conquistou o Estreito de Bósforo, passando a dominar o comércio na região, o fez em prejuízo dos gregos e benefício dos fenícios, o que constituiu uma causa econômica do conflito.[5]
A situação se deteriorou completamente quando a Pérsia tentou interferir na política interna de Atenas, apoiando a volta da tirania de Hípias, que fora expulso da cidade. Quando a revolta surgiu em Mileto, Atenas se uniu à Erétria, enviando tropas para atacar Sardes. Foram derrotados pelos persas.[6]
Dario I fez concessões aos derrotados, “...o estabelecimento de um cadastro parece ter permitido uma distribuição mais equitativa do imposto e certas cidades foram autorizadas a conservar a constituição democrática que tinham promulgado desde 498.” [7]
Mas Dario I, que vira o potencial destrutivo de uma revolta na Ásia Menor, apesar da falta de unidade dos gregos, parece ter percebido que a região estaria sempre em perigo enquanto as cidades da Grécia peninsular se mantivessem livres de sua autoridade.[8] Quatro anos depois da vitória, ele enviou um exército para punir aquelas cidades gregas, iniciando a I Guerra Médica (Os gregos chamavam os persas de Medos, daí Médicas).
A PRIMEIRA GUERRA MÉDICA
A quantidade de soldados e navios empregados pelos persas é variável como o número de historiadores a escrever sobre ela, de modo que não há como cravar um número exato de soldados.
Os primeiros alvos da ofensiva persa foram as cidades de Naxos e Erétria, que foram tomadas. Em seguida o exército invasor se dirigiu à Ática (território grego) e desembarcou em Maratona.[9]
O local, indicado por Hipias, era importante por conta das vantagens estratégicas que proporcionava: “Uma praia de areia, abrigada dos ventos do Norte e do Oriente, fornecia um abrigo seguro à frota persa; a planície de Maratona oferecia casualmente o campo livre a manobras de cavalaria, contra as quais a infantaria ateniense seria impotente.[10]
Uma frota bem protegida, apoiando um exército numeroso, que escolhera o lugar ideal para lutar com seus melhores recursos. Tudo pendia para o lado persa em Maratona. A célebre batalha estava prestes a começar.
A BATALHA DE MARATONA
A Baia de Maratona, vista a partir do lado oposto ao ancoradouro persa. No centro da imagem, ao fundo, o Cabo Cinosura. Google Street View
Sob o comando de Dátis, os persas atracaram seus navios na baia de Maratona, na qual o Cabo Cinosura protegeria os navios dos ventos. O local parece ter sido escolhido também pela proximidade de um lago, hoje seco, que serviria de fonte de água ao exército.[11]
Apesar da distância, a notícia do desembarque logo chegou a Atenas onde Milcíades, um dos líderes atenienses, clamou pelo ataque imediato.[12]
Um emissário foi enviado a Esparta para solicitar ajuda, mas estes responderam que “não podiam fazê-lo imediatamente, pois não queriam infringir a lei que os proibia de se porem em marcha antes da lua cheia...”[13], de modo que as forças que Milcíades conseguiu reunir partiram sem os reforços pretendidos.
Os atenienses teriam se deslocado pela rota que “...passa através de Palene, contorna o monte Pentélico por sudeste e acede a planície de Maratona também por sudeste.”[14] e, acampados no santuário de Héracles, receberam o reforço de tropas de Plateia. As forças gregas tomaram posição por entre as árvores do santuário de Héracles, impedindo o uso da cavalaria persa.[15]
A Praia Schinias, local onde ancorou a frota persa. No centro da imagem, ao fundo, o Cabo Cinosura. Google Street View
O Monte Agrieliki nas imediações da provável localização do Santuário de Héracles, onde teriam acampado os gregos. Google Street View
Sem poder usar sua força principal e premido pela iminente chegada dos espartanos, Dátis foi obrigado a confiar no maior número de sua infantaria.[16] Então os gregos saíram do bosque e a batalha começou.[17]
Há divergências quanto ao posicionamento das tropas para a batalha e as versões são duas. Na primeira os persas teriam se posicionado de costas para o mar, entre dois rios que desaguavam na baia.[18]
Na segunda os persas se alinharam com o mar à sua esquerda, e os gregos avançaram com as águas à direita, hipótese defendida por Sekunda, considerando a informação de que muitos persas fugiram para a área de vegetação chamada Grande Marisma, já próxima à praia onde estava ancorada a frota.[19]
As duas hipóteses: à esquerda os gregos atacam em direção ao mar. À direita os gregos atacam com o mar à sua direita.
Quando o ataque começou os gregos avançaram por cerca de 1200m e correram outros 300m quando os persas dispararam as flechas. No choque inicial houve equilíbrio e os combates corpo a corpo prolongaram-se.[20]
Depois as tropas persas do centro conseguiram fazer recuar os gregos. Heródoto afirma que os atenienses ocuparam a ala direita e os plateus a esquerda, mas na parte central “...as fileiras não eram muito compactas, tendo aí o exército o seu ponto fraco;”[21] e foi justamente no centro que os persas levaram vantagem, fazendo recuar as forças gregas.
Os persas poderiam ter vencido se as laterais gregas não rompessem suas linhas à esquerda e à direita, fazendo-as fugir em direção aos navios.[22]
Na perseguição, os gregos chegaram à praia de Schinias, onde os fugitivos persas da ala esquerda tentavam embarcar em seus navios que recuavam para águas mais profundas.[23]. Segundo Heródoto:
A batalha de Maratona foi longa e cheia de peripécias. Os bárbaros conseguiram desbaratar as fileiras do centro do exército ateniense, pondo em fuga os remanescentes; mas as duas alas compostas de Atenienses e Plateus atacaram as forças persas que haviam rompido o centro do exército, impondo-lhes uma derrota irreparável. Vendo-as fugir, lançaram-se em sua perseguição, matando e esquartejando quantos encontraram pela frente, até a beira-mar, onde se apoderaram de alguns dos navios inimigos. [24]
Área próxima ao provável centro dos combates (desconsiderando eventuais avanços ou recuos do mar). Google Street View
A Praia Schinias, local do acampamento persa, para onde os soldados fugiram em busca de seus navios. Google Street View
Não é difícil imaginar que soldados desesperados tentando embarcar a qualquer custo tenham se tornado alvos fáceis para os perseguidores gregos ao mesmo tempo em que prejudicavam a partida dos barcos. Sekunda afirma que os gregos capturaram sete deles.[25]
Área do Grande Marisma, região pantanosa na época da batalha, nas imediações da Praia Schinias, para onde os soldados persas fugiram e de onde poucos sairam. Google Street View
Menos sorte ainda tiveram os fugitivos da ala esquerda persa, refugiados no Grande Marisma pois, quase impossibilitados de chegar aos navios, coisa que poucos lograram fazer, tornaram-se alvos ainda mais fáceis para os gregos.[26]
[18] CONTEÚDO aberto. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em:
[19] CONTEÚDO aberto. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em:
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