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terça-feira, 23 de julho de 2019

TEXTO: HISTÓRIAS DE GUERRA 1


CÉSAR x POMPEU
A BATALHA DE FARSÁLIA
Em um dia 09/08, no ano de 48 a.C., ocorria o confronto final entre Júlio César e Pompeu, que disputavam o poder sobre a República de Roma, que na prática deixaria de existir a depender do resultado daquela batalha, travada na Grécia, e do comportamento de seu vencedor. 
A Batalha de Farsália, ou Farsalos, foi parte da Guerra Civil iniciada por conta do boicote e da perseguição de uma parte do Senado contra César, no final da Guerra na Gália. 
Pompeu, o mais proeminente, poderoso e popular cidadão da facção senatorial anti César, e membro do Primeiro Triunvirato que fora desestabilizado pela morte de Crassus, liderou essa disputa pelo poder, deixando a César, como única opção viável, a reação e resistência armada.
O que Pompeu e o Senado não esperavam é que a reação de César fosse tão rápida e radical. Ele violou a Lei que proibia a entrada de generais acompanhados por tropas no território da Itália e marchou para Roma sem que Pompeu tivesse tempo de mobilizar tropas suficientes para barrar-lhe o caminho. Só restou-lhes a fuga! Em pouco tempo, porém, Roma estaria novamente em guerra!
O campo de batalha visto a partir do Leste, nas imediações de Paleofarsália.
Após seu retorno da Gália e da travessia do Rubicão, César conquistara Roma sem batalha, mas correra em perseguição a Pompeu, que conseguiu escapar do cerco em Brindisi, levando a guerra para o solo grego/macedônico.
Com muito mais recursos humanos e materiais, Pompeu se dava ao luxo de evitar um confronto direto, optando por minar as forças de seu adversário.
A vitória de Pompeu em Dirráquio obrigara César a fugir, apresentando-se o momento em que Pompeu deveria persegui-lo, o que ele até fez, mas interrompeu logo depois.
Quando a perseguição recomeçou e César estacionou suas tropas em Paleofarsália (não Farsália, que fica bem ao sul do campo de batalha), não demorou para que os exércitos ficassem frente a frente. Estava para começar o confronto direto que César sempre desejara e que decidiria o destino dos dois titans romanos.
César reuniu suas forças com as que escaparam de Pompeu em Dirráquio e chegou à planície de Tessália, onde encontrou campos cheios de trigo. A cidade de Gomphos, ou Gomphi1 recusou-se a atendê-lo e foi cercada.  
Na ocasião César falou aos soldados das vantagens de saquear uma cidade bem abastecida como aquela e “...aproveitando o entusiasmo extraordinário dos soldados, no mesmo dia de sua chegada pôs-se a atacar a cidade […] entregou-a à pilhagem dos soldados.2
Esta ação de César, pondo de lado a clemência, acabou fazendo com que Metrópolis3, a próxima cidade do caminho, fosse bem mais receptiva, assim como as demais cidades da região.4
Acima: à esquerda a região intermediária entre as atuais Gomfoi e Paleomonastiro, onde acreditamos ter sido localizada a antiga Gomphi. À direita a periferia de Mitropoli que acreditamos ser, obviamente, a antiga Metrópolis.
Abaixo: à esquerda a pequena Krini, a antiga Paleofarsália a oeste do campo de batalha. À direita a Igreja Ortodoxa Grega de Farsália, bem ao Sul do campo de batalha.
Seguindo sua marcha, César chegou à região de Paleofarsália (atual Krini – e não Farsália, mais ao sul e que mantém o nome), acampando às margens do Rio Enipeas. Pompeu também chegou à região e acampou próximo a elevações de onde podia observar vasta área.5
Acompanhando as formas geométricas brancas de cima para baixo: o primeiro elipse é o acampamento de Pompeu, logo abaixo, os primeiros três retângulos são suas tropas. Frente a eles as tropas de César, com um traço diagonal representando sua reserva contra a cavalaria inimiga. No círculo a localização de Paleofarsália e o segundo elipse aponta o acampamento de César. A seta indica a direção de Farsália, que ficou com a fama, mas nem aparece no mapa!
Em 09/08/48 a.C., finalmente as forças de Pompeu avançaram em direção ao acampamento de César. Eram compostas por 47 mil homens e 6.700 cavaleiros.6
César possuía cerca de 22 mil homens e mil cavaleiros e quando as infantarias ficaram frente a frente, as linhas de Pompeu eram bem mais robustas.7
Tendo o Rio Enipeas à esquerda de César e direita de Pompeu, o grosso das cavalarias foram posicionadas no lado oposto de cada um. Mas César posicionou dois mil soldados da infantaria em uma linha diagonal, atrás de sua cavalaria, oculta das vistas de Pompeu, mas prontas a entrar em combate quando a cavalaria mais numerosa deste avançasse, impedindo-os, assim, de cercar sua infantaria.8
Quando o confronto começou de fato, a cavalaria de Pompeu avançou a galope, mas a infantaria permaneceu parada, a esperar a chegada das tropas de César.9
Pompeu queria manter a coesão de suas forças e desorganizar as tropas de César pela caminhada quando “...estariam sem fôlego e exauridos de cansaço.”10
Mas as tropas de César não caíram na armadilha da correria. Avançaram em intervalos, reagrupando e descansando e, quando chegou o momento, atacaram.11
Pompeu usou tudo que tinha, mas César, apesar de estar em menor número, manteve reservas e, mesmo com a vantagem ainda maior que isso proporcionava ao adversário, as linhas de ambos os lados resistiam.12
Acima: à esquerda o Rio Enipeas nas proximidades do campo de batalha. À direita a vista dos montes onde acampou Pompeu, a partir da área do acampamento de César.
Abaixo: à esquerda uma vista mais próxima dos montes onde Pompeu montou seu acampamento. À direita o campo de batalha visto da área logo abaixo do mesmo acampamento.
A decisão, então, só poderia vir do confronto de cavalarias. Quando a mais numerosa cavalaria de Pompeu começou a ter vantagem, César ordenou o recuo da sua. Acreditando na vitória, as forças adversárias começaram a se dividir para cercar a infantaria de César por trás.13
Neste momento, a infantaria obliqua de César recebeu ordem de ataque. Os legionários investiram ferozmente assustando cavalos e atacando o rosto dos cavaleiros com suas lanças e, surpresa das surpresas, a infantaria de César venceu a cavalaria de Pompeu, que se colocou em fuga.14
Uma vez liberada, a cavalaria de César pôde cuidar das tropas de arqueiros de Pompeu e as reservas que tinha entraram no combate pelo flanco esquerdo, onde antes estava a cavalaria fugitiva. As tropas menores cercavam as tropas maiores!15
Sem reservas para colocar em combate, Pompeu viu suas legiões abandonarem a luta para escapar de um massacre. Foram recuando lentamente até refugiarem-se nas colinas próximas do acampamento, para onde seu comandante já se havia retirado. Vitória de César!16
César vencera a batalha decisiva da Guerra Civil. Mas, mesmo com a vitória assegurada, ele não agia como Pompeu e queria liquidar a partida, queria a vitória total, de modo que avançou seu exército para o acampamento adversário, invadindo-o e tomando-o. Pompeu e seus seguidores fugiram, assim como as tropas remanescentes.17

