CAÇA ÀS BRUXAS EM SALÉM!
Em um dia 19/08, no ano de 1692, ocorriam as execuções por enforcamento de Martha Carrier, George Jacobs Sr., George Burroughs, John Willard e John Proctor, acusados e condenados por prática de bruxaria.
A Vila de Salém, atual cidade de Danvers em Massachusetts, era habitada por puritanos fugidos da perseguição religiosa na Europa.
Eles viviam sob leis bíblicas em um tempo de raro conhecimento científico e muita superstição.
Também eram comuns as desavenças internas, nas quais os membros constantemente entravam em disputa pela posse de terras, por estabelecimento de limites, etc, bem como disputas com a vizinha Cidade de Salém, que mantém o nome até hoje.
Acima e abaixo, sítios onde ficavam as antigas construções de Salém. |
O Reverendo, ou Primeiro Ministro, cargo mais importante da comunidade por conta de sua autoridade religiosa, era escolhido pelos moradores que deveriam pagar a ele uma taxa anual, o que por vezes não ocorria, levando a renúncias ao cargo.
Quando Samuel Parris assumiu o posto ele era o quarto a ocupar o cargo.
Os problemas começaram em fevereiro de 1692, quando Betty Parris, de 9 anos, e Abigail Williams, de 11 anos, respectivamente filha e sobrinha do Reverendo Samuel Parris, começaram a apresentar comportamento agressivo, emitir sons estranhos e a ter espasmos violentos, sintomas hoje reconhecidos como oriundos da provável contaminação por um fungo.
A casa onde a bruxaria começou em foto do século XIX. |
O médico consultado, sem encontrar resposta, afirmou que as meninas estavam enfeitiçadas e logo outras meninas da vila passaram a apresentar os mesmos sintomas.
Dai para a histeria coletiva foi um pequeno passo, principalmente porque poucos anos antes, em 1689, um livro sobre feitiçaria, descrevia sintomas semelhantes, relacionando-os à ação de feiticeiras.
Quando foram examinadas e interrogadas as meninas acusaram a escrava do reverendo Parris, Tituba, além de “Sarah Good, uma moradora de rua; e Sarah Osborne, uma idosa pobre.”[1].
Obviamente nenhuma das acusadas era bruxa, mas, com objetivo de escapar da forca, a escrava Tituba confessou e ainda afirmou ter feito pacto com o demônio.
Quando Martha Corey, uma cristã muito devota e frequentadora dos cultos, foi acusada, o pânico se instalou pois agora qualquer um poderia estar sob influência direta do cramunhão tinhoso!
Qualquer comportamento minimamente fora dos padrões, marcas de nascença e cicatrizes pelo corpo passaram a ser motivo de denúncia e até Dorothy Good, de míseros 4 anos de idade, foi detida e interrogada!
Testemunhas de defesa não eram admitidas!
Certamente não descartamos o uso destas denúncias como estratégia para livrar-se de inimigos ou adversários, o que sempre ocorre nestes casos.
Em Maio daquele ano Massachusetts teve um novo governador nomeado, Sir William Phips, que instaurou um tribunal para processar e julgar os casos de Salém.
Samuel Parris e William Phips. |
Entre 200 e 300 pessoas foram acusadas de bruxaria. A primeira a ser condenada foi Bridget Bishop, enforcada em 10 de junho, seguida de outras 18 vítimas até 22 de setembro.
O enforcamento de Bridget Bishop. |
Execução de Giles Corey, esmagado por pedras. |
Em 29 de outubro o governador dissolveu o tribunal proibindo novas prisões e libertando vários acusados.
Quando outro tribunal foi instalado, no ano seguinte, quase todos os que ainda permaneciam presos foram inocentados e libertados.
Acima e abaixo, documentos do processo contra as Bruxas de Salém. |
Quando o leitor se deparar com pessoas defendendo que nosso país seja governado por uma lei religiosa, ou atacando alguém por sua prática de fé, lembre-se do caso das Bruxas de Salém, onde fé e ignorância levaram tantos inocentes à morte.
