Cartago era neste local. |
A BATALHA DE CANAS1 |
O desespero tomou conta de Roma quando a notícia da tragédia militar do Lago Trasímeno, derrota catastrófica imposta por Hannibal ao exército romano, chegou à cidade e a situação ficou ainda mais crítica quando se soube que cerca de 4 mil cavaleiros foram mortos ou presos em emboscada quando tentavam socorrer as tropas de Flamínio.
Então o Senado, fazendo uso de um recurso extremo, elegeu, por meio de votação popular, um Ditador. O escolhido, Quintus Fabius Maximus, concentrava o poder dos dois cônsules por um período de seis meses. Como garantia de manter algum controle, o Senado nomeou o segundo em comando, o Magister Equitum Minucius Rufo.
Um recrutamento foi logo convocado para formação de quatro legiões. A falta de opções mais favoráveis fez com que predominassem soldados veteranos ou muito jovens. O autor Mark Healy1 informa que, segundo Tito Livio, Fabius partiu com duas legiões, informação mais confiável que a de Polibio, quando diz que o Ditador levou as quatro legiões recém-formadas.
Assim, quando reuniu-se às quatro legiões de Gemino, Fabius Maximus partiu para o Sul ao encalço de Hannibal, contando agora com cerca de 30 mil homens sob seu comando supremo.
Hannibal, por sua vez, seguira pela Úmbria para a costa do Mar Adriático (arredores de Piceno), onde recuperou e descansou suas forças, avançando ainda mais para o Sul, saqueando e queimando colheitas.
Cidade de Piceno. |
As tropas de Fabius alcançaram Hannibal nas imediações da Apúlia e este logo ordenou a posição de batalha, mas os romanos não lhe concederam o combate. Aquartelaram-se em um terreno mais elevado e aguardaram, adotando uma tática quase de guerrilha, com pequenas escaramuças que minavam o moral das tropas cartaginesas e aumentava a própria.
Arredores da atual Apulia. |
Mas Hannibal não podia aguentar tal desgaste por muito tempo e levantou acampamento em direção Oeste, onde passou por Benevento e atacou Campânia saqueando e incendiando a fértil região de Falernus. O plano era que as províncias se sublevassem contra Roma, mas isso não ocorreu. Tampouco Fabius concedeu o desejado combate aos cartagineses, apesar da fortíssima oposição de Minucius Rufo e dos oficiais. Entretanto, o caminho de saída de Falernus foi bloqueado em um desfiladeiro por 4 mil soldados romanos.
Atual região de Campânia, ao sul de Benevento. |
A fértil região do Ager Falernus nos dias atuais. |
Sem poder passar o inverno naquele vale, Hannibal elaborou uma brilhante estratégia para atravessar o desfiladeiro guarnecido pelos romanos. Improvisou tochas nos chifres de 2 mil bois e os enviou por outro caminho. Pensando que os cartagineses estavam saindo por outra rota, os romanos abandonaram o desfiladeiro e Hannibal o atravessou tranquilo seguindo, depois, para a cidade de Geronium, que logo tomou e massacrou os habitantes.
Região de Campobasso, ao sul de Larino. A vila de Geronium ficava na área. |
E para melhorar a situação de Hannibal, Fabius foi chamado a Roma onde recebeu dos senadores o pejorativo título de Cunctator (Contemporizador). O comando ficou com Minucius e este, por conta de um erro de Hannibal, conseguiu a vitória em um pequeno confronto, o que aumentou a confiança do Senado em uma vitória em campo aberto e rendeu ao vitorioso poderes equiparados ao do Ditador Fabius.
Com o comando dividido, Fabius e Minucius separaram as tropas e Minucius logo foi atacar Hannibal perto de Geronium, sendo salvo da aniquilação total por Fabius. Por sorte o inverno já se aproximava novamente e a campanha foi suspensa.
Com o fim do prazo da ditadura de Fabius, os dois novos cônsules assumiram o comando das tropas em meio às disputas políticas do Senado, onde as facções dividiam-se quanto a estratégia para enfrentar Hannibal. Os Cônsules eleitos, adeptos da estratégia de atacar, foram Varrão e Emílius Paulo, os mandatos de Gemino e Régulo foram renovados e oito novas legiões foram mobilizadas. Segundo os números de Políbio, Roma contava agora com 80 mil soldados e 6 mil cavaleiros.