César colocou suas forças em perseguição e conseguiu cercar os restos do exército de Pompeu na atual localidade de Kiparissos, uma colina que foi cercada na base leste, cortando o acesso a um riacho. Sem água e sem líderes, o restante das forças de Pompeu se renderam na manhã de 10 de agosto de 48 a.C.18
A Guerra Civil ainda duraria quase 3 anos, mas a Batalha de Farsália foi, a nosso ver, decisiva. Não há um consenso absoluto sobre os motivos que levaram Pompeu a conceder a César um combate total quando seria muito mais vantajoso esperar que a fome e outros problemas minassem a força do exército deste.
O próprio César afirma que a confiança na vitória de Pompeu era tão grande que os políticos e militares romanos que o acompanhavam já se envolviam em disputas do poder que teriam ao retornar a Roma: “... todos estavam ocupados em obter cargos ou compensações financeiras, ou em dar livre curso aos seus ressentimentos pessoais...19
Para Rostovtzeff essas presenças políticas também foram motivo para a derrota de Pompeu, que não tinha total liberdade de ação, dificuldade causada “... pela presença de grande número de senadores em seu quartel-general – homens que constantemente criticavam e interferiam nas disposições do general e exigiam reuniões frequentes para discutir a situação.20
Sheppard segue na mesma linha ao afirmar que o próprio Pompeu não desejava conceder um combate direto, que foi obrigado a isso por seus companheiros “... não por vontade própria...”21
Obrigado ou não, Pompeu apostou tudo quando não precisava apostar nada. E perdeu. César manteve-se senhor de Roma e de seus vastos recursos, podendo dividir suas forças, enviando seus generais para lugares diferentes. Pompeu buscou refúgio no Egito onde acabou assassinado de forma traiçoeira.
Lissner escreve que o grande general foi apunhalado às vistas de sua esposa e filhos e que “...cobriu o rosto com sua toga. Não pronunciou uma palavra e nenhuma queixa lhe saiu da garganta.22
Quando, na perseguição, César chegou ao Egito, foi-lhe entregue a cabeça de seu maior rival, “Profundamente perturbado, César cobriu a face e chorou.23

1   Sheppard afirma que é a atual Paleo Episkopi (que não localizamos nos mapas da região), mas nós acreditamos que a antiga cidade pode ser a atual Gomfoi ou Paleomonastiro.
2   CÉSAR, BELLUM CIVILE – A Guerra Civil. Livro III: 80. pg. 273
3   Sheppard afirma que é a atual Paleo Kastro (que localizamos ao norte de Gomfoi e não ao sul como deveria ser. Nós acreditamos que a antiga cidade é a atual Mitropoli, ou Paleoklisi.
4   CÉSAR, BELLUM CIVILE – A Guerra Civil. Livro III: 81. pg. 273-275
5   (SHEPPARD: 2010) pg. 53
6   Ibid pg. 56
7   Ibid. pg. 56-60
8   CÉSAR, BELLUM CIVILE – A Guerra Civil. Livro III: 88-89. pg. 281-283
9   Ibid. Livro III: 92. pg. 285
10 Idem
11 CÉSAR, BELLUM CIVILE – A Guerra Civil. Livro III: 93. pg. 285
12 (SHEPPARD: 2010) pg. 73
13 Ibid pg. 74
14 CÉSAR, BELLUM CIVILE – A Guerra Civil. Livro III: 93. pg. 287
15 Idem
16 Ibid. Livro III: 94. pg. 285
17 CÉSAR, BELLUM CIVILE – A Guerra Civil. Livro III: 95. pg. 289
18 (SHEPPARD: 2010) pg. 81
19 CÉSAR, BELLUM CIVILE – A Guerra Civil. Livro III: 83. pg. 277
20 (ROSTOVTZEFF: 1983) pg 132
21 (SHEPPARD: 2010) pg. 56
22 (LISSNER: 1964) pg. 67-68
23 Ibid. pg.68