[1] A bizarra história por trás das famosas Bruxas de Salem
https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/100333-a-bizarra-historia-por-tras-das-famosas-bruxas-de-salem.htm
Fontes e Imagens:
http://andandonolimbo.blogspot.com.br/2012/07/verdadeira-historia-das-bruxas-de-salem.html
https://www.megacurioso.com.br/historia-e-geografia/100333-a-bizarra-historia-por-tras-das-famosas-bruxas-de-salem.htm
http://mundoestranho.abril.com.br/historia/quem-foram-e-como-morreram-as-bruxas-de-salem/
http://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/bruxas-de-salem.html
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/feiticeiras.htm
https://en.wikipedia.org/wiki/Timeline_of_the_Salem_witch_trials
https://en.wikipedia.org/wiki/Salem_witch_trials
QUATRO
DE JULHO
No ano de 1776, no dia 04,
ocorria a assinatura da Declaração da Independência e nascia os Estados Unidos
da América.
A situação que levou ao
rompimento das colônias com a Inglaterra ocorreu após o término das guerras
contra os franceses, apoiados por índios americanos e canadenses.
A coroa inglesa precisava de
dinheiro para cobrir os custos da guerra e como esta beneficiara as colônias,
foi delas que a conta foi cobrada através de leis que o Parlamento Inglês
aprovou.
Em 1764 foi criado o imposto
sobre o açúcar, em 1765 uma taxação sobre atos oficiais, jogos de baralho,
almanaques, livros, etc.
No ano seguinte, 1766, foi aprovada
a supremacia do Parlamento Inglês sobre a legislação das colônias além de mais
impostos sobre a importação de chumbo, vidro, tinturas, chá e papel.
Os protestos gerados nas 13
colônias foi imenso e todas essas leis foram revogadas em 1770, exceto os
impostos sobre o chá.
Mas a gravidade dos conflitos
ocorridos entre 1770-1775, como o incêndio do navio Gaspee e o descarte no mar
da carga de chá pelo grupo Boston Tea Party (1773), fez com que o rompimento se
tornasse irreversível.
A reação inglesa jogou mais
gasolina na fogueira pois revogou a autonomia de Massachusetts, concedeu
autonomia a Quebec (atual Canadá), fechou o Porto de Boston e deportou os
culpados pelos conflitos, obrigando suas famílias a abrigar tropas inglesas.
Não poderia resultar em outra coisa que não mais conflitos...
Uma série de manifestos sobre
os direitos dos súditos foi publicada e a união das 13 colônias em um movimento
unificado nasceu e foi crescendo entre 1774-1775.
No ano seguinte, 1776, foi
formado um comitê de cinco membros a quem coube formular uma declaração de
independência. Reunidos na Filadélfia os membros elaboraram e Thomas Jefferson
redigiu o documento que, assinado em 04/07/1776, marcou o nascimento dos EUA.
A liberdade total, porém, só
veio mesmo em 1781, quando as tropas inglesas sob comando de Lord Cornwallis,
cercadas por terra pelas tropas americanas e francesas de George Washington e
por mar pela Marinha da França, aceitou a rendição em Yorktown.
Dois anos depois, em 1783, o
tratado de paz entre a Inglaterra e a nova nação americana foi assinado.
Fonte e Imagens:
http://reino-de-clio.com.br/Hist-Geral.html
Nesta data, no ano de 1871, era promulgada a Lei do Ventre Livre, que libertava todos os filhos de escravos nascido a partir daquele dia. Catorze anos depois (1885), na mesma data, era aprovada a Lei dos Sexagenários, que libertava todos os escravos que atingissem a idade de 65 anos.
A Lei do Ventre Livre foi fruto de uma antiga pressão diplomática da Inglaterra, que pretendia fazer surgir um mercado consumidor bem maior para seus produtos através da criação de uma grande classe assalariada no Brasil. Claro que isso não era mencionado, preferindo-se o argumento de que a escravidão era uma abominação desumana.
A pressão inglesa veio também pela força das armas pois, com a aprovação do Slave Trade Suppression Act (Ato de Supressão do Comércio de Escravos), mais conhecido como Lei Bill Aberdeen (08/08/1845), a marinha real britânica passou a abordar os navios negreiros.