Ao final do inverno Hannibal saiu de Geronium e dirigiu-se a Canas, uma cidadela em ruínas onde os romanos armazenavam grãos, azeite, etc. Na Região, além dos alimentos, Hannibal posicionava-se muito bem estrategicamente e forçava dois movimentos dos romanos, a busca de alimentos em outros locais e o tão esperado confronto.
Nesta colina ficava a cidadela de Canas (Cannae), que Hannibal tomou junto com os suprimentos romanos. |
|
Mark Healy1 acredita que o cartaginês montou seu acampamento onde hoje fica a cidade de San Ferdinando di Puglia, e que os romanos se estabeleceram nas imediações da atual Trinitapoli, divididos em dois campos.
Periferia de San Ferdinando di Puglia, provável local do acampamento de Hannibal. |
|
O local da batalha no contexto do mapa da Itália. |
No alto Trinitapoli, no meio San Ferdinando di Puglia e abaixo a colina de Canas. |
Em 02 de agosto de 216 a.C., 70 mil romanos cruzaram o Rio Aufido (atual Ofanto) e 10 mil permaneceram na guarda dos acampamentos. Ao lado direito das tropas, comandando 1600 membros da cavalaria, o Cônsul Emílius Paulo, que escolheu ficar com o rio à sua direita, de modo a limitar o terreno dos cartagineses.
Ponte sobre o Rio Aufido (atual Òfanto) cruzado pelos romanos para a batalha. |
O plano era forçar um combate frontal entre as cavalarias, permitindo que a infantaria romana, bem mais numerosa que a de Hannibal, desse conta do recado. Mas, essas delimitações não dificultavam apenas a mobilidade cartaginesa... O espaço de manobra da própria infantaria era mínimo.
Hannibal, por sua vez, posicionou suas cavalarias em frente às romanas, mas não formou sua infantaria em linha reta, adotando, porém, uma formação em curva que obrigaria os romanos a avançar as laterais de sua infantaria para a área entre as tropas e cavalarias de Cartago.
Quando o combate finalmente começou, a cavalaria sob comando de Paulo foi a primeira a ceder e os cavaleiros de Hannibal tiveram terreno livre para contornar a retaguarda romana e atacar a cavalaria de Varrão por trás.
No choque das infantarias as tropas romanas obrigaram os cartagineses a recuar, mas não conseguiram romper a linha, apenas fizeram o côncavo virar convexo (ou vice-versa, não sei), e rapidamente tinham entrado na armadilha. Com a pressão imensa de tantos soldados avançando e empurrando, logo os romanos não conseguiam nem levantar os braços para usar as espadas.
As linhas vermelhas mostram o movimento das tropas romanas e as azuis são os soldados de Hannibal. |
Quando as cavalarias cartaginesas livraram-se de seus oponentes romanos, fecharam o cerco pela retaguarda das legiões e o massacre começou.
Muitos morreram sem poder se mover.
Foi um terrível banho de sangue no qual 47 mil soldados romanos foram mortos, assim como 2700 cavaleiros, dentre estes estavam Paulo, Gemino e Minucius. Quase 20 mil romanos foram feitos prisioneiros. Os que conseguiram escapar refugiaram-se em Canusium (atual Canosa di Puglia).
Porém, mais uma vez, Hannibal relutou em atacar Roma diretamente, preferindo forçar novos combates em campo aberto do que cercar a cidade. Mas o erro de um combate como esse não seria mais cometido por Roma. A resposta da cidade foi que não negociaria.
Entrada de Canusium, atual Canosa di Puglia, local de refúgio dos romanos que conseguiram escapar do massacre de Canas. |
Roma sabia que tinha o tempo em seu favor e ordenou novo recrutamento. A cidade eterna dispunha de recursos aparentemente ilimitados e adotara uma nova estratégia.
Hannibal veria, aos poucos, suas tropas serem reduzidas pelas necessidades de controlar áreas tomadas e, sem receber reforços de Cartago, foi enfraquecendo, mas a memória de sua espetacular vitória naquele dia, viveria para sempre.
1Todas as informações deste texto provém da obra “Canás 216 a.C. - Aníbal dizima as legiões” (da série Grandes Batalhas da Osprey), de autoria de Mark Healy. As imagens são de vários sites da internet e do Google Street View.