AS DUAS RENDIÇÕES DA ALEMANHA NAZISTA
Em um dia 07/05, no ano de 1945, a Alemanha Nazista assinava a rendição incondicional frente aos aliados na cidade francesa de Reims. Não foi o que você leu nos livros de História não é mesmo?
E se nós dissermos que a Alemanha começou a se render em 07 de Maio e só terminou quando já era dia 09? Curioso não? Vejamos pois!
Esta rendição, firmada às 02:41hs, foi a primeira a envolver o conjunto das forças armadas do III Reich e foi assinada pelo Coronel-General Alfred Jodl em nome dos alemães, representando o Almirante Karl Dönitz, sucessor de Hitler; Walter Bedell Smith, representando os aliados do ocidente, e por Ivan Susloparov, representando os Soviéticos. François Sevez assinou como testemunha, em nome dos franceses.
A nosso ver, a morte (ou fuga) de Hitler foi o fato que, realmente, consumou a derrota da Alemanha e ela se deu frente ao Exército Vermelho, que já tomava quase toda Berlim, a capital do III Reich. Dois dias depois, em 02/05, o General Helmuth Weidling, comandante da defesa da cidade, rendeu suas tropas ao General Vasily Chuikov.
Assim sendo, a viagem de Alfred Jodl, a mando do novo governante alemão, Almirante Karl Dönitz, nada mais foi do que uma tentativa de evitar uma rendição aos soviéticos, única força estrangeira presente em Berlim naquele momento. Os alemães pediram para prosseguir resistindo contra os soviéticos, o que Eisenhower não aceitou, obrigando-os a assinar a rendição incondicional.
Coronel-General Alfred Jodl assina a 1ª Rendição Alemã.
A despeito deste gesto de lealdade, Stalin ficou furioso com o que parecia ser a comprovação de suas suspeitas de que EUA e Inglaterra negociavam uma paz em separado com a Alemanha. Esse temor era infundado mas compreensível, uma vez que, se os alemães pudessem deslocar todas as suas tropas da França, Holanda, Itália, Noruega, etc, para o Leste, o Exército Vermelho sofreria um pesado contra-ataque e as perdas cresceriam exponencialmente.
Por isso foi preparada uma segunda rendição, desta vez em Berlim, onde os soviéticos tiveram o papel principal com a presença do General Georgi Zhukov. Foi essa a rendição que entrou para os livros de História.
Marechal Georgy Zhukov da URSS
No dia 08/05, na Escola de Engenharia do Exército Alemão, naquele momento transformada em Administração Militar Soviética de Berlim (e atualmente Museu Alemão-Russo Berlin-Karlshorst), compareceram os oficiais superiores das três forças armadas alemãs: "O marechal Wilhelm Keitel (Exército), o general Hans-Juergen Strumpff (Aeronáutica) e o almirante Hans Georg von Friedeburg (Marinha)."1
Museu Alemão-Russo Berlin-Karlshorst
Representando os aliados estavam presentes: Marechal Georgy Zhukov da URSS, Marechal Chefe do Ar Arthur Tedder da Inglaterra, General Carl Spaatz dos EUA e o General Jean de Lattre de Tassigny, da França como testemunha.2
A cerimônia começou com atraso, pouco antes da meia-noite (o que significava já ser 09 de maio em Moscou), e só terminou depois da meia-noite mesmo no horário ocidental, ou seja, também já no dia 09 de maio.
O Marechal Wilhelm Keitel assina a 2ª Rendição Alemã.
Assim sendo, temos três datas distintas para a rendição incondicional do III Reich: 07 de maio, em Reims, como primeira rendição; 08 de maio, em Berlim, como rendição oficialmente aceita por todos os aliados e pela História, mas que só ocorreu quando já era dia 09 de maio na URSS, país que verdadeiramente derrotara a Alemanha.
Mais abrangente do que a Rendição de Reims, a Rendição de Berlim exigia o desarmamento completo da Alemanha, a extinção do Partido Nazista e a libertação de todos os prisioneiros de guerra.

Os dois documentos de rendição. À esquerda a 1ª rendição (em inglês), com assinatura de Jodl em destaque. À direita a 2ª rendição (em russo), com assinatura de Keitel em destaque.
Encerrava-se, assim, o pior mal que já caminhara sobre a face da Terra, embora siga tentando ressurgir aqui e ali, desde então.
1https://noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2005/05/03/ult34u124826.jhtm
2https://pt.wikipedia.org/wiki/Instrumento_da_rendi%C3%A7%C3%A3o_alem%C3%A3