Essa medida, vista como uma intromissão indevida na soberania nacional, levou à aprovação da Lei Eusébio de Queirós em 04/09/1850, que proibia o tráfico internacional de escravos para o Brasil.
A lei, apesar de conter uma intenção mais de aparência do que de efetividade, logrou reduzir bastante a entrada de escravos vindos da África. Mas isso fez aumentar o comércio interno de escravos, entre as províncias, o que não satisfazia as intenções inglesas.
Por longos anos o país se bateu no dilema entre a questão humana e econômica até que a libertação dos filhos de escravos foi visto como uma forma lenta e segura de caminhar para o fim da escravidão sem grandes prejuízos econômicos para os donos de escravos.
A Lei nº 2040 foi, após meses de discussões e aprovação da Câmara, aprovada no Senado por 65 votos contra 45, a maioria destes últimos dados por representantes dos produtores de café de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A Lei do Ventre Livre desagradou aos escravagistas, pela perda de patrimônio futuro, e aos abolicionistas mais radicais, pois não resolvia o problema de imediato.
O passo seguinte só foi dado catorze anos depois, quando foi aprovada a lei que libertava os escravos de 60 anos (após mais três anos de trabalho compensatório a seus proprietários) e imediatamente os escravos com 65 anos.
O projeto foi apresentado por Souza Dantas do Partido Liberal em 15/07/1884 e a oposição a ele foi tamanha que gerou uma crise que acabou com a dissolução da Câmara.
Quem recolocou a ideia novamente em pauta foi o novo Presidente do Conselho de Ministros, o Barão de Cotegipe (João Maurício Wanderley). Ele negociou um novo projeto, apresentado pelo Senador José Antônio Saraiva, com as mudanças de idade e indenização. Ambos eram membros do Partido Conservador.
A estratégia de Cotegipe para conseguir os votos conservadores necessários ao novo projeto foi fazer-lhes ver a aprovação sob aquelas bases menos desfavoráveis como uma forma de calar a propaganda abolicionista. A lei foi aprovada e promulgada em 28/09/1885.
Na prática, a nova lei, somada a anterior, colocava um marco temporal para o fim da escravidão no Brasil: quando o último escravo completasse 65 anos, o que se daria, no mais tardar, em 1936, sem contar as eventuais (e muitas) fraudes. Mas, felizmente, os abolicionistas queriam mais. E conseguiram! Menos de três anos depois era aprovada a Lei Áurea.
Para conhecer o texto da Lei do Ventre Livre clique aqui.
Para conhecer o texto da Lei dos Sexagenários clique aqui.
Fontes e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_do_Ventre_Livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Bill_Aberdeen
http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2015/08/31/lei-dos-sexagenarios-completa-130-anos
http://www.historia.uff.br/curias/modules/tinyd0/index.php?id=14
http://blackpagesbrazil.com.br/?p=2119
http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Escravos&lang=3
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PRINCESA ISABEL DO BRASIL – Final
Carta recém-descoberta, e já autenticada, da Princesa Isabel para o Barão de Mauá, atesta que havia, no âmbito da família imperial, a disposição de indenizar os escravos pelos anos de escravidão e assentá-los em terras nas quais poderiam viver e produzir para si mesmos.