COROAÇÃO DE ELIZABETH
I DA INGLATERRA
Em um dia 15/01 como hoje, em
1559, Elizabeth Tudor era coroada Rainha da Inglaterra e Irlanda na Abadia de
Westminster, após a morte de Maria I, sua meia irmã.
Filha de Henrique VIII e Ana
Bolena, Elizabeth nasceu na linha de sucessão ao trono inglês, mas lá
permaneceu apenas por dois anos e meio, até a execução de Ana Bolena a mando do
rei, quando foi declarada filha ilegítima.
Henrique VIII e Ana Bolena |
Quando Henrique VIII morreu,
em 1547, foi sucedido por seu filho com Joana Seymour, Eduardo VI que governou
por apenas seis anos e, por sua vez, nomeou sua prima Joana Grey como
sucessora, ignorando as reivindicações de Maria e Elizabeth.
Mas o reinado de Joana foi
curto, durando apenas nove dias. Quando o Conselho Privado Real retirou-lhe o
apoio, transferindo-o para Maria, Joana foi presa e condenada à morte, sendo
executada no ano seguinte.
Maria, filha de Henrique VIII
e Catarina de Aragão, sucedeu Joana e governou por cinco anos sem, contudo,
gerar um herdeiro, o que recolocou Elizabeth na linha de sucessão ao trono.
Maria e Elizabeth |
Como Maria era católica e
Elizabeth era protestante, a religião foi foco de atritos entre ambas,
fazendo-as o ponto de apoio para os quais convergiam os mais diversos
interesses partidarizados.
Maria quase condenou a meia
irmã à morte após a Rebelião de Wyatt em 1554, mas Elizabeth se defendeu muito
bem e foi inocentada pelos rebeldes, de modo que apenas foi posta em prisão
domiciliar até a morte da rainha, o que ocorreu em 17/11/1558.
Residência onde Elizabeth cumpriu prisão domiciliar. |
Elizabeth, que tinha 25 anos
quando se tornou rainha e já gozava de grande popularidade entre o povo,
comprometeu-se em fazer um governo apoiado em “...bons conselhos e consultas.”
No campo mais explosivo, o
religioso, Elizabeth se manteve protestante, mas adotou vários símbolos
católicos, cultivou a imagem de virgem, afastou-se dos radicais puritanos e
revogou as leis que permitiam a perseguição religiosa.
Abadia de Westminster |
Como uma das maiores representantes
do absolutismo inglês, a Rainha Virgem reinou por 44 anos e durante seu governo
a Inglaterra se tornou uma potência marítima e cultural, sobretudo pela
estabilidade proporcionada.
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Fontes e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Isabel_I_de_Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_VIII_de_Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_VI_de_Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Joana_Grey
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_I_de_Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Wyatt_(filho)
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Westminster_Abbey_(6761119615).jpg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Isabel_I_de_Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Henrique_VIII_de_Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_VI_de_Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Joana_Grey
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_I_de_Inglaterra
https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Wyatt_(filho)
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Westminster_Abbey_(6761119615).jpg
FIM DA GUERRA DE CANUDOS, A “AMEAÇA” SERTANEJA
O
Arraial de Canudos surgiu num contexto de grande miséria que assolou o
sertão nordestino no final do séc. XIX, aliado ao abandono do povo por
parte das autoridades.
A
pregação messiânica de Antônio Conselheiro, chamando as pessoas para
orar e realizar obras piedosas em igrejas e cemitérios encontrou solo
fértil no desespero do povo humilde do sertão, gerando respeito e fiéis.
Em 1893 o conselheiro fundou o Arraial de Canudos em uma vila abandonada em Belo Monte, na Bahia, perto do Rio Vaza Barris.
Em
Canudos as pessoas viviam do que cultivavam e criavam e, logo, já
reunia cerca de 20.000 membros, a maioria ex-trabalhadores explorados
dos latifúndios.
ELITE INCOMODADA E PRECONCEITO
Os
latifundiários foram ficando sem mão-de-obra, a igreja foi perdendo o
monopólio da fé, e logo falsas acusações tomaram conta da imprensa e dos
discursos de intelectuais que pregavam que aqueles fanáticos
monarquistas deveriam ser dispersados.
Em
1896 o Governo da Bahia enviou uma expedição de 100 soldados, sob
comando do Tenente Manuel Pires Ferreira, para dispersar Canudos, mas
eles foram derrotados.