CONFERÊNCIA DE WANNSEE
Em um dia como este 20 de janeiro, em 1942, ocorria a reunião que iria detalhar o planejamento da Solução Final para o destino dos judeus dentro da Alemanha Nazista e territórios conquistados. A Conferência de Wannsee foi um encontro de líderes nazistas, realizadas no subúrbio berlinense de Wannsee, em uma mansão às margens do lago denominado Grosser Wannsee.
O encontro foi marcado pelo diretor do Gabinete Central de Segurança do Reich, SS-Obergruppenführer Reinhard Heydrich e destinou-se a estabelecer a cooperação de todos os setores envolvidos, especialmente no transporte, na eliminação dos judeus que seriam trazidos de todos os lugares para a Polônia, onde seriam exterminados.
Heydrich agia obedecendo uma ordem escrita e assinada por  Hermann Göring determinando que planejasse a solução da questão judaica, embora o extermínio já tivesse começado logo após a invasão da URSS em junho do ano anterior, 1941. 
Hermann Göring e Reinhard Heydrich
Portanto, ao contrário do que alguns pensam, não foi na Conferência de Wannsee que a decisão de exterminar os judeus foi tomada, pois a reunião teve, como primeiro objetivo, apenas determinar a participação de cada órgão do governo nazista envolvido no processo como, por exemplo, os Ministérios das Relações Exteriores, Justiça, Interior e a SS. Em outras palavras, organizar o que já estava acontecendo.
A perseguição aos judeus começou logo no início do governo de Hitler, em 1933 e se intensificou com as Leis de Nuremberg em 1935. A matança indiscriminada porém começou após a invasão da Polônia, em 1939. O plano nazista para o Leste não previa apenas a morte dos judeus, mas também dos eslavos e a ideia era reduzir a população, pela fome, com a morte de 30 milhões de pessoas!
As colheitas fracas na Alemanha nos anos de 1940 e 1941 levou o governo nazista a calcular que os judeus não se encaixavam no número de pessoas que deveriam ser alimentadas e que incluíam os próprios alemães e os trabalhadores escravos das fábricas do III Reich.  
Quando a invasão da URSS começou, logo Heydrich estava autorizando a morte de membros do partido comunista, comissários do povo, judeus em cargos públicos, adversários políticos, sabotadores, agitadores e membros da resistência. Não demorou para ordenar que todos os judeus fossem considerados membros da resistência, o que autorizava sua morte indiscriminada.
Heydrich enviou as convocações para a reunião em 29/11/1941, marcando a data do encontro para 09/12/1941 no escritório da Interpol. Porém, devido ao fracasso da tomada de Moscou e a declaração de guerra de Hitler contra os EUA, após o ataque japonês a Pearl Harbor, a conferência foi adiada. O local já havia sido alterado dias antes. 
CONVOCAÇÃO PARA A CONFERÊNCIA
Esses eventos levaram Hitler a perceber que a guerra não acabaria cedo como previra e, assim sendo, em 12/12/1941 ele transmitiu aos membros superiores do governo que decidira eliminar os judeus logo, sem esperar pelo fim da guerra.
Os novos convites para o encontro, agora remarcado para 20/01/1942 foram enviados dia 08. Foram 15 participantes, dentre os quais Adolf Eichmann, que depois ficaria famoso por ter sido sequestrado por agentes do Mossad na Argentina, para ser julgado em Israel.
Heydrich iniciou a reunião relembrando as medidas anti-judaicas tomadas desde 1933 e contabilizando a existência de 11 milhões de judeus na Europa com cerca de metade deles fora dos domínios da Alemanha. A intenção era levar os judeus sob domínio da Alemanha para a URSS, onde morreriam “de causas naturais” na construção de estradas. Os restantes deveriam ser “tratados adequadamente”, considerando que poderiam voltar a se reproduzir, o que não era desejado. 
LISTA DE ADOLF EICHMANN - JUDEUS DA EUROPA
Essa remoção em massa era uma exigência do processo de mudança dos alemães que iriam colonizar o Leste, especialmente aqueles que havia perdido suas casas nos bombardeios aéreos aliados. O processo incluiria o transporte para guetos de transição na Polônia e, depois, para a URSS.
Nem todos os judeus, porém, seriam deportados rumo a morte pois, segundo Heydrich, “Judeus com mais de 65 anos de idade, e judeus veteranos da Primeira Guerra Mundial que tivessem sido feridos com gravidade ou que tivessem recebido a Cruz de Ferro, podiam ser enviados para o campo de concentração de Theresienstadt em vez de serem mortos.
Os Mischlings de primeiro grau (mestiços com avós judeus) seriam mortos, porém, se fossem casados e tivessem filhos com não-judeus, seriam poupados. Mesmo caso dos que possuíssem isenção concedida por altas autoridades. Mas deveriam ser esterilizados ou deportados caso não aceitassem. 
TABELA DE CLASSIFICAÇÃO DOS JUDEUS
Os Mischlings de segundo grau (com apenas um dos avós judeu) seriam considerados alemães, a menos que fossem casados com judeus, mischlings de primeiro grau ou tivessem a aparência e o comportamento marcadamente “judaicos”. Casamentos inter-raciais seriam analisados individualmente.
Após a fala de Heydrich a reunião seguiu menos formal. Não foi registrada nenhuma oposição dos presentes, antes, porém, sugestões para “aperfeiçoar” o processo. Heydrich, que esperava muita resistência, ficou satisfeito com a concordância geral. 
PARTICIPANTES DA CONFERÊNCIA DE WANNSEE
O documento final da conferência, denominado Protocolo de Wannsee, foi redigido com termos camuflados, para esconder o terror das decisões que continha. 
Foram feitas 30 cópias da ata, que foram enviadas aos participantes. A maioria delas foi destruída ao final da guerra, mas uma delas sobreviveu e serviu de prova no Julgamento de Nuremberg.
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Fontes e Imagens:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Wannsee
https://en.wikipedia.org/wiki/Generalplan_Ost
https://warfarehistorynetwork.com/daily/wwii/the-wannsee-conference-hitlers-final-solution/
https://dirkdeklein.net/2017/07/14/the-minutes-of-the-wannsee-conference-meeting/ 


O CERCO A STALINGRADO OPERAÇÃO URANO

Após a derrota na periferia de Moscou em 1941, e a consequente primeira retirada da Wehrmacht na guerra, Hitler conseguira reorganizar suas forças e já tinha um novo alvo.