Trechos da carta da Princesa são bem reveladores, inclusive da participação ativa de seu pai no processo, na amizade da princesa com os mais notórios abolicionistas e pistas do motivo pelo qual, após o golpe de 1889, os negros foram abandonados pelos republicanos:
Fui informada por papai que me collocou a par da intenção e do envio dos fundos de seo Banco em forma de doação como indenização aos ex-escravos libertos em 13 de maio do anno passado, e o sigilo que o Snr. pidio ao prezidente do gabinete para não provocar maior reacção violenta dos escravocratas. [1]
http://www.culturanegra.com.br/#!o-lado-rebelde-da-princesa-isabel/c1f8o
A Princesa, o Barão e o Imperador |
Deos nos proteja si os escravocratas e militares saibam deste nosso negócio pois seria o fim do actual governo e mesmo do Império e da caza de Bragança no Brazil. [2]
Nosso amigo Nabuco, além dos snres. Rebouças, Patrocínio e Dantas, poderam dar auxílio a partir do dia 20 de Novembro quando as Camaras se reunirem para a posse da nova Legislatura. [...] Com o apoio dos novos deputados e os amigos fiéis de papai no Senado será possível realizar as mudanças que sonho para o Brazil![3]
Com os fundos doados teremos oportunidade de collocar estes ex-escravos, agora livres, em terras suas próprias trabalhando na agricultura e na pecuária e dellas tirando seos próprios proventos. [4]
Assim, a descoberta de tal carta, que tem a condição de acrescentar fatores importantíssimos ao processo da abolição, que se pensava já esgotado, também revela uma princesa ativa junto com alguns dos principais abolicionistas, planejando um futuro bem diferente daquilo que veio a ser a realidade pós golpe de 1889.
A carta também permite perceber quem teriam sido os verdadeiros culpados pela marginalização dos negros na sociedade brasileira: o novo governo republicano estava cheio de escravocratas...
Permite ainda verificar, com muito orgulho, que eles sabiam dos riscos para continuidade do Império, mas prosseguiram mesmo assim.
Portanto, para aqueles que, todo dia 13 de Maio, ficam postando memes negando à Princesa Isabel a maternidade da Abolição, shame on you!
E nossos aplausos e gratidão à Princesa Imperial Regente D. Isabel, a Redentora – o Reino de Clio a saúda!
FIM
1BARMAN, Roderick J. Princesa Isabel do Brasil: Gênero e Poder no século XIX. Tradução de Luis Antônio Oliveira Araújo. São Paulo: UNESP, 2005.
2O nome Doninha pode-se referir a vários pequenos mamíferos carnívoros das famílias dos mustelídeos e dos mefitídeos.
Disp.: https://pt.wikipedia.org/wiki/Doninha
3A palavra "aio" vem de uma palavra grega que quer dizer, literalmente, "uma pessoa que conduz uma criança".
Disp.: http://www.dicionarioinformal.com.br/aio/
4SILVA, Eduardo - As camélias do leblon e a Abolição da Escravatura
5SENADO FEDERAL. 1823-1888 – A Abolição no Parlamento, 65 anos de lutas – V-II. 2ª Edição. Brasília, 2012. pg. 457
6https://pt.wikipedia.org/wiki/Rodrigo_Augusto_da_Silva
7SENADO FEDERAL. 1823-1888 – A Abolição no Parlamento, 65 anos de lutas – V-II. 2ª Edição. Brasília, 2012. pg. 468
8https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea
9https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%81urea
10SENADO FEDERAL. 1823-1888 – A Abolição no Parlamento, 65 anos de lutas – V-II. 2ª Edição. Brasília, 2012. pg. 468
11https://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Maur%C3%ADcio_Wanderley
12REZZUTTI, Paulo. D. Pedro : a história não contada : o homem por cartas e documentos inéditos. Rio de Janeiro : Leya, 2015.
13NETO, Renato Drummond T. D. Leopoldina, a mãe do Império brasileiro – Parte II. Disp.:
https://rainhastragicas.com/2012/10/22/d-leopoldina-a-mae-do-imperio-brasileiro-parte-ii/
14http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=175#_ftn14
15SALLES, R. E o vale era escravo. Vassouras, século XIX. Senhores e escravos no coração do Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. p. 89.
16HOLANDA, S. B. Capítulos de História do Império.São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2010. p. 142.
17CARVALHO, J. M. A construção da ordem:a elite política imperial. Teatro de sombras:a política imperial. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 319
18SANTOS, Luiz Álvares. Viagem Imperial à Província de Sergipe, Salvador: Tipografia do Diário, 1860.
19O LADO REBELDE DA PRINCESA ISABEL. Site Cultura Negra. Acesso em 17/05/2016 Disp:
http://www.culturanegra.com.br/#!o-lado-rebelde-da-princesa-isabel/c1f8o
20Ibid
21Ibid
22Ibid
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