A
segunda expedição, com soldados do Exército, policiais da Bahia e
jagunços contratados pelos fazendeiros também foi derrotada, apesar da
posse de 2 metralhas e 2 canhões.
Os adversários do Presidente Prudente choveram críticas sobre o governo.
O CORONEL CORTA-CABEÇAS
Nova
e maior força foi reunida sob comando do Coronel Moreira César, que
cortou muitas cabeças na Revolta Federalista e prometeu a cabeça do
Conselheiro na sela de seu cavalo.
Logo no primeiro ataque, porém, foi o coronel quem morreu e teve seu corpo arrastado e incendiado pelos sertanejos.
O
Coronel Tamarindo então, deu uma ordem patriótica: em tempo de murici
cada um por si, e os soldados fugiram sob as gargalhadas dos sertanejos.
Tamarindo foi morto e deixado para secar sobre um arbusto.
A
derrota alarmou o governo que, então, reuniu 10.000 soldados, 3
Generais e vários canhões para derrotar o “poderoso inimigo”. O comando
coube ao General Artur Oscar.
A QUEDA DE CANUDOS
Após 3 meses de cerco, Canudos fraquejou por falta de água e comida. Em setembro o Conselheiro morreu.
Em 05/10/1897 a cidade foi tomada dos últimos resistentes: um velho, um adolescente e dois adultos.
O
Exército escreveu ali uma das páginas mais vergonhosas de sua História.
Não houve um único prisioneiro de Canudos, ninguém foi deixado vivo,
homens, mulheres ou crianças.
Houve comemorações no Rio de Janeiro, mas na Bahia os estudantes de medicina protestaram.
Mais tarde os detalhes do massacre foram contados por Euclides da Cunha na obra “Os Sertões”.
Fonte e Imagens:
http://reino-de-clio.com.br/Hist-Brasil.html
DOIS DE JULHO
INDEPENDÊNCIA DA BAHIA
No ano de 1823, no dia 02 de Julho,
ocorria a entrada, em Salvador, de quase nove mil militares que travaram a
guerra pela antiga capital do Brasil, após a Proclamação da Independência.
Quando as cortes portuguesas
retornaram a Lisboa em 26/04/1821, a Bahia já estava dividida entre os que
apoiavam a manutenção do status do Brasil como Reino Unido a Portugal, e os que
desejavam a volta do país à condição de colônia.
Os conflitos na Bahia começaram antes do Sete de Setembro. Em 12/07/1821 os portugueses residentes em Salvador já se aquartelavam para a luta e em 12/11/1821 ocorreu um confronto com soldados brasileiros na Praça da Piedade, com vários mortos de saldo.
Quando foi nomeado um Comandante
das Armas contrário aos desejos dos brasileiros, o Brigadeiro Inácio Luís
Madeira de Melo, a situação se tornou irreversível.
A posse do comandante foi
atrasada enquanto a população demonstrava seu apoio ao Brigadeiro Manuel Pedro.
Mas Madeira de Melo conseguiu ser empossado como membro de uma junta militar e
em 18/02/1822 desfilou provocativamente pelas ruas da cidade.
No dia 19/02/1822 os
conflitos começaram. Inicialmente os portugueses saíram em vantagem, tomando um
quartel e chegando mesmo a invadir o Convento da Lapa, onde foi assassinada a
abadessa Joana Angélica. O Forte São Pedro foi tomado e o Brigadeiro Manuel
Pedro foi preso e enviado a Lisboa. Madeira de Melo triunfara.
Mas foi uma vitória que não
trouxe a paz. Alguns dias depois, em 21/03/1822, os portugueses foram
apedrejados na procissão de São José. Com o passar das semanas os brasileiros
foram organizando a resistência no Recôncavo Baiano com a adesão de várias
cidades.
Mas, enquanto os portugueses
recebiam reforços, os brasileiros não podiam contar com o apoio de D. Pedro,
ainda preso aos laços de Portugal. Somente após a Proclamação da Independência
o Rio de Janeiro enviou reforços aos brasileiros.
Obrigados a desembarcar em
Maceió, as forças do General Labatut, conseguiram arregimentar reforços na
marcha por terra de Alagoas à Bahia.