Seus generais aconselhavam que juntassem tudo que tinham em um novo e definitivo ataque à capital russa, mas Hitler preferiu rumar para o Sul da URSS, de olho nos cereais da Ucrânia e no Petróleo do Cáucaso, região que ele poderia ter tomado sem luta no ano anterior.

Mas o Sul da URSS também possuía um alvo de importância simbólica que fascinava o ditador alemão: Stalingrado, a Cidade de Stalin, às margens do Rio Volga, atual Volgogrado.

Situada na entrada do Cáucaso, Stalingrado era uma cidade modelo soviética, muito bonita e cheia de fábricas importantes. 

Com outras forças engajadas na África, onde Erwin Rommel fora encarregado de tomar o Cairo e rumar para o Irã em busca do petróleo do Oriente Médio, Hitler se colocou numa posição de tudo ou nada pois, com suas forças tão divididas, ninguém receberia reforços ou suprimentos suficientes.

Em 28/06/1942 a ofensiva alemã começou e a tática da Blitzkrieg novamente se revelou devastadora, obrigando os soviéticos a recuar em todos os setores.

Entretanto, novamente, como no caminho rumo a Moscou no ano anterior, quanto mais longo o avanço alemão, maiores as dificuldades de abastecimento.

Ao chegar nas imediações do Cáucaso, as forças alemãs foram divididas, cabendo ao 6º Exército, sob comando do General von Paulus, tomar Stalingrado, enquanto as demais forças deveriam atravessar as montanhas e tomar os campos petrolíferos de Maikop.

As forças soviéticas que defenderiam a cidade eram comandadas pelo General Vassili Chuikov. O planejamento era feito pelo Marechal Andrei Yeremenko e pelo comissário político Nikita Kruschev. 

Os exércitos de apoio italianos, romenos e húngaros eram utilizados para proteger os flancos do exército alemão. Mas essas linhas se alongavam tanto que as defesas ficavam tênues, enfraquecidas por terem de guardar áreas tão extensas. E esse foi um erro fatal.

Inicialmente, porém, o ataque alemão foi muito bem sucedido. A Luftwaffe (força aérea nazista), sob comando do Marechal do Ar Wolfram von Richthofen (primo do lendário Barão Vermelho), quase eliminou as linhas de defesa e suprimentos dos soviéticos dos dois lados do Rio Volga com seus ataques aéreos e transformou Stalingrado em uma montanha de ruínas fumegantes. 

A despeito disso, porém, a população civil, que Stalin não deixou ser evacuada, bem como os soldados, resistiam bravamente em cada rua, cada casa, cada quarto, sala e porão, causando pesadas baixas aos alemães em uma luta desesperada.

Diante do colapso total iminente, Stalin chamou o General Chuikov para se encarregar da estratégia para Stalingrado, junto com Aleksandr Vasilievsky.

 

Ao final de outubro os alemães já estavam perto das margens do Rio Volga, o que significava que tinham dominado mais de 90% da cidade, levando Hitler, enganado, a anunciar a vitória.

Contudo, na Colina Mamayev, na Fábrica de Aço Outubro Vermelho e na Casa de Pavlov, pequenos grupos de soldados soviéticos resistiam contra tudo que os alemães lançavam contra eles.




Nas imagens acima, pela ordem, a Colina Mamayev, a Fábrica Outubro Vermelho e a Casa de Pavlov.

Atiradores de elite soviéticos, como Vasily Zaitsev (espantosas 242 mortes computadas só em Stalingrado), não davam descanso aos invasores e minavam o moral das tropas alemãs. 


Friedrich von Paulus, Vassili Chuikov, Wolfram von Richthofen e Vasily Zaitzev.

 

Enquanto isso, o estrategista Zukhov conseguiu reunir, quase em segredo, um grande exército do outro lado do rio, enquanto os problemas de abastecimento só faziam diminuir as forças alemãs, principalmente a Luftwaffe.

Em 19/11/1942 foi deflagrada a Operação Urano. Os soviéticos cruzaram o Rio Volga e atacaram as tropas romenas ao Norte e, no dia seguinte, o ataque começou pelo Sul.

Os romenos resistiram no início, mas não possuíam armamento anti-tanque, de modo que as forças blindadas soviéticas logo os colocaram em debandada. 

ACIMA: O Comando Alemão, embora dispusesse da 16ª e 24ª Divisões Panzer (tanques) em Stalingrado, enviou o desgastado 48º Corpo Panzer, com apenas 100 tanques, para reforçar a posição dos romenos, mas já era tarde.

Embora as tropas ao Sul tenham resistido mais tempo ao avanço soviético, em 22/11/1942 o cerco se fechou e, em 23/11 estava consolidado ao repelir os contra-ataques que buscavam desfazê-lo.

Ao saber do cerco Hitler não permitiu novas tentativas de escapar de Stalingrado, pois ele queria que a cidade fosse tomada, e Göering o convencera de que a Luftwaffe poderia abastecer as tropas pelo ar, tarefa que o Marechal do Ar Wolfram von Richthofen sabia ser impossível, pois a necessidade do 6º Exército de von Paulus era de 800 toneladas de suprimentos por dia.

Começava a longa e lenta agonia do 6º Exército Alemão dentro das ruínas de Stalingrado, pois, mais uma vez, o general inverno estava chegando!