Vários combates ocorreram,
com destaque para a Batalha do Pirajá, onde os portugueses quase obtiveram uma
vitória devastadora. Os brasileiros já receberiam a ordem de retirada, mas o
Corneteiro Luis Lopes mudou o toque para Carga de Cavalaria. Mas não havia uma
cavalaria!
Os portugueses, pensando que
seriam atacados pelos cavalarianos, assustaram-se e recuaram, ao passo que os
brasileiros contra-atacaram, vencendo a batalha!
Com esta derrota e o bloqueio
naval de Salvador pela armada do Almirante Thomas Cochrane, o destino dos
portugueses comandados por Madeira de Melo estava selado.
Em 02/07/1823 eles embarcaram
em 83 barcos rumo a Portugal. As tropas vitoriosas no Pirajá, sob comando do
Coronel João de Souza Meira Girão, foram as primeiras a adentrar triunfantes a
capital, Salvador, passando sob o arco de flores feito pelas freiras do
Convento da Soledade. Viva a Bahia e o Brasil!
Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_da_Bahia#2_de_julho:_data_m.C3.A1xima_da_Bahia
Imagens:
Antônio Parreiras: O
Primeiro Passo para a Independência da Bahia, Palácio do Rio Branco, Salvador,
Bahia.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Independ%C3%AAncia_da_Bahia#/media/File:Parreiras_O_Primeiro_Passo_para_a_Independ%C3%AAncia_da_Bahia.png
Presciliano Silva.
Entrada do Exército Libertador
http://www.cms.ba.gov.br/memorial_fato_int.aspx?id=4
http://manualdoturista.com.br/bahia-independencia-do-brasil/
http://www.luizmotivador.com.br/materia/educacao/11187/Hoje+%C3%A9+celebrado+o+2+de+julho,+Dia+da+Independ%C3%AAncia+da+Bahia
Em um dia 17/05 como este, no ano de 1536, Anne Boleyn (Ana Bolena) perdia o posto de Rainha Consorte da Inglaterra por ordem do Rei Henrique VIII, até então seu marido.
Terminava o casamento que mudara a História da Inglaterra e do Cristianismo, por ter ocasionado a separação entre o Rei e a Rainha original, Catarina de Aragão, e por ter levado Henrique VIII a romper com a Igreja Católica, fundando a Igreja Anglicana.
Ana Bolena nasceu em data e local incertos entre os anos de 1501-1507 em "Blickling, Norfolk ou Hever, Kent, Inglaterra". Seus pais eram Thomas Bolena, 1.º Conde de Wiltshire e Elisabeth Howard. Ele linguista e diplomata da corte do Rei Henrique VII, ela filha do Duque de Norfolk.
Ana Bolena em dois momentos de sua vida. Jovem e mais velha. |
Ao retornar à Inglaterra tornou-se dama de companhia de Catarina de Aragão, esposa do Rei Henrique VIII, notório por seus casos extraconjugais dos quais o mais recente era com a irmã de Ana, Maria Bolena.
Tataraneta de um chapeleiro e aparentada com um santo (São Thomas Becket), a vida de Ana Bolena foi sempre cercada dos mexericos das cortes e da busca incessante de poder e influência junto ao Rei por parte de seus familiares. Rumores chegaram a afirmar que ela seria filha de Henrique VIII, que teria sido amante da mãe de Ana na juventude, o que certamente teria sido um escândalo de proporções bíblicas!
Mas o boato perde credibilidade quando é fortemente apoiado pelos católicos adversários do rei, que negava ter tido qualquer envolvimento com Elizabeth Howard. O mais provável é que tenha ocorrido uma confusão entre os nomes da mãe de Ana com Elizabeth Blount, essa sim, conhecida amante do rei.
Antes do casamento real com Henrique VIII, Ana quase se tornou Condessa na Irlanda, por conta de um arranjo de casamento que não chegou a se concretizar. Por amor, ela quase se casou com Henry Percy, futuro Conde de Northumberland, com quem Ana teve um relacionamento secreto que foi descoberto e proibido por influência do Cardeal Wolsey, então Chanceler da Inglaterra.
Quando Ana e o Rei se conheceram ele era amante de Maria Bolena e já estava descontente com sua esposa legítima, a Rainha Catarina de Aragão, por esta não lhe dar um herdeiro homem para assumir a coroa. Encantado com a moça, que não era tão bela mas era espirituosa e bem humorada, Henrique VIII logo começou a cortejá-la insistentemente, sendo sempre recusado.