 

Fontes e Imagens:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_Stalingrado

https://pt.wikipedia.org/wiki/Opera%C3%A7%C3%A3o_Urano

https://pt.wikipedia.org/wiki/Wolfram_von_Richthofen

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vassili_Zaitsev

https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A1brica_de_A%C3%A7o_Outubro_Vermelho

https://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Pavlov

https://pt.wikipedia.org/wiki/Mamayev_Kurgan

 



A 1ª BATALHA DE YPRE - FLANDRES
Em 19/10/1914, começava a Primeira Batalha de Ypre-Flandres na Grande Guerra.
Depois da Primeira Batalha do Marne e após o estabelecimento da frente do Rio Aisne, os exércitos inimigos tinham um vasto território para avançar e tentar cercar o adversário.
Ambos os lados realizaram tentativas de envolvimento que ficaram conhecidas como Corrida para o Mar. Os resultados dessas manobras foram fracassos que faziam a rede de trincheiras ir aumentando até que chegou a Nieuport, no litoral da Bélgica, na saída do Estreito de Dover, entrada do Mar do Norte. Neste setor ocorreu a Primeira Batalha de Ypre, que foi o último grande combate de 1914.
Ypre é uma cidade belga próxima à fronteira com a França, a Leste de onde passou a linha de trincheiras dos franceses, ingleses e belgas que barravam a passagem aos alemães.
Para este local convergiram o IV Exército de Campanha alemão, sob comando do Marechal-de-Campo Albrecht, Duque de Württemberg, e o VI Exército Alemão, sob as ordens do Príncipe Rupprecht da Baviera. Ambas as forças eram formadas, majoritariamente, por soldados ainda sem experiência de combate e, portanto, ansiosos por entrar em ação.

Trincheira da batalha preservada.
O plano do Alto Comando Alemão era romper a linha dos inimigos e ao IV Exército, que estava posicionado na ala direita da linha alemã, mais perto do litoral, cabia a função principal, enquanto o VI Exército, que estava à esquerda, deveria realizar um ataque que atraísse parte das forças adversárias, facilitando o avanço do IV Exército.
Do lado adversário, posicionado ao longo do Rio Yser, a Força Expedicionária Britânica estava posicionada ao Sul, na ala direita da linha defensiva, os franceses ocupavam o centro e os belgas estavam ao Norte, na ala esquerda, mais perto do litoral e na área onde deveria vir o grosso do ataque alemão.
O Rio Yser na atualidade
O avanço germânico começou em 20/10/1914 com o IV Exército atacando em direção a Diksmuide, Houthulst, PoelKapelle, Passchendaele e Becelaere, objetivos que custaram grandes baixas.
Os belgas sofreram terrivelmente com o ataque da artilharia alemã e teriam cedido passagem se não fossem a ordem de inundar a região tornando-a intransponível.
Em 21/10 o avanço prosseguiu em direção a Langemark e Broodseinde. Apesar dos devastadores ataques de artilharia, os alemães não tiveram êxito, pois os aliados resistiram e montaram um contra-ataque que deteve os alemães no dia seguinte.

Langemark em Outubro de 1914

Por seu lado, o VI Exército atacou as forças britânicas em direção a Ypre. Os alemães conseguiram romper a linha em 31/10 e tomar a vila de Gheluvelt, mas o contra-ataque inglês fechou a brecha e retomou o lugar.
A cidade em si foi devastada pois “...em pouco tempo, a artilharia alemã destruiu completamente a cidade de Ypres atrás das linhas Aliadas.[1]

No alto, Diksmuide em 1914 e atualmente (à direita - Monumento Ijzerdjik – Google Street View). Abaixo, à esquerda, Ypres em 1914 e atualmente (à direita - Catedral – Google Street View).

A batalha se estendeu até 22/11 quando, apesar dos reforços de infantaria recebidos, por conta, em parte, da escassez de munição de artilharia, os alemães desistiram da ofensiva e estabeleceram uma linha de trincheiras.
1914 se aproximava do fim, mas ainda registraria um dos momentos mais lindos da História.
http://clevelode-battletours.com/the-first-world-war/belgium-in-the-first-world-war/#lightbox[auto_group1]/7/




[1]    SONDHAUS, Lawrence. A Primeira Guerra Mundial – História CompletaTrad. Roberto Cataldo. Editora Contexto, 2011. pg. 106.





BATALHA DE ACTIUM
A Batalha Naval de Actium, na qual as forças de Otavio César, sob comando de Marcus Vipsanius Agripa, enfrentaram a frota de Marco Antônio e Cleópatra, aconteceu em 02/09/31 a.C.
Ocorrida no contexto da guerra civil romana que encerrou a aliança política conhecida como Segundo Triunvirato, ela foi o combate decisivo, que selou a sorte dos contendores e mudou a História do mundo antigo ocidental.
À época, o Segundo Triunvirato não existia mais na prática, pois Lépido, que estava na África, fora paulatinamente afastado das decisões importantes e apenas os demais membros, Otávio e Antônio, dividiam o poder de fato, com este governando as províncias do Oriente e aquele governando Roma.
Marco Antônio - Lépido - Otávio César - Cleopatra
Os inimigos de ambos estavam mortos ou exilados e a aliança fora selada com o casamento de Antônio com a irmã de seu parceiro, Otávia. Quando Marco Antonio se aliou a Cleópatra porém, a situação começou a mudar. Ele abandonou a esposa, irmã de Otávio, e passou a viver com a Rainha do Egito em Alexandria.
A crise política romana chegou ao ponto sem retorno quando Marco Antônio fez as chamadas Doações de Alexandria, na qual o general cedia territórios de Roma a seus filhos com Cleópatra:
O filho de Cleópatra e Antônio, Alexandre Hélio, foi proclamado rei da Armênia e da Pártia (por conquistar).
O outro filho do casal, Ptolomeu Filadelfo, recebeu a Síria e a Cilícia.
A filha, Cleópatra Selene, obteve a Cirenaica e a Líbia.1
Acima a divisão proposta por Antônio.
A loucura de Marco Antônio denunciada no Senado.
Quando a notícia deste ato chegou a Roma, Otávio denunciou Antônio no Senado e conseguiu a aprovação dos Senadores para uma declaração de guerra contra o Egito. A batalha estava prestes a começar!
Marco Antônio se dirigiu à Grécia. Lá ele reuniu, com apoio de Cleópatra, entre 300 e 400 barcos, sendo naus de guerra e de transporte. Seu plano era invadir a Itália, levando suas tropas em direção a Roma.
Otávio, por seu lado, construiu uma frota nova, contando com 250 navios. Ele não queria travar combate em solo italiano e agiu de forma a manter as tropas de Antônio em território grego, bloqueando a seus navios o acesso à península italiana.
Acima e abaixo, vistas aéreas atuais do local da batalha.
Quando Antônio estabeleceu sua base no promontório de Actium, no atual Golfo de Arta, Grécia, Otávio desembarcou suas tropas, sob o comando de Marcus Vipsanius Agripa, ao Norte, avançando depois rumo ao Sul, para atacar os adversários por terra.
Mas o movimento que deu início às hostilidades foi naval: o afundamento da frota de transporte de Antônio, quando transportavam suprimentos para Actium. Quando a frota de Otávio chegou, bloqueou as rotas marítimas de seu adversário.
Acima e abaixo, vistas atuais do local da batalha.
Percebendo as dificuldades que teriam pela frente, muitos soldados de Antônio desertaram, obrigando-o a incendiar vários de seus navios que ficaram sem tripulação.
A situação deixou Marco Antônio com apenas duas alternativas: lutar em terra, opção preferida pelas tropas devido a maior experiência, ou atacar a frota de Otávio, na esperança de romper o bloqueio.
Esta última, que era a opção preferida por Cleópatra, foi a escolhida. Ela e Antônio acreditavam que seus navios, mais pesados e armados com disparadores de projéteis (balistras), levariam vantagem sobre as embarcações mais leves de Otávio.
Mas a leveza também garantia melhor margem de manobra e logo a frota de Otávio estava em vantagem. Na primeira oportunidade, Cleópatra fugiu com seus navios, sendo rapidamente seguida por Marco Antônio.
Diante da fuga de seu comandante, as tropas navais e terrestres de Antônio sucumbiram ou renderam-se naquele dia ou logo nos dias seguintes.
Algum tempo depois, Otávio desembarcou em Alexandria, capital do Egito, para terminar de vez o assunto com Antônio. Mas este cometeu suicídio.
Quando teve uma proposta de aliança recusada, seu filho Cesarion morto e na iminência de ser exibida em um desfile romano, Cleópatra também se suicidou.
Com o fim de seus inimigos, Otávio César anexou o Egito ao império e retornou a Roma como líder incontestável. Contudo, se na prática detinha o poder absoluto, também soube manter as aparências, preservando as instituições republicanas mas reservando-lhes um papel cada vez mais meramente decorativo.
Quando anunciou que renunciaria aos cargos que detinha, o Senado implorou que os mantivesse e outorgou-lhe o título de Augusto. Roma, que era um império, tinha agora um Imperador.
Começava um dos governos mais exitosos de toda a História!
AVE CÉSAR! AVE AUGUSTUS!


1https://pt.wikipedia.org/wiki/Doa%C3%A7%C3%B5es_de_Alexandria

http://corvobranco.tripod.com/ArtigosHT/ht_batalhaActium.htm


https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_de_%C3%81ccio


Imagens:

Area of the Battle of Actium, Preveza. Harry Gouvas http://prevezamuseum.spaces.live.com

http://www.mlahanas.de/Greece/Cities/PrevezaActium01.html



Actium Battlefield – Aerial View

http://www.colorado.edu/classics/clas1061/Text/RFHO14.htm



The Donations of Alexandria Map

http://questgarden.com/72/85/5/081109184839/process.htm



Battle of Actium

http://ximene.net/home/research-topics/history/roman-empire/the-super-power/the-principate/



Anthony and Cleopatra. Painting by Agnes Pringle - photo credit: Laing Art Gallery

http://www.bbc.co.uk/arts/yourpaintings/paintings/the-flight-of-antony-and-cleopatra-from-the-battle-of-acti37069





A MORTE DE FRANZ FERDINAND
Em um dia 28/06, no ano de 1914, ocorria o assassinato, por atentado à tiros, do Arquiduque Franz Ferdinand, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro na cidade de Sarajevo, na Bósnia Herzegovina.
Franz Ferdinand nasceu na cidade austríaca de Graz em 18/12/1863. Ele era filho de Karl Ludwig e Maria Annunziata e se tornou herdeiro do trono após dois incidentes: o suicídio de Rudolf Franz, herdeiro do trono, e a renúncia de Karl em favor do filho mais velho. O imperador à época era  Franz Joseph I.
Militar desde os 14 anos, apesar de jamais ter recebido treinamento adequado, Franz atingiu o posto de Major General aos 31 anos e tinha grande influência no meio militar do império. Um ano antes de sua morte foi nomeado Inspetor Geral das Forças Armadas.
Em 1894 conheceu e se apaixonou pela Condessa Sophie Maria, com quem não podia se casar porque a moça não era da realeza. Eles mantiveram um romance em segredo até que gerasse um grande escândalo ao ser descoberto.
Mas, apesar da não autorização do casamento por parte do Imperador, Franz se manteve firme até que o “papa Leão XIII, o czar Nicolau II da Rússia, e o kaiser Guilherme II da Alemanha” enviaram pedidos ao Imperador e este liberou o casamento sob as condições de que a esposa não teria direito aos privilégios e títulos reais e nem seus filhos seriam herdeiros do trono. 
O Casamento de Franz Ferdinand e Sophie Maria
Celebrado em 01/07/1900, o casamento não contou com a participação de nenhum membro importante da família imperial e dali em diante Sophie, apesar de receber os títulos de Princesa de Hohenberg e Duquesa de Hohenberg, sempre ficava à parte nas cerimônias oficiais, com exceção das solenidades militares e exatamente por isso, Sophie acompanhou o esposo a Sarajevo naquele dia fatídico.
Contrário às aspirações Húngaras por mais autonomia e mais liberal em relação aos demais povos componentes do Império, Franz Ferdinand discordava em muitos aspectos com o Imperador Franz Joseph I, que não viu com maus olhos sua morte em Sarajevo.
Quando chegou à capital Bósnia, após assistir a exercícios militares que foram vistos como provocação na vizinha Sérvia, Franz e Sophie foram recebidos com deferência por autoridades locais que disponibilizaram um comboio de seis veículos, um dos quais conversível, no qual embarcaram Franz, Sophie, o governador local e um oficial militar. 
A primeira parada foi em um quartel para rápida inspeção e, em seguida, o comboio seguiu em direção à Câmara Municipal. Foi neste trajeto que começaram os atentados.
Os planos para matar o Arquiduque formavam uma teia complexa que começara a ser tecida em 1913 pelo grupo Mão Negra (grupo de nacionalistas e pan-eslavistas sérvios do qual participava o “chefe da inteligência militar sérvia, coronel Dragutin Dimitrijević”), e que tinha como primeiro alvo o Governador Oskar Potiorek, que estava no carro com Franz e Sophie. 
Em março de 1914, quando o atentado contra o governador deveria acontecer, os planos foram modificados diante do agendamento da visita do Arquiduque à cidade.
Essa visita foi atrasada, assim como os planos, por conta da doença do Imperador. Quando este se recuperou, a viagem do herdeiro do trono foi reagendada.
Seis homens de Belgrado, a maioria muito jovens, foram recrutados para a missão: Mehmedbašić, Vaso Čubrilović, Cvjetko Popović, Gavrilo Princip, Trifun Grabež e Nedjelko Čabrinović.
Eles percorreram um roteiro digno de filmes de espionagem, com treinamento, entrega de armas e cápsulas de suicídio, viagem de barco, passagem por um túnel secreto mediante apresentação de senha, etc, até chegar a Sarajevo.
No dia do atentato, os seis homens foram posicionados ao longo do percurso da comitiva, de modo que haveria seis oportunidades de matar o arquiduque. 
Quando a comitiva passou pelo primeiro terrorista,  Mehmedbašić, este não conseguiu jogar a bomba com a qual estava munido, mesmo caso de Vaso Čubrilović, armado com bomba e pistola.
O próximo terrorista, Nedeljko Čabrinović, porém, conseguiu jogar sua bomba que, no entanto, quicou no carro e caiu na rua explodindo sob o veículo que vinha logo atrás, ferindo 20 pessoas.
Čabrinović engoliu sua cápsula de veneno e pulou no rio. Mas não conseguiu nem morrer, pois vomitou o veneno e o rio era muito raso, de modo que foi capturado.
Os outros três terroristas também falharam em seus ataques pois a comitiva partiu em disparada rumo à Câmara Municipal.
Triste pelo fracasso, Gravilo Princip entrou em um bar para afogar as mágoas. Ele não sabia, mas este era o lugar certo na hora quase certa. 
Na Câmara, a irritação de Franz Ferdinand foi amainada pelas doces palavras da esposa.
O restante dos compromissos do dia foi cancelado e uma visita aos feridos no hospital foi programada.

O casal embarcou no mesmo carro aberto, um percurso foi traçado, mas o motorista do carro não foi avisado.
Quando a comitiva partiu o motorista desavisado entrou por uma rua não programada e, quando manobrou para retornar ao roteiro planejado, o motor do carro “morreu” bem perto de onde Gravilo Princip estava.
Desta vez ele não perdeu a oportunidade.
De uma distância aproximada de cinco metros, disparou apenas dois tiros.
Um dele acertou o Arquiduque na veia jugular e o outro no abdôme de Sophie.

Gravilo foi preso imediatamente e o casal foi levado à casa do governador, mas nada podia ser feito.
Franz Ferdinand e Gravilo Princip
Sem saber, ou sem se importar, da gravidade de seus ferimentos, Franz Ferdinand dizia que não tinha nada e tentava socorrer a esposa: "Sofia, Sofia! Não morra! Viva para nossos filhos!".

Mas Sophie morreu e Franz morreu dez minutos depois.


Começava ali um efeito dominó que logo colocaria a maior parte das principais nações do mundo, e suas colônias, em uma guerra mundial sem precedentes.






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Fontes e Imagens:
https://seuhistory.com/hoje-na-historia/arquiduque-e-assassinado-em-estopim-da-primeira-guerra
https://tokdehistoria.com.br/tag/arquiduque-franz-ferdinand-da-austria/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Lu%C3%ADs_da_%C3%81ustria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Anunciata_das_Duas_Sic%C3%ADlias
https://de.wikipedia.org/wiki/Rudolf_von_%C3%96sterreich-Ungarn
https://pt.wikipedia.org/wiki/Sofia,_Duquesa_de_Hohenberg
https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Fernando_da_%C3%81ustria-Hungria
https://pt.wikipedia.org/wiki/Atentado_de_Sarajevo



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