Esta recusa teria sido a provável causa do grande encantamento do Rei por Ana, que mostrou grande determinação ao afirmar que se não pudesse ser esposa, amante não seria.
A partir dai Henrique VIII, usando o argumento da falta de um herdeiro homem e do suposto parentesco com a Rainha, que seria sua cunhada (viúva de seu irmão), trabalhou junto ao Vaticano para anulação do casamento.
Carta da Inglaterra ao Vaticano para anulação do casamento de Henrique VIII. |
A carta seguiu com 85 selos de nobres que apoiavam a solicitação do Rei. |
O casamento ocorreu em segredo, no dia 25/01/1533, quando Ana já estava grávida. O divórcio do Rei e da Rainha só foi oficializado em 23/05/1533 e o casamento com Ana foi validado em 28/05 do mesmo ano. Poucos dias depois, em 01/06, Ana Bolena foi coroada na Abadia de Westminster.
Relativamente poucas pessoas compareceram ao banquete cerimonial, mostrando a forte impopularidade da nova rainha. Quando as notícias chegaram a Roma, Henrique VIII foi excomungado pelo Papa.
Henrique VIII e o Papa Clemente VII. |
O casamento também se deteriorou porque Ana não soube ou não quis lidar pacificamente com os casos extraconjugais do marido, talvez por receio de ser descartada caso uma das amantes desse ao rei o tão sonhado herdeiro homem. Há relatos de que a rainha chegou a agredir fisicamente a nova amante do Rei, Jane Seymor.
A Rainha Catarina de Aragão e Jane Seymor. |
Ela e mais cinco supostos (e não comprovados) amantes, inclusive o irmão da Rainha (Jorge Bolena) foram presos na Torre de Londres. Os homens foram mortos dia 17/05. A decaptação de Ana foi marcada para o dia seguinte.
A Torre de Londres. |
Ana comportou-se bravamente durante estes momentos, reclamando do adiamento da execução, do atraso do carrasco e caminhando de cabeça erguida quando o momento finalmente chegou.
Apesar dos cuidados de Cromwell, ocorreram vazamentos seletivos do acontecimento. O mais aceito deles, feito por Edward Hall, informa que as últimas palavras de Ana Bolena foram estas, proferidas aos presentes:
Bom povo cristão, eu não vim aqui para passar sermão; eu vim para morrer. De acordo com a lei e pela lei fui julgada para morrer, e, portanto, eu não direi nada contra isso. Não vim aqui para acusar qualquer homem, nem para falar daqueles que me acusaram e condenaram à morte, mas eu rezo a Deus que salve o rei e mantenha-o por muito tempo reinando sobre vocês, pois príncipe mais misericordioso jamais existiu, e para mim ele sempre foi bom, gentil, e senhor soberano. E se alguma pessoa intervir em minha causa, eu peço a ele [o rei] que o julgue melhor. E assim eu me despeço do mundo e de vocês, e cordialmente peço-lhes que rezem por mim.1
Acredita-se que Ana não contestou sua condenação e proferiu palavras elogiosas a Henrique VIII por ser o usual na época mas, principalmente, para que sua filha Elisabeth e sua família não incorressem na ira do Rei por culpa dela.
Após o discurso Ana teve os adornos que carregava retirados para deixar o pescoço livre para receber o golpe do carrasco. No momento final o carrasco teria pedido a espada em voz alta, levando a condenada a virar um pouco a cabeça para olhar. Esse pedido (encenado, posto que o carrasco já estava com a espada), teria a intenção de provocar um leve movimento da vítima, facilitando o golpe.
Quando este foi dado, ocorreu com precisão, separando cabeça e corpo em uma única espadada. Os restos mortais de Ana Bolena foram colocados em uma caixa de flechas e sepultados no piso da capela de St. Peter ad Vincula, dentro do próprio complexo da Torre de Londres.
Suposto local de execução de Ana Bolena e a Capela de St. Peter ad Vincula ao fundo. |
A suposta sepultura de Ana Bolena. |
Long Live The Queen!
1 https://rainhastragicas.com/2016/05/19/eu-me-despeco-deste-mundo-e-de-voces-as-ultimas-palavras-de-ana-bolena/